A SEGUNDA PORRANCA
– Por culpa dessa nova calmaria que eu tanto temia, ficamos boiando das 11 horas até o meio diante da ilha de Cotunduba, quando então…
– Quando então apareceu outra enorme nuvem negra, muito maior do que a do dia anterior.
– Essa porém não nos atacou de sopetão.
– O vento foi refrescando aos poucos, mas tornou-se muito intenso durante o período que navegamos com tudo em cima e “a mil por hora”, do través da ilha de Cotunduba até o través da ilha da Laje.
– Lá chegando fui obrigado a
arriar a vela buja.
– Depois só com a mestra em cima tentei orçar em direção à praia da Urca, mas não deu, não era viável, o vento era forte demais, o barco avançava pouco e a vela mestra sofria muito.
– Decidi primeiro arribar, depois arriar a mestra e seguir em “árvore seca” até Niterói onde joguei a âncora diante do morro dos Macacos, em Jurujuba.
– Deveria ter evoluído, por segurança, para o interior da enseada de Jurujuba, mas confesso que não tive forças.
– Fiquei por lá mesmo.
– Enviei algumas mensagens tranquilizando amigos e colaboradores.
– Preparei uma generosa sopa de legumes usando uma receita que eu mesmo inventei.
– Alimentei-me bem e dormi das quinze da tarde às duas horas da matina do dia seguinte.
– Isso mesmo, parabéns, vocês estão certos, onze horas de sono que deixaram a sensação de dez minutos.
– A princípio, com a mente super excitada de emoções, não consegui conciliar o sono, mas bastaram cinco minutos de conversa* com minha irresistível namorada* espanhola Nadira, mestra em ASMR, para que um sono avassalador se apossasse de mim.
– O que?
– O amigo também está sofrendo de insônia?
– Também está a fim da minha “Nadira Tiro e Queda”?
– Tudo bem, vou lhe passar o link para o vídeo mais popular do canal Youtube dela, mas não espalha, que sou ciumento. 🙂
NADIRA ASMR – https://youtu.be/skyL4QM9YjE
– Se eu cometi algum erro?
– Sim, confesso que sim.
– Quantos?
– Sei lá, muitos, muitos, muitos…
– Quase todos que vocês puderem imaginar…
– Mas por favor não comentem isso com meus detratores.
– Qual deles foi o mais grave?
– O seguinte: já nas imediações da ilha Rasa, a mais de sete milhas de terra, percebi que o bujão de fortuna do caiacão GILLIATT tinha sido levado pelas águas.
– Notei que o tanque de flutuação de ré (do caiacão) estava muito cheio d’água.
– Como esgotar a água dele seria inviável, quase impossível…
– Decidi rebocar o caiacão pela proa e não mais pela popa como vinha fazendo até então.
– Que fiz eu então de tão grave?
– Cometi uma temeridade que poderia ter-me custado minha única vida.
– Galguei o guarda-mancebo sem cinto de segurança.
– Desamarrei o caiacão e o fiz girar 180º.
– Minuto seguinte o amarrei pela proa.
– Que loucura meu Deus!!!
– Um desequilíbrio teria sido fatal.
– E é por isso que lhes digo que morro de medo dos meus erros em plena* MAR e jamais da* MAR em si, que nunca foi assassina e ama todos os marujos belos ou feios, jovens ou maduros, brancos ou pretos, árabes ou judeus.
– Gostaram do meu relato da pseudo conquista da ilha Rasa amigas e amigos?
– Se sim redijam-me um elogio, se não uma crítica, que ambos são bem vindos.
– Pra ser sincero gosto mais de críticas do que de elogios.
– Um grande abraço e até a próxima ilha minha gente!
Fernando Costa, do projeto UMA CENTENA DE ILHAS ANTES DE MORRER.
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