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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Alessandro di Benedetto, o menino-navegante - Diário da Vendée Globe - 73º dia - 21/01/2013





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1 – Nova e péssima notícia, Jean-Pierre Dick, que estava com seu terceiro lugar, quase garantido no íngreme pódio da planetária Vendée Globe, perdeu a quilha do seu bólido alado ontem, pouco antes da meia noite. Por sorte, somada à sua longa experiência de MAR e vela, conseguiu não capotar e segue navegando "com as escotas entre as pontas dos dedos", rumo aos Açores. Ou seja, ainda não abandonou a regata. Mas não sabe se conseguirá "arrastar" seu barco até linha de chegada. Se tiver êxito em tão arriscada aventura, elevada à aventura, conquistará talvez o quarto lugar na regata e certamente a admiração mundial. Torcendo por ele, aqui em Les Sables d'Olonne, França, terra e MAR da Vendée Globe. 





2 – Como consequência do triste acidente acontecido com o francês Jean-Pierre Dick, é bem provável que Alex Thomson torne-se o terceiro inglês a pisar sobre o pódio da planetária Vendée Globe. Antes dele, Mike Golding e Ellen MacArthur gozaram deste raro privilégio.





3 – Amanhã, o famoso Live da Vendée Globe, que vinha sendo gravado em Paris, será transmitido de Sables d'Olonne e eu terei o prazer de assisti-lo pela primeira vez ao
vivo, em três dimensões e a cores.



Boa tarde amigas e amigos leitores

Como já lhes disse várias vezes, a planetária, a oceânica e incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe, é pra mim, antes de tudo, uma excelente escola de vela em solitário, à qual eu chamo carinhosamente de Universidade de Todos os Saberes da Vendée Globe, onde a cada dia recebemos uma nova lição, de um dos seus participantes, que são, sem sombra de dúvida, os melhores marujos do mundo.
O nosso professor convidado de hoje é o simpático franco-italiano Alessandro de Benedetto, que nos ensina algo que a maioria dos regatistas desconhecem. Velejar na MAR é em si extremamente agradável e dispensa prêmios e recompensas. Porisso que eu digo que ele é o presidente do PVSVV, Partido dos Velejadores Solitários que Velejam por Velejar.
Além de excelente marujo de alta MAR, Alessandro di Benedetto rivaliza em simpatia com Bernard Stamm, Tanguy de Lamotte, Jean Le Cam e Arnaud Boissières, que conquistaram, todos cinco, um imenso fã clube ao longo da atual edição da Vendée Globe. 
Não por acaso, os vídeos e fotos que esses cinco, sempre bem humorados e solícitos navegantes, publicaram no site da regata, constituem um espetáculo à parte.
De todos que eu pude ver até o presente, o meu favorito é o vídeo do Alessandro di Benedetto no topo do mastro de "Team Plastique", que vocês poderão ver abaixo, se assim desejarem.
Mas nosso tema de hoje é o prazer de velejar na MAR, independente da participação numa regata.
A maioria absoluta dos velejadores brasileiros só admitem subir a bordo de um veleiro pra regatear. Precisam ultrapassar, custe o que custar, um outro velejador pra se sentirem felizes. Precisam ganhar uma medalhinha qualquer de latão vagabundo e beber umas boas cervejas pra voltar contentes pra casa.
Não é o meu caso, muito menos o do hiper simpático Alessandro di Benedetto, que não sei se vocês sabem, é o navegante que completou uma volta ao mundo a bordo do menor veleiro, que se tem notícia. Veleiro este, que mede apenas 6,5 metros (21,33 pés) e atualmente mora pertinho do meu "DoliceYou" de 6,93 (22,97 pés) metros. Ou seja, o cascudo Alessandro di Benedetto, circunavegou o planeta Terra, que deveria chamar-se Água, a bordo de um barco menor do que o meu. Haja coragem. E perdeu o mastro nas proximidades do famigerado cabo Horn. E sem fazer escala improvisou um novo mastro com os recursos de bordo. E conseguiu completar sua volta ao mundo que começou e terminou em Sables d'Olonne. Ou seja, com um veleiro de apenas 6,5 metros, realizou o mesmo percurso que os veleiros de 60 pés (18,29 metros) da planetária Vendée Globe.
Mas o que eu mais admiro no sempre sorridente Alessandro é sua profunda paixão pela MAR e pelos barcos, que fica patente em cada frase que ele fala, em cada movimento que ele faz, em cada expressão que percebemos em seu rosto de menino em pleno Natal. Observem bem, com que prazer ele olha pro seu "Team Plastique" navegando pianinho do alto do seu mastro de 27 andares, no vídeo abaixo. Ele diz com os olhos brilhantes de emoção, "é bonito demais de se ver o barco aqui de cima". Um garoto de oito anos não faria, nem diria melhor. Na verdade Alessandro di Benedetto é o menino-navegante, assim como Jacques-Henri Lartigue foi o menino-fotógrafo. Adoráveis todos dois. Infelizmente, ontem mesmo, após mais de 70 dias de navegação, Alessandro di Benedetto recebeu uma violenta bofetada no rosto, justamente do veleiro que tanto ama. Feriu o rosto e ao cair no convés, quebrou uma costela. Mas já se recuperou do golpe e apesar das fortes dores continua navegando rumo norte. Torcendo aqui pra que ele não sofra muito e consiga realizar seu sonho de completar sua divertidíssima e prazerosa Vendée Globe, ele que é capaz de sorrir apesar de ferido.

Bons ventos a todos e até amanhã.

Ei, não se esqueçam que hoje rola o primeiro "Live da Vendée Globe", aqui em Sables d'Olonne. Olhem com atenção, que pode ser que vocês "me vejam na televisão", eu que detesto televisão e adoro velejar por velejar à semelhança do meu mais novo herói Alessandro di Benedetto. :)



Fernando Costa, contando o dia a dia da Vendée Globe pra você, diretamente de Sables d'Olonne, na costa oeste da França.






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