" Não havia mais dúvida, o monstro de fato existia e ele havia jurado livrar os mares de sua presença nefasta..."
tradução livre de Fernando Costa
“... Le monstre existait, il en délivrerait les mers, il l’avait juré.”
link-do-texto
"20.000 LIEUES SOUS LA MER" de Jules Verne
– Quando ouço falar em monstro penso logo na terrível Moby Dick!
ResponderExcluir– Que força incrível tinha essa baleia que lhe arrancou a perna hein Ahab!
ResponderExcluir- Força é pouco, diga poder, diga potência, diga suma violência! Arrancou-me a perna e pôs meu navio no fundo, o miserável.
ResponderExcluir- Porque diz o miserável se se tratava de uma baleia?
ResponderExcluir- Porque na verdade era um cachalote e não uma baleia Nemo!
ResponderExcluir– Gostaria muito de saber quem levaria a melhor num combate, entre ele e o meu “Nautilus”.
ResponderExcluir– Fala nisso não.
ResponderExcluir– Porque não Ahab?
ResponderExcluir– Vai que um diretor de Hollywood ouve o que você disse e resolve fazer um filme pra contar esse improvável combate...
ResponderExcluir– Quero nem pensar nisso, filme pra Hollywood virou um fiapo de estória + uma tonelada de efeitos especiais, tô fora! De qualquer maneira, monstro por monstro, aposto no meu.
ResponderExcluir- A humanidade chama monstro a tudo aquilo que foge ao seu controle e entendimento.
ResponderExcluir– Mas diga-me Nemo, o Kraken que deu uma gravata no Nautilus, seria mais ou menos monstruoso que Moby Dick?
ResponderExcluir– Maldito animal!
ResponderExcluir- Pra mim os des-humanos são piores que Moby Dick!
ResponderExcluir- Quem foi que disse isso?
ResponderExcluir- E eu sei lá!
ResponderExcluir– Voltando ao nosso assunto, o que seria um Kraken?
ResponderExcluir– Ainda não leu “20.000 léguas submarinas” Miranda?
ResponderExcluir– Não, mas seu livro é um dos primeiros da minha lista?
ResponderExcluir– Meu, não, quem sou eu? O livro é de mestre Julio Verne. Eu não passo de um mísero personagem.
ResponderExcluir- Mísero nada, você é o protagonista.
ResponderExcluir– Protagonista ou não, na verdade sou um lacaio que faz tudo que dá na telha do autor.
ResponderExcluir- Revoltado contra seu criador, criatura?
ResponderExcluir– Sim de certa forma assim, mas deixa eu responder à pergunta da Miranda.
ResponderExcluir– Precisa mais não.
ResponderExcluir– Não?
ResponderExcluir– Vou ler o livro!
ResponderExcluir– Melhor! Muito melhor! Mas sabe? O livro é tão bom que mesmo que lhe contasse o que me pediu, não mudaria em nada as fortes emoções que você sentirá durante a leitura.
ResponderExcluir– Ah é? Sendo assim, diga-me, o que é um Kraken?
ResponderExcluir– Um animal fabuloso Miranda, mistura de lula-gigante com polvo-gigante.
ResponderExcluir– Obrigada querido Nemo, foi o que imaginei.
ResponderExcluir– Não tem de que Miranda. Mestre Julio Verne o inventou pra acabar com minha raça, destruindo o “Nautilus”.
ResponderExcluir– Já perceberam que todo autor adora destruir suas mais amadas criaturas ao final da estória?
ResponderExcluir– Isso é verdade, viram o que papai Victor-Hugo fez comigo?
ResponderExcluir– Imperdoável, só de pensar começo a chorar... Victor Hugo foi cruel demais com você. Sinto tanta pena Gilliatt...
ResponderExcluir– Don’t cry for me Argentina!
ResponderExcluirThe truth is I never left you
– Melville fez pior comigo galera.
ResponderExcluir- Nunca pude entender esse prazer perverso que os autores têm, em liquidar seus personagens ao final da estória.
ResponderExcluir– Eles são é perversos. Querem saber? Os verdadeiros monstros são eles, os nossos autores.
ResponderExcluir– Nemo tem toda razão pessoal. Pior é que contra eles, os autores, nossos pequeninos arpões-bico-de-pena são inúteis!
ResponderExcluir– Cuidado!
ResponderExcluir– Quem foi que disse isso?
ResponderExcluir– Eu, que estou lendo tudo que vocês falam, daqui de cima.
ResponderExcluir– Sujou galera! E agora?
ResponderExcluir– Falemos baixinho pros nossos autores não nos ouvirem...
ResponderExcluir– Teve alguém aí que falou em Melville, não me lembro quem. Mas por acaso vocês estão sabendo da novidade?
ResponderExcluir- Não, não Moitos, nada, conta logo a novidade sobre o grande Herman Melville.
ResponderExcluir– A seguinte brothers, os des-humanos acabaram de descobrir num certo deserto do Peru...
ResponderExcluir– Conta logo Moitos, que enfurnado 24 horas por dia dentro de um submarino, fico sabendo de nada.
ResponderExcluir– Coitado do Nemo, pelo jeito não tem internet a bordo.
ResponderExcluir- Ter tenho, mas você já experimentou se conectar a 3.000 metros de profundidade. Rola não. E a novidade?
ResponderExcluir– Tudo bem, lá vai, estão sentados?
ResponderExcluir– Deixa de suspense e fala logo Moitos!
ResponderExcluir– Os desumanos acabaram de descobrir um fóssil de baleia, dez vezes maior que uma baleia atual.
ResponderExcluir– Coitado do Jonas, dessa ele não escaparia vivo.
ResponderExcluir– Já estou chegando ao final do capítulo 3. Ah, adorei esse extrato aqui, ouçam: “Or, suivant moi, et toutes les raisons...
ResponderExcluir- Pode parar, tá em francês!!!
ResponderExcluir- Livro a gente tem de ler no original. E depois francês é mais fácil que português.
ResponderExcluir- Mentira, francês é tão difícil quanto português!
ResponderExcluir- Tudo bem ,admito. Lá vai em francês mesmo! “Or, suivant moi, et toutes les raisons précédemment déduites, cet animal appartenait à l’embranchement des vertébrés, à la classe des mammifères, au groupe des pisciformes, et finalement à l’ordre des cétacés. Quant à la famille dans laquelle il prenait rang, baleine, cachalot ou dauphin, quant au genre dont il faisait partie, quant à l’espèce dans laquelle il convenait de le ranger, c’était une question à élucider ultérieurement. Pour la résoudre, il fallait disséquer ce monstre inconnu, pour le disséquer le prendre, pour le prendre le harponner, — ce qui était l’affaire de Ned Land, — pour le harponner le voir, ce qui était l’affaire de l’équipage — et pour le voir le rencontrer, — ce qui était l’affaire du hasard.”
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