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terça-feira, 17 de agosto de 2010

só de sunga e camiseta - diário da Estrela


15/3/2008 – Iguaba Grande – 5° dia da sexta expedição de sete dias do corrente ano.

Adorei participar da XXVII regata Transararuama pelas seguintes razões:

- Ver um grande número de barcos à vela velejando. Se avistar um só barco à vela velejando me deixa feliz, imaginem ver dez, vinte, trinta, cinqüenta de uma só feita.

- Assistir um ousado grupo de brasileiros enfrentando o mau tempo ( chuva, frio, nevoeiro e ondas relativamente grandes ) a bordo de seus pequeninos monotipos ou catamarãs, coisa rara entre nós.

( Nós brasileiros gostamos de velejar com céu azul, sol brilhando, só de sunga e camiseta e após termos bebido umas boas cervejas, não é verdade? Os gringos, ao contrário, velejam sóbrios e com qualquer tempo. Lembro-me que durante o período que passei na base de Marseillan dos Glénans, vi praticamente todos os barcos da escola, alguns cheios de velejadores iniciantes a bordo, saírem pra velejar debaixo de uma frente fria, em pleno mês de outubro, com a tramontana assobiando nos estais a 25 nós. Encantado com aquela prova de competência e coragem dos franceses apertei a mão do chefe da base. Monsieur Hervé Colas, filho do grande, do audaz, do legendário Alain Colas. )

- Ouvir os elogios que vários velejadores fizeram à minha querida “Estrela d’Alva”.

Mas não consegui terminar a regata. A noite caiu. O vento resfrescou e eu fui obrigado a arribar no través da ponta das Bananeiras. Passei uma noite desconfortável em Iguaba Pequena, com a "Estrela d'Alva" dançando o samba do crioulo doido, debaixo de muita chuva e sendo arrastada metro a metro para a margem da lagoa, apesar das duas âncoras, e um bom pedaço de corrente no fundo. Mas como eu sou aquele que nunca desiste, acordei cedo no domingo. Icei as velas e continuei navegando rumo a Araruama. Ultrapassei Lake View, dobrei a ponta do Frei João, depois a do Anzol, indo além do través do centro de Araruama. Mas ao tentar dobrar a ponta do Hospício e dar entrada na pequena enseada, que fica diante da prainha dos Ingleses, local da chegada da Transaruama e de uma das filiais do Camping Club do Brasil, encalhei umas cinco vezes consecutivas em diferentes pontos do canal. Podia ter levantado a bolina e substituído o leme da Estrela d’Alva por um remo ( apoiado numa forqueta especial, que instalei na popa com essa finalidade ), mas aí o vento refrescou de novo, o que torna essa manobra arriscada e eu decidi voltar para Cabo Frio. A volta foi emocionante! 25 milhas percorridas em quatro horas, ao sabor de um forte vento empopado de SW. Ano que vem, se eu ainda estiver vivo, tentarei de novo. Gostei muito dessa regata e queria deixar aqui meus parabéns aos seus organizadores, patrocinadores, comissão de regata e a todos os velejadores participantes, em especial aos amigos César Pé de Vento, Pedro Santa Rosa, Evandro Lopes, Jefferson e Pedrinho dos Caiaques. Meu muito obrigado ao simpático György Szendrödi, pelo convite.



A lamentar só o trágico fato da imensa e linda lagoa de Araruama estar poluída. Mas ainda tenho esperanças, que os habitantes, da antes paradisíaca Região dos Lagos, consigam com muito trabalho e perseverança reverter esse absurdo processo de destruição de um patrimonio natural tão precioso. A lagoa de Araruama, amigos, poderia ser o parque aquático natural, maior e mais lindo do Brasil e está se transformando em charco.



Fernando Costa

Newsletter n° 6 de 20 de março de 2008 - projeto "Estrela d'Alva"

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