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domingo, 14 de novembro de 2010

Judas malhado em praça pública - Arquitetura Naval

foto - Fernando Costa

"Alegria 1" em exposição diante da loja "Caça e Pesca", no centro de Cabo Frio
último dia - terça-feira - 16/11/2010

- Salve colegas construtores navais!
- Aqui quem lhes fala é o mais bisonho dos construtores navais do Brasil.
- Tudo bem?
- Estou construíndo o barquinho menor, mais simples, mais leve
e mais barato do mundo.
- Nome dele?
- "Alegria".
- E vocês, qual o nome do barco que estão construindo no momento?
- Construtor naval, que é construtor naval tem de estar
 sempre construindo um barco.
- Assim como velejador, que pra ser velejador de fato, precisa
estar sempre velejando.
- Velejador de fds, é meio velejador. Meio é muito. Talvez seja 1/3 de velejador.
- Velejador que como eu está há um ano sem velejar já não é nemmais velejador.
- Pra voltar a ser, tem de aprender tudo de novo.
- Içar velas. Cambar. Cambar em Roda, Aquartelar. É o que vou fazer a partir da semana que vem, logo após terminar a construção do "Alegria 2".
- A propósito, fiz uma descoberta importante e surpreendente: inventar construir um barquinho com as próprias mãos, constitui prazer vizinho ao de velejar.
Tem razão mestre Amyr Klink que dividiu sua vida entre navegar e construir barcos.
Segunda descoberta:construir um barquinho pequeno e simples é mais complicado do que pode parecer.
- O tempo de construção não é muito menor que o de um barco grande e o grau de dificuldade em vez de diminuir, para alguns "processos" aumenta.
- Em verdade eu vos digo: - Há possibilidades 1000 de você errar construindo uma casquinha de noz simples como o "Alegria". Minto. Casquinha de noz é a "Estrela d'Alva". O "Alegria" é um "mísero" (mísero no sentido de pequenino) filhote de casquinha de noz, em comparação com um veleiro de 30 pés. E no entanto, nós já cometemos uma meia dúzia de erros construindo-o.
Felizmente nenhum grave.
- Nós quem?
- Eu e meu colaborador Evandro Lopes, vulgo "Aguavel".
- O que?
- Ah, sim. Querem que eu cite os erros mais importantes que já cometemos
 até o presente?

foto - Fernando Costa
- Vou citar apenas o último, pra não "sujar nossa barra" com nossos futuros clientes.
- Aparafusamos a quilha da embarcação, sem antes passar araldite.
- Resultado?
 - Hoje de manhã tivemos de desaparafusar os seis parafusos, passar araldite na quilha e depois re-aparafusá-los again. Total de 20 minutos de re-trabalho.
- Odeio re-trabalho, amigos. Trabalho vá lá, de vez em quando.
Re-trabalho nunca, jamais, em tempo algum.
- Mas voltemos ao nosso assunto, errar, que como já dissemos, em termos de aprendizado é ótimo. Tudo que você aprende sem errar acaba esquecendo. Precisamos fazer como os japoneses que em vez de lamentar o erro, saúdam-no aplaudem-no, comemoram-no.
- Só tem um detalhe. Os sábios japoneses festejam o erro e seu autor só uma vez. Da segunda vez que alguém comete o mesmo erro no Japão, é malhando
que nem um Judas em praça pública.
- Curiosos pra saber de outros erros que cometemos até agora,
 construindo o "Alegria 2"?
- Ok! Ok! Mais um e ponto final. Marcamos e cortamos o perímetro das 12 cantoneiras do "Alegria" sem checar o antigo modelo em papel craft.
- Resultado?
- As cantoneiras não coincidem exatamente com o desenho das cavernas.
- Erro menor, erro tolerável. Mas erro no final das contas. Erro que poderia ter sido evitado com um padrão operacional. Mas ainda não temos o padrão operacional da construção do "Alegria". That's our problem! Temos uma longa check-list recheada de observações. Ou seja temos apenas um feto de padrão operacional.
- A grande notícia é que conseguimos driblar todos os grandes erros cometidos durante a construção do "Alegria 1".
- No "Alegria 1" a quilha deslizou 3 milímetros da posição. No "Alegria 2" a quilha tá cravada no meio.
- No "Alegria 1" o corte em diagonal das cavernas de vante ficou assimétrico, no "Alegria 2" está simétrico.
- No "Alegria 1" eu esqueci de deixar espaço pras duas tábuas do costado encaixarem na posição, o que me obrigou a descolar, depois desaparafusar todas as cavernas, re-cortá-las, re-apafusá-las, re-colá-las. Que tristeza... No "Alegria 2" essa pequena-grande tragédia foi evitada. Que alegria! E pra finalizar, uma grande novidade: Desenhamos no fundo do barco as linhas guias para a pintura original, que eu havia criado para o "Alegria 1" e depois abandonado, por falta de tempo para realizá-la, adotando uma pintura mais simples. Concluindo o "Alegria 2" deve dar de 10 a 2 no "Alegria 1" . Vai ganhar, se as expectativas se confirmarem, de goleada! 

foto - Fernando Costa

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