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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cronus mais cruel que Netuno - "Deep Water" - "Mar Bravo" - filme


Salve amigos!
Como vocês já devem ter percebido minhas cinco obsessões no momento são:
1 - A construção "ALEGRIA 2" (2010)
2 - O documentário "DEEP WATER" ( 2006) de Louise Osmond e Jerry Rothwell
3 - O filme "OCÉANS" (2010)  de Jacques Perrin
4 - LAURA DEKKER, que está vivendo seu 11º dia de aventura. E que aventura! A maior e mais excitante que um "macróbio humano pode realizar na face esférica da Terra.
5 - O documento À DERIVA do GreenPeace
Falemos um pouco mais, se me permitem, da minha segunda obsessão, o documentário "DEEP WATER", cuja primeira parte estou revendo neste exato momento.
As palavras de abertura do filme são "Nós somos todos seres humanos e seres humanos sonham.", ditas pelo narrador com o "Joshua", se não me engano, ( creio que me engano), navegando em pleno oceano, visto do zênite. Isso logo após duas apavorantes visões da "MAR" cruel dos 40 bramadores... Lindas e apavorantes... Penso em Shakespeare que escreveu "Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono." Corta!


Encontrei um maluquinho no youtube que se "filmou" assistindo "Deep Water". Boa idéia, acho que vou fazer o mesmo comigo. Isso me encanta, sabem, as expressões das pessoas vendo um filme, às vezes mais que o filme em si. Não será o caso  deste, aposto. O tal maluquinho do youtube assiste quase que indiferente a primeira parte do filme, sinal de que ele não é filho de nenhum dos protagonistas desta incrível aventura. Gostaria mesmo é de olhar o filho do Donald Crowhurst assistindo esse impressionante filme ao lado dos filhos do Knox-Johnston e do Bernard Moitessier... O grande perdedor, o vencedor oficial e o verdadeiro vencedor. Corta!





Selecionei o seguinte comentário de cancerparty (youtube):
"My only hero. I'll love him forever, because Donald's failings tell us all a little about how we all fail in this universe, how we try to make something important, that will last. And, ultimately, our lives are meaningless. Just listen to the opening lines. It's about trying to defeat the incomparable strength of this life, and coming up short. It's about the beauty of trying and failing. It's the only story I understood in this life. So he tried to walk on water. Let us all try sometime. Love x". Este comentário me lembra um extrato do poema "Tabacaria" de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, que Donald Crowhurst talvez tenha recitado pouco antes de se suicidar.


"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara."
Corta!
Meu comentário é o seguinte - Desde que tive notícia desta primeira regata de volta ao mundo em solitário, sem escalas e sem assistência, que espero por este documentário... Pretendo saboreá-lo até o fim diante de vocês... Na verdade eu gostaria de contratar 13 bons diretores de cinema diferentes ( nenhum hollywoodiano) pra me contar essa mesma estória de 13 maneiras diferentes... Esse tema me fascina. Corta!



Estou aos 3 mins 16 seg do filme... Vejo uma imagem perturbadora! Loucura isto! O trimarã do Donald Crowhurst visto por ele mesmo, poucos segundos após ter saltado na MAR, com o cronômetro e outros objetos pesados amarrados ao pescoço... Afundando... Afundando, tragado pelo abismo. O que teria pensado Donald Crowhurst durante seus últimos dois minutos de vida, olhando "do fundo do MAR" o casco do seu trimaran boiando na superfície? Isso jamais saberemos e isto é o que mais me intriga neste primeira parte do filme. São 4 h da manhã. Vou tomar um chocolate quente, já volto. Corta!

Tomei o chocolate e vi a primeira parte do filme até o fim. É... como eu imaginava... A imagem mais forte dessa primeira parte é a que já comentei... Acho que ela poderia ser mais emocionante ainda se tivesse sido filmada por uma câmara descendente e não estática... Mais um detalhe... Que tristeza olhar pra Clare Crowhurst atual e compará-la com a Clare Crowhurst de 1968... Cronus sabe ser mais cruel que Netuno.


Bons ventos e até breve

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