Salve colegas velejadoras e velejadores!
É com prazer que lhes apresento este post, importado do blog do primeiro velejador brasileiro a dar uma volta ao mundo em solitário.
- Sabem o nome dele, não?
- Baiano de coração. Não?
- Russo de nascimento. Não?
- Engenheiro naval de sucesso. Ainda não?
- Skipper do veleiro escola "Fraternidade". Não?
- Dica. As inciais do nome dele são: A. B.. Nem assim?
- É vejo que vocês não estão nada ligados na História da Vela brasileira.
- Aleixo Belov, que além de grande navegador é ótimo escritor. A gente começa a ler o que ele escreve e não sente mais vontade de parar. Leiam! Leiam e parem se puderem!
VELEIRO ESCOLA FRATERNIDADE
Trecho Bali, Sri Lanka
A chegada a Bali foi quase tranqüila. A correnteza era muito forte, mas como eu já sabia disto, fui sempre dando o desconto no trabalho da correnteza enquanto pegava o canal. Mais uma vez a marina estava cheia, era por causa de um rally, mas eles iriam sair no dia seguinte. Arrumaram uma bóia emprestada onde atraquei o Fraternidade lá fora, mas já usando o chuveiro e o restaurante da marina onde comemoramos a chegada. Só não podia sair pelo portão pois não tinha feito os papeis. No dia seguinte atraquei o barco na marina flutuante, fiz os papeis e estava em casa. Era triste ver que, na marina, em 10 anos nada tinha mudado. Estavam ali os mesmos flutuantes, só mais velhos e desgastados, mas o povo não mudou, continuava de uma amabilidade rara e era o que fazia a diferença.
Taís Bemfica, uma baiana que estava a 3 anos na Austrália e que vinha me pedindo uma vaga, recebeu o de acordo quando eu estava em Weipa. Pedi apenas que adiantasse o visto da Índia que iríamos precisar. Ao chegar em Bali, ela já estava lá. Veio sem o visto, não agüentou esperar. Disse que tiraria junto com os demais tripulantes, e fiz o seu embarque. Assim, com a saída de Helio Almeida ficaram Taís, Rafael Coelho e Osvaldino Dorea.
Como estava em Bali pela quarta vez, resolvi apresentar-lhes o lugar. Fomos a Kuta, a Dempassar, as praias, ao mercado de frutas, as feiras de esculturas e artesanatos e demos uma volta geral pela ilha com Iasa, meu amigo escultor há 30 anos. Vimos as plantações de arroz com seus terraços, as brigas de galo com suas apostas, a cidade de Ubud com seus templos e um milhão de lojas. A ilha, alias se resume a oficinas de artesanato e pintura, hotéis, pousadas, aluguel de quartos e um infinito número de lojas. A ilha parece que é uma feira só. Se elas estão abertas é por que dão resultado, pensei. Daqui saem milhões de containers carregados de artesanato, pinturas, esculturas, roupas, sacolas e tudo que depende de uma habilidade manual rara e da criatividade inata do povo desta ilha. Não é a toa que enquanto na marina, a cada 10 minutos via passar um avião que acabara de decolar. Era gente que chegava e saia sem parar. Nunca vi nada igual.
Tinham se passado 10 anos, mesmo assim encontrei alguns amigos. Vi passar na minha frente Made Gerip, do Bali Yacht service, que logo me reconheceu. Acertei com ele ir à casa de Iasa, o escultor que entalhou o Três Marias junto com seus amigos. Ele tinha se mudado para uma casa nova e muito linda. Assim, apenas 3 dias depois de chegar, já tinha 4 e as vezes 5 artesãos entalhando o Fraternidade. Tinha ao construí-lo, instalado madeiras de boa espessura já com esta finalidade. Um outro grupo, estava na casa de Iasa, esculpindo mais um xadrez de peças grandes, em que cada peça era uma obra de arte. Já tinha 3 destes em casa, um por volta ao mundo. Um deles já era de Alexey. Ele o ganhou ao me vencer em uma partida.
Encontrei também uma moça no bar da marina, que logo reconheci. Ela me lembrou de algo que já tinha esquecido. “O senhor foi quem me deu dinheiro para reparar meus dentes”. Realmente, vendo-a linda, jovem com 2 dentes estragados logo na frente, perguntei porque ela não os concertava. Disse-me quanto ganhava; os salários aqui são realmente muito baixos e já tinha 2 filhos. Eu tinha comemorado o aniversario de Marúcia e Alexey com um churrasco para 30 convidados, praticamente a marina toda. Não era justo. Perguntei quanto seria, e passei-lhe o dinheiro. Hoje, vendo-a sorrir com os dentes perfeitos, descobri que foi o dinheiro dos mais bem aplicados da minha vida.
Bali continuava interessante. Nem a bomba que os terroristas detonaram no Sari Club, onde todos nós dançamos 10 anos atrás abalou o fluxo de turistas. Pelo contrario, eles estão vindo cada vez mais. No local da explosão temos hoje um...
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