108º dia
vendée globe
Os últimos serão primeiros!
Salve amigas e amigos velejadores
4. Não mais que 4. Só faltam 4 velejadores regressarem a Sables d’Olonne para que a 6ª edição da incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe encerre sua bela função.
E os 4 últimos serão, se forem:
O inglês Steve White, vulgo “Morcego”, o homem que hipotecou a casa onde mora em companhia da esposa mais
4 filhos pra financiar seu antigo open 60. ( Ele que quase colidiu com um cargueiro invisível esta última noite. )
O norte-americano Rich Wilson, que aos 58 anos foi o mais ve... maduro dos velejadores a participar da atual Vendée Globe. ( Ele que sofre no presente momento pra furar a densa barreira de mais um anticiclone mal parado. )
O francês Raphaël Dinelli que mora em Sables d’Olonne e participa da sua 4ª Vendée Globe, só se utilizando a bordo do seu antigo “Fondation Océan Vital”, de fontes de energia limpas, entenda-se energia limpas como aquelas que não poluem o meio ambiente: hidráulica, eólia e solar. ( Ele que enfrenta, right now, ventos de proa de 25 a 35 nós ao largo de Cabo Verde. )
O Norbert Sedlacek, o primeiro cidadão oriundo da Áustria, país europeu interior e desprovido de mar, a participar de uma Vendée Globe, o que ele vem fazendo há mais de 100 dias pela segunda vez. ( Ele que está ralando e muito neste exato momento pra vencer as calmas equatoriais, preocupado com algumas fissuras recém observadas no terço superior do mastro do seu veleiro. )
Perceberam que cada qual possui uma nacionalidade diferente?
No Brasil a gente só sabe valorizar os primeiros colocados.
Minto, nós brasileiros só damos valor ao primeiro colocado.
Todos os demais nós desprezamos, não é verdade?
Nosso negócio é ouro, ouro, ouro.
E nada além do ouro nos interessa.
Povo exigente e talvez injusto o nosso.
De Pequim a gente só se lembra do César Cielo, Maurren Maggi e das meninas do vôlei.
Da suada prata do Robert Scheidt e do Bruno Prata.
Do histórico bronze da Fernanda Oliveira e Isabel Swan já nos esquecemos.
Neste particular não sou brasileiro não amigos, nem faço questão de sê-lo.
Pra mim os últimos são tão dignos de apreço quanto os primeiros.
Tem vez que simpatizo mais com os últimos do que com os primeiros.
Os gentis franceses de Sables d’Olonne consideram campeões todos os que completam o longo percurso da regata.
Regata? Que digo eu?! Aventura humana condiz melhor como título desta hercúlea MAR–ATONA.
Se os evangelhos contém a palavra de Deus, Deus disse que “os últimos serão os primeiros.”
Eu que sou uma infinitesimal parcela divina digo que na minha escala invertida de valores os últimos já são primeiros. E tenho dito! Parar com esse negócio de só incensar, só bajular, só adular o primeiro. Culpa do Ayrton Senna, que acostumou mal nosso povo. LoL!
Bons ventos amigos e amigas velejadoras
Fernando “Estrela d’Alva” Costa
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