Cores quentes - 2015 - foto de Fernando Costa
- Querem saber o que mais me preocupa com reação ao futuro da vida sobre o planeta Terra amigos leitores?...
- É que ao final da COP21, tudo parece resumir-se a uma questão financeira simples.
- Quem irá pagar por uma
despesa colossal, mal calculada e antiga?
- Esta situação lembra-me, sabem o quê?
- Bêbados discutindo altas horas da madrugada, quem bebeu mais ao final de uma noitada de overdose no bar da esquina?
- Eu, Américo* só bebi sete doses, foi você quem bebeu dez doses Europo*!
- Tá faltando só $ 100 bilhões de dólares pra fechar a conta, insiste o garção com o sobrecenho carregado e as mãos nas cadeiras.
- É você quem deve pagar, você bebeu mais que eu!
- Não, foi você seu bêbado desonesto!
- E por aí vai.
- Longa jornada noite à dentro.
- Alguém ainda duvida que o resultado desta altercação será uma guerra generalizada e um planeta cada vez mais feio, sujo e malvado?
Fernando Costa
Quem irá pagar a conta do Acordo de Paris?
quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015
Mudanças Climáticas
Um dia antes do fim das negociações em Paris, ainda a questão financeira é um dos pontos mais espinhosos das negociações. A conta do Acordo de Paris ainda não fecha
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And parties in a position to do so (que em português significam "e os países com capacidade de fazê-lo”). Essas oito palavras inseridas pelos países em desenvolvimento no rascunho do texto que está sendo negociado na Conferência do Clima de Paris (COP 21) são o centro das tensões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Todo país com capacidade deve contribuir”, afirmava o comissário europeu de Clima e Energia, Miguel Arias Cañete. A União Europeia defende que já não faz sentido uma divisão binária do mundo, e dá como exemplo China, Índia e o Brasil, que estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. “A União Europeia quer que a diferenciação – entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento – se dilua”, afirmava uma negociadora de um país em desenvolvimento (saiba mais).
“Não estamos reduzindo o compromisso dos países ricos, mas expandindo o financiamento, chamando os países com capacidade de contribuir”, afirmou Todd Stern, negociador americano (leia aqui).
Em reação, o grupo BASIC - Brasil, África do Sul, Índia e China - fazia, na terça (8/12), uma declaração conjunta lembrando que, na Convenção do Clima, desde a Rio-92, o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” ainda continua vigente. Na visão desses países, isso significa que cabe aos países desenvolvidos, pelas suas responsabilidades históricas e emissões per capita mais elevadas, repassar os recursos financeiros e tecnológicos aos países em desenvolvimento para combater as mudanças climáticas (leia mais).
A questão central é quem vai pagar os US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020, prometidos pelos países desenvolvidos aos países mais pobres para enfrentar a mudança climática. Esse é o motivo das divergências no seio do G77 (grupo de países em desenvolvimento), o BASIC e os países desenvolvidos.
Segundo o relatório lançado em outubro pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Climate Policy Iniciative, em 2014, US$ 62 bilhões teriam sido investidos pelos países desenvolvidos nos países em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas.
“O estudo da OCDE que tanto é citado pela UE e os Estados Unidos tem sérios problemas e é profundamente defeituoso”, afirmou o ministro indiano de Finanças, Arun Jaitley. O governo indiano analisou as metodologias do relatório e concluiu que somente US$ 2,2 bilhões foram transferidos efetivamente pelos fundos climáticos no ano passado.
“Sabemos que existem diversas tentativas de forjar os números, fazendo análises que mostram que [os países desenvolvidos] já se aproximam de entregar os US$ 100 bilhões. Precisamos de transparência em torno dessa questão”, declarou Tasneem Essop, do WWF.
O tema já foi analisado pelo Comitê de Finanças da ONU no seu relatório de 2014, que identificou que os repasses de países desenvolvidos aos países em desenvolvimento estariam entre US$ 40 bilhões e US$ 175 bilhões, um leque muito amplo que mostra o enorme desafio de estabelecer metodologias e aprimorar as informações.
No fundo, as emissões de carbono e suas consequências estão vinculadas às desigualdades no planeta. “Cerca de 10% dos mais ricos no planeta produzem a metade das emissões enquanto 3,5 bilhões de pessoas entre os mais pobres produzem somente 10% das emissões globais”, explica o relatório lançado pela Oxfam, “Extreme Carbon Inquality”.
Por isso, o economista francês Thomas Piketty propôs que a taxação do carbono deveria ser progressiva, levando em consideração essas desigualdades.
Segundo a Agência Francesa de Desenvolvimento, os US$ 100 bilhões representam apenas 0,16% do PIB das 20 maiores economias do mundo.
Tempestade de anúncios para a luta climática
Os $ 100 bilhões tem muita importância política para os países mais pobres no processo de negociações da Conferência de Paris.
Porém, outros números dimensionam o tamanho da mudança que precisa acontecer na economia para que o mundo não ultrapasse o aumento de temperatura média do planeta considerado seguro, entre 1,5ºC e 2ºC.
Será preciso realocar trilhões de dólares dos investimentos e ativos considerados “sujos” para os “limpos” do ponto de vista climático.
Para isso, é preciso dobrar os investimentos anuais em energia renovável, multiplicar por cinco os investimentos em eficiência energética, triplicar os fluxos de investimentos dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento relacionados ao enfrentamento das mudanças do clima e desinvestir anualmente cerca de US$ 500 bilhões nas fontes de energia fóssil.
