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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O "naufrágio do Boy" - Airton Aragão


Veleiro "Chaposo" do Airton Aragão

Boa noite amigas e amigos velejadores!

Dando início a uma nova série de posts intitulada "Estórias vividas na MAR", importei especialmente pra vocês "O naufrágio do Boy", do blog do veleiro "Chaposo", de autoria do meu amigo Airton Aragão, participante ativo do animado e já "antigo" grupo ALTOMAR. Eu gostei da estória e mais ainda da maneira como ela foi contada. Espero que vocês também gostem.
Bons ventos a todas e a todos

E que nenhum de vocês jamais viva tão terrível experiência. Pois que se é doce morrer na MAR, pode ser muito amargo sobreviver na MAR.


O NAUFRÁGIO DO BOY

Pescador, nascido e criado na praia do Mucuripe, Lindenberg, conhecido como “BOY”, estava em uma jangada, com mais três companheiros, no través do Aquiraz, a leste de Fortaleza. Mastro em cima, vela enrolada, descendo com vento de popa. Era hora da refeição e todos já haviam comido, exceto o BOY, que estava de costas pras ondas, se preparando pra comer, com a cuia que os pescadores usam no lugar do prato entre as pernas. De repente, um “buraco de mar”, onda traiçoeira, quebrando... a proa da jangada se enfia na água, a popa levanta e tudo fica de cabeça pra baixo.
Seria acidente chato mas banal, de fácil conserto... Enche-se a jangada de água, pra ela ficar “beba”, amarram-se as cordas de forma conveniente e, ajudada por uma onda amiga, a tripulação faz escora no lado oposto da onda. O barco desvira. Esgota-se o interior, rearruma-se a tralha e tudo segue normal.
Dessa vez, no entanto, foi diferente. Quando a jangada virou, o toaçu desceu rápido pro fundo e se enganchou no cavalete, que levou junto, arrancando a taboa da jangada. Apavorados, os marinheiros escutaram o arfar do vento escapando pelas brechas da madeira, enquanto a água alagava o interior. Primeiro embicou a proa e ficou só a popa de fora. O barco estava perdido e cuidaram de livrar tudo que fosse possível, cortando as cordas e tentando recolher o que ia se soltando. Sobrou a caixa de peixes, a tranca da vela (retranca) e a tampa da caixa. O resto se espalhou rapidamente e não foi possível juntar.
Os quatro ficaram juntos, nas primeiras horas. Derivavam com a corrente de leste pra oeste, vendo ao longe, (10 km) a costa do Ceará. Passado algum tempo, o primeiro, João do Braz, decidiu... Iria com a tampa da caixa, buscar socorro...
Restaram os três... O BOY e o Milton Jr se segurando na tranca. O mais velho, Santelha, encolhido, de cócoras, na caixa de peixes. Milton Jr começou a fraquejar... O BOY tentava pega-lo, mas, mole, escorregava e ficava pra trás... Começou a afundar... foi buscado a primeira vez e, quando subiu, já não respirava... Foi amarrado na tranca. Numa onda mais forte, se soltou e... continua em


Obrigado pelo presente amigo Ayrton!

Bons, ótimos ventos!

Fernando "Estrela d'Alva" Costa 

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