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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

(8/12/2008) - Andava nu e se masturbava em público - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 29




O filósofo Diógenes de Sínope + sua famosa lâmpada + seu famoso barril + três admiradoras curiosas pra vê-lo se m... pensar!



Vendée Globe
29° dia 
Andava nu e se masturbava em público 

Jean-Pierre "Paprec-Virbac 2" Dick mantém a ponta, mas o tubarão-ogro-professor jantou mais um essa madrugada e já aparece, pasmem, em sexto lugar.
Conta-se, amiga leitora, que Alexandre, o grande, disse certa vez:
"Se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes."
Enquanto eu, Fernando, o grande apaixonado por barcos à vela LowTech, costumo dizer que "se meu filósofo predileto não fosse o francês Montaigne, seria o
grego Diógenes".
Favor não confundir o nosso Diógenes, com o Diógenes Laércio que é outra filósofo completamente diferente.
Estamos falando de Diógenes de Sínope.
Aquele que morava num barril.
Aquele que queria ser um cão.
Aquele que andava nu e se masturbava em público.
Aquele que pedia esmola às estátuas. 
Aquele que procurava o verdadeiro homem durante o dia, com uma lâmpada acesa na mão.
Aquele que desprezava a opinião pública e as novelas televisivas.
Aquele que pediu que Alexandre saísse da frente do sol.
Aquele que havia sido rico, mas doara todos os seus bens e imóveis, porque pensava que a administração dos bens materiais nos roubam um precioso tempo de vida, que todos sabem, é escasso, minguante e não renovável.
Diógenes, amigos, gostava de usar seu precioso tempo de vida pra pensar.
Enquanto eu já gosto de usar o meu pra velejar.
Mas velejar em solitário, num barco pequeno, simples e sem motor, que não requer grandes cuidados de manutenção, nem perda de tempo na consulta de sofisticados equipamentos de navegação é pra mim sinônimo de pensar.
Mas... Mas... Perguntou porque estou fazendo esse longo discurso apologético sobre Diógenes de Sínope, amigo leitor?
- Porque me lembrei que os detratores de Diógnes costumavam infamá-lo dizendo:
- Olha só o ignaro Diógenes dando aula de filosofia na praça, sem saber bulhufas de filosofia. Não freqüentou a universidade, não tirou diploma, nem fez mestrado e quer ter alunos.
Ao que Diógenes respondia.
- Professor é aquele que aprende.
É neste ponto que eu queria chegar amigos.
Não tenho pretensão de ensinar-lhes nada sobre vela, com meus freqüentes posts e newsletters. Minha intenção é diametralmente oposta. Só escrevo pra aprender. Só pra isso.
Minto, escrevo também para promover o projeto "Estrela d'Alva" e divertir meus amigos leitores.
Mas... no momento... no momento... no momento estou como todos vocês, intrigado com a fantástica corrida de recuperação do tubarão-ogro Michel "Foncia" Desjoyeaux. Este sim, um verdadeiro professor de vela, que além de escrever bem, veleja incrivelmente rápido, diante dos nossos olhos extasiados, sem que compreendamos porque ele veleja tão rápido.
O mais intrigante é que ele vem ultrapassando um a um, dois a dois, todos seus concorrentes sem fazer nenhuma manobra especial... Enquanto alguns mergulham desesperados nas perigosas latitudes mais ao sul, infestadas de icebergs e invisíveis growlers, em busca de um deltaV de vento mais forte, Michel Desjoyeaux segue direto em frente, atravessando o meio geométrico da flotilha e vencendo os demais velejadores, sejam eles "peixinhos", "cações" ou "tubarões", com a velocidade-pura do seu bólido alado. 
Algum entendido da cabofriense AvecSol sabe me decifrar esse profundo mistério? Paulo Goes? Marquinhos, o arquiteto? Luiz Roberto? César Pé de Vento? Tuco?  Ninguém??!!
Gente, meu objetivo é aprender. Aprender qualquer coisa nova sobre a arte-zen de velejar, me deixa tão feliz quanto velejar de Búzios a Cabo Frio, ao sabor de uma brisa-amiga- de-alheta, sentado no fundo da minha canoa alada, bebendo um bom suco natural de uva e admirando a bela paisagem da paradisíaca Costa do Sol, que a maioria dos habitantes de Cabo Frio, troca todo fim de semana, por um jogo qualquer de futebol. Que pecado!Curiosidade. Querem saber como minha namorada franco-suiça B. chama carinhosamente a "Estrela d'Alva"? "Le tonneau de Diogène fluctuant". Entenderam?
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flash infos

* O tubarão-branco- inglês Mike "Ecover" Golding cruzou com o tubarão-touro- francês Loïck "Gitana Eighty" Peyron ( 400 jardas ) que não respondeu ao seu chamado no VHF.

**Jean-Baptiste "Groupe Maisonneuve" ex-"Galileo" Dejeanty, o homem que conduz o primeiro e único Open 60 brasileiro, acaba de tornar-se um verdadeiro solitário. Sua antena Inmarsat pifou e ele está impedido de se comunicar com terra.

***O tubarão Jean "VM Matériaux" Le Cam confessa publicamente que costuma fazer o mesmo que eu fiz, durante a simpaticíssima 3ª Regata de Barcos Clássicos de Búzios, a bordo da minha humilde canoa alada "Estrela d'Alva". Dependendo da velocidade do vento, em vez de cambar em roda, camba pela proa. Camba em oito, como dizem alguns. Barcos à vela... todos maravilhosos. Todos completamente diferentes. No fundo todos irmãos. 

http://www.vendeeglobe.org/fr/


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“Contam, ó rei, que a jovem pronunciou umas palavras diante da lagoa e os peixes começaram a pular e a..."

27ª noite

LIVRO DAS MIL E UMA NOITES,

traduzido diretamente do árabe por Mamede Mustafa Jarouche 

Bons ventos a todos e até amanhã, se Netuna assim desejar

Fernando "Estrela d'Alva" Costa  

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