“Precisamos organizar a transição de maneira coerente e sem bagunça”, lembrava em conferência, na Assembleia Nacional francesa, o brasileiro Luiz Pereira da Silva, diretor do poderoso Banco de... LINK
- É que ao final da COP21, tudo parece resumir-se a uma questão financeira simples.
- Quem irá pagar por uma
despesa colossal, mal calculada e antiga?
- Esta situação lembra-me, sabem o quê?
- Bêbados discutindo altas horas da madrugada, quem bebeu mais ao final de uma noitada de overdose no bar da esquina?
- Eu, Américo* só bebi sete doses, foi você quem bebeu dez doses Europo*!
- Tá faltando só $ 100 bilhões de dólares pra fechar a conta, insiste o garção com o sobrecenho carregado e as mãos nas cadeiras.
- É você quem deve pagar, você bebeu mais que eu!
- Não, foi você seu bêbado desonesto!
- E por aí vai.
- Longa jornada noite à dentro.
- Alguém ainda duvida que o resultado desta altercação será uma guerra generalizada e um planeta cada vez mais feio, sujo e malvado?
Fernando Costa
Quem irá pagar a conta do Acordo de Paris?
quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015
Mudanças Climáticas
Um dia antes do fim das negociações em Paris, ainda a questão financeira é um dos pontos mais espinhosos das negociações. A conta do Acordo de Paris ainda não fecha
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And parties in a position to do so (que em português significam "e os países com capacidade de fazê-lo”). Essas oito palavras inseridas pelos países em desenvolvimento no rascunho do texto que está sendo negociado na Conferência do Clima de Paris (COP 21) são o centro das tensões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Todo país com capacidade deve contribuir”, afirmava o comissário europeu de Clima e Energia, Miguel Arias Cañete. A União Europeia defende que já não faz sentido uma divisão binária do mundo, e dá como exemplo China, Índia e o Brasil, que estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. “A União Europeia quer que a diferenciação – entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento – se dilua”, afirmava uma negociadora de um país em desenvolvimento (saiba mais).
“Não estamos reduzindo o compromisso dos países ricos, mas expandindo o financiamento, chamando os países com capacidade de contribuir”, afirmou Todd Stern, negociador americano (leia aqui).
Em reação, o grupo BASIC - Brasil, África do Sul, Índia e China - fazia, na terça (8/12), uma declaração conjunta lembrando que, na Convenção do Clima, desde a Rio-92, o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” ainda continua vigente. Na visão desses países, isso significa que cabe aos países desenvolvidos, pelas suas responsabilidades históricas e emissões per capita mais elevadas, repassar os recursos financeiros e tecnológicos aos países em desenvolvimento para combater as mudanças climáticas (leia mais).
A questão central é quem vai pagar os US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020, prometidos pelos países desenvolvidos aos países mais pobres para enfrentar a mudança climática. Esse é o motivo das divergências no seio do G77 (grupo de países em desenvolvimento), o BASIC e os países desenvolvidos.
Segundo o relatório lançado em outubro pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Climate Policy Iniciative, em 2014, US$ 62 bilhões teriam sido investidos pelos países desenvolvidos nos países em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas.
“O estudo da OCDE que tanto é citado pela UE e os Estados Unidos tem sérios problemas e é profundamente defeituoso”, afirmou o ministro indiano de Finanças, Arun Jaitley. O governo indiano analisou as metodologias do relatório e concluiu que somente US$ 2,2 bilhões foram transferidos efetivamente pelos fundos climáticos no ano passado.
“Sabemos que existem diversas tentativas de forjar os números, fazendo análises que mostram que [os países desenvolvidos] já se aproximam de entregar os US$ 100 bilhões. Precisamos de transparência em torno dessa questão”, declarou Tasneem Essop, do WWF.
O tema já foi analisado pelo Comitê de Finanças da ONU no seu relatório de 2014, que identificou que os repasses de países desenvolvidos aos países em desenvolvimento estariam entre US$ 40 bilhões e US$ 175 bilhões, um leque muito amplo que mostra o enorme desafio de estabelecer metodologias e aprimorar as informações.
No fundo, as emissões de carbono e suas consequências estão vinculadas às desigualdades no planeta. “Cerca de 10% dos mais ricos no planeta produzem a metade das emissões enquanto 3,5 bilhões de pessoas entre os mais pobres produzem somente 10% das emissões globais”, explica o relatório lançado pela Oxfam, “Extreme Carbon Inquality”.
Por isso, o economista francês Thomas Piketty propôs que a taxação do carbono deveria ser progressiva, levando em consideração essas desigualdades.
Segundo a Agência Francesa de Desenvolvimento, os US$ 100 bilhões representam apenas 0,16% do PIB das 20 maiores economias do mundo.
Tempestade de anúncios para a luta climática
Os $ 100 bilhões tem muita importância política para os países mais pobres no processo de negociações da Conferência de Paris.
Porém, outros números dimensionam o tamanho da mudança que precisa acontecer na economia para que o mundo não ultrapasse o aumento de temperatura média do planeta considerado seguro, entre 1,5ºC e 2ºC.
Será preciso realocar trilhões de dólares dos investimentos e ativos considerados “sujos” para os “limpos” do ponto de vista climático.
Para isso, é preciso dobrar os investimentos anuais em energia renovável, multiplicar por cinco os investimentos em eficiência energética, triplicar os fluxos de investimentos dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento relacionados ao enfrentamento das mudanças do clima e desinvestir anualmente cerca de US$ 500 bilhões nas fontes de energia fóssil.
“Precisamos organizar a transição de maneira coerente e sem bagunça”, lembrava em conferência, na Assembleia Nacional francesa, o brasileiro Luiz Pereira da Silva, diretor do poderoso Banco de... LINK
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