- Vou confessar algo a vocês, amigas e amigos leitores.
- Não deveria, mas vou fazê-lo.
- Porque vou confessar-me publicamente, se sei que confissões são, sempre foram, perigosas?
- Sei lá porque.
- Antes da confissão, uma pergunta.
- Já perceberam que sou um sonhador-romântico-decepcionado?
- Ou seja um suicida em potencial?
- Sim?
- Bem, sendo assim, imagino que vocês não irão assustar-se muito com o que vou escrever.
- Houve um tempo em que eu admirava Portugal, terra dos marinheiros mais cascudos que o mundo já viu, mas quando soube ainda criança, que os portugueses haviam raptado, escravizado, torturado e assassinado milhões de africanos, meus ancestrais, queimei solenemente a bandeira portuguesa.
"Existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e covardia!..."
Castro Alves
"Existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e covardia!..."
Castro Alves
- Houve um tempo em que eu tinha uma grande adoração pela Alemanha, país do meu músico favorito, Luís de Beethoven, mas quando soube que alguns alemães aprisionaram, torturaram e mataram, em horrendos campos de concentração milhares de judeus, queimei sem pestanejar a bandeira vermelha, preta e amarela.
"O que mais me assusta é a falta de humanidade dos homens."
Privo Levi
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"O que mais me assusta é a falta de humanidade dos homens."
Privo Levi
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- Houve um tempo em que eu simpatizava com os EUA, berço de todas as liberdades, mas quando tomei conhecimento estarrecido, que os norte-americanos haviam lançado uma bomba atômica sobre Hiroshima e outra sobre Nagasaki, rasguei e queimei decepcionadíssimo a bandeira dos Estados Unidos da América, que deveria chamar-se Colômbia. - Porque? Porque foi Cristóvão Colombo e não Américo Vespúcio quem descobriu o Novo Mundo.
"Jogar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki foi um crime de guerra."
George Wald
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"Jogar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki foi um crime de guerra."
George Wald
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- Houve um tempo, faz muito tempo isso, em que eu amava profundamente o Brasil.
- Porque?
- Ora, porque nasci no Brasil.
- Porque o Brasil é bonito e o povo brasileiro alegre e criativo.
- Mas quando percebi com meus olhos extasiados, ainda criança, aos oito anos de idade, que no Brasil existiam favelas, queimei a bandeira verde e amarela, no ato.
- Lembro-me de ter pensado, olhando pra primeira favela que vi...
- "Como isto pode ser possível meu Deus?!"
- Pessoas humanas viverem numa favela, como porcos num chiqueiro!
- Pessoas humanas viverem numa favela, como porcos num chiqueiro!
"Ai barracão
Pendurado no morro
E pedindo socorro
A cidade aos seus pés."
Pendurado no morro
E pedindo socorro
A cidade aos seus pés."
Luiz Antonio e Oldemar Magalhaes
- Quando digo que queimei as bandeiras de Portugal, da Alemanha, dos Estados Unidos e do Brasil, digo isto figuradamente, entendam-me bem.
- Deus me livre de queimar à vera a bandeira de um desses quatro países.
- O mais gentil dos nacionalistas mandar-me-ia pendurar no mastro da "Estrela d'Alva" por um lugar bem sensível.
- Deus me livre de queimar à vera a bandeira de um desses quatro países.
- O mais gentil dos nacionalistas mandar-me-ia pendurar no mastro da "Estrela d'Alva" por um lugar bem sensível.
- Mas houve um tempo, amigas e amigos, um longo tempo que se extinguiu há uma semana atrás, em que eu idolatrava o Japão.
- Japão da sabedoria profunda e ancestral dos monges budistas.
- Japão dos 15 prêmios Nobel.
- Japão dos belos filmes de Akira Korosawa.
- Japão da perfeição eletrônica.
- Japão da beleza concisa da poesia Haikai.
- Japão da mais nutritiva e artística das culinárias.
- Japão, grande potência econômica.
- Japão, membro do G20.
- Japão, único país asiático integrante do G8.
- Japão, país da maior expectