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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

colossal massa d’água



"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."

Clarice Lispector

A internet, amigos, é o único invento que corresponde às fabulosas expectativas que nutri durante a primeira parte da minha vida sobre os anos 2000. Pena que a internet como tudo que é humano é imperfeita. Queria transcrever pra vocês um extrato de “A Maçã no Escuro” da genial Clarice Lispector ( o que vocês acabaram de ler é de “A Hora da Estrela” ), mas como a obra ainda não caiu em domínio público, não se encontra disponível on line. Lamentável. Seria o trecho do romance que descreve a chegada do alucinado Martim à MAR, após sua longa e desesperada fuga por terra. Fuga da cena de um crime que ele não tem certeza que cometeu. Teria o miserável Martim assassinado sua própria mulher? Dúvida atroz para o leitor e para o próprio Martim. Seja como for, a longa caminhada do Martim até a MAR é uma das mais desvairadas “velejadas” vocabulares da história da literatura brasileira. “Velejada” radical com grande e buja em cima, sobre mar caótico e contra ventos fortes e cheios de rajadas traiçoeiras.

Me lembrei desse momento quando caminhei de Praia Seca, na beira da bela e infelizmente poluída lagoa de Araruama até a MAR, durante a minha última expedição de sete dias. Momento sempre mágico esse, em que se chega à MAR, após um período passado no interior, mesmo que seja no interior de uma das mais lindas e grandes lagoas do mundo. Fiquei tão feliz ao ver a MAR, após cinco dias de afastamento, que comecei a dançar ao som de um reggae que estava tocando numa barraca de praia. A jornalista S. C. passou na hora e fez uma foto minha, que talvez mostre a vocês. Ao chegar de volta à beira da lagoa fiquei deprimido. O água da MAR estava verde-claro-esmeralda-transparente e a da lagoa verde-musgo-esgoto-opaca.

Cabofrienses! Fluminenses! Brasileiros!

Meus amigos, meus conterrâneos, meus irmãos, salvemos, pelo amor da mãe natureza e de nós mesmos, a imensa e bela lagoa de Araruama do tétrico destino que a ameaça.

Essa colossal massa d’água que recebemos de presente da divindade precisa voltar a ser, como já foi, verde-claro-esmeralda-transparente, há vinte anos atrás. A bela e imensa lagoa de Araruama, meus irmãos, poderia ser o maior parque aquático natural brasileiro, ótimo para a prática de todos os esportes e lazeres náuticos e está se tornando charco, mangue, brejo, pântano, por culpa de nossa omissão. Lamentável. O centro de Araruama, Iguaba e a praia do Siqueira me pareceram os pontos mais críticos, a julgar pelas minhas rudimentares observações oculares e olfativas.

Bons ventos a todas e a todos

Fernando Costa

Extrato da newsletter n° 9 de 1° de maio de 2008 – projeto “Estrela d’Alva”

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