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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Alex Thomson lá nas alturas - Diário da Vendée Globe - 62º dia - 11/01/2013

Alex Thomson sobe para terceiro lugar na regata




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1 – Alex Thomson, que evoluiu muito, mas muito mesmo, desde que abandonou a Vendée Globe há quatro anos atrás, ultrapassou hoje Jean-Pierre Dick e subiu para o terceiro lugar do pódio provisório da regata. Palmas pra ele, que ele merece. Outra curiosidade. François Gabart, o atual líder da regata, alcançará a latitude de Cabo Frio ainda hoje. 





2 – Bertrand de Broc, o homem que leva a "Estrela d'Alva" mais o "Brasil" mais meio mundo, a bordo do seu bólido alado "Votre Nom Autour du Monde avec EDM projets" ainda está longe de dobrar o famigerado cabo Horn, mas passou hoje um dia dos mais agradáveis, deslizando ao sabor de um vento médio de popa, com direito a tempo bom, céu azul e
sol brilhante, em pleno oceano austral, ao sul da latitude de 50º.




3 – Christophe Offenstein e Jean Cottin, respectivamente diretor e produtor do filme « En Solitaire », participaram hoje da "vacation radio" e disseram uma porção de coisas super interessantes sobre a vida de um super-velejador-pseudo-solitário-da-Vendée-Globe. 





Nosso conferencista convidado de hoje na UTSVG -  Universidade de Todos os Saberes da Vendée Globe é o louro inglês Alex Thomson, que ultrapassou hoje, o igualmente louro, mas francês Jean-Pierre Dick, assumindo o terceiro lugar da regata, em cima de um pódio provisório. E qual será a lição que mestre Thomson tem a nos dar, amigas e amigos leitores? A seguinte:
"Marujo bom é marujo que chega ao porto de destino, com seu barco inteiro".
Não sei se vocês se lembram, mas há quatro anos atrás, Alex Thomson pertencia à irresponsável "turma do vai ou racha". Resultado rachou uns três belos barcos negros do pobre-rico "Hugo Boss" ao meio, foi super criticado no mundo inteiro por isso, inclusive pelo humilde canoeiro que vos fala e acabou mudando de filosofia. Pouco antes da largada eu o ouvi declarar com toda convicção no Village Vendée Globe, que desta feita, sua intenção era, antes de mais nada, completar o planetário percurso da regata. Dito e feito. Tá lá o nome e sobre nome do inglês voador nas alturas, após dois longos meses de regata. Pra quem tinha sido limado duas vezes consecutivas da regata, antes de dobrar o cabo da Boa Esperança já vale por uma grande vitória. Vitória sobre si mesmo e sobre os outros nove concorrentes idem. Prestaram atenção no que mestre Thomson disse, com atos e não com palavras?
"Marujo bom é marujo que chega ao porto de destino, com seu barco inteiro".
Ou seja de nada adianta querer andar rápido e acabar destruindo seu veículo. Nosso famoso e inesquecível Ayrton Senna, que infelizmente foi super-piloto-de-fórmula-1 e não super-marujo-solitário-da-Vendée Globe levou um bom tempo pra descobrir isso. Isso o que? Avançar o mais rápido possível, sem quebrar nada a bordo. Eis o x da questão. Na verdade, Alex Thomson teve várias peças quebradas no seu barco. Lembram-se? Quebrou duas vezes a barra cilíndrica em fibra de carbono que interliga a dupla de lemes gêmeos, depois quebrou um hidrogerador, depois quebrou de novo a mesma barra supracitada . Mas parece que a culpa das quebras não foi dele, mas dos OFNIs, com os quais ele topou no meio caminho. No meu ver, seus méritos foram dois. Não quebrou o essencial e conseguiu consertar tudo que quebrou. Mas voltemos ao nosso assunto. Velejar rápido em MAR revolta, sem quebrar. Questão. O que é preciso saber pra se velejar rápido, sem quebrar? Três ciências de uma enorme complexidade. Vejam bem:

 Primeira ciência - Ter exata noção da resistência dos materiais que compõem cada uma das partes e peças do veleiro. 


Segunda ciência - Ter exata noção dos esforços que cada situação de MAR e vento aplica às diferentes peças e partes do veleiro.


Terceira ciência - Tomar todas as providências, para que os esforços exercidos não ultrapassem as resistências máximas dos materiais. 


Sendo que, levando em consideração que os esforços são repetitivos ao infinito, é preciso gerenciar esse longuíssimo trem de esforços, para que somados, não venham a danificar uma determinada parte ou peça do veleiro, antes do final da viagem.

Fácil não amigos. Equacionado o problema, a gente entende porque marujos do mundo todo quebram barcos o tempo todo. Já notaram que toda vez que um veleiro chega a um porto qualquer, quando chega, a lista de avarias é sempre grande? Querem ver? Que me atire a primeira pedra, o marujo que jamais quebrou peças, ferramentas ou equipamentos a bordo de um barco ou navio. Viram? Nenhuma pedrada. LoL!

Bons ventos e até amanhã.


Fernando Costa, contando o dia a dia da Vendée Globe pra você, diretamente de Sables d'Olonne, na costa oeste da França.






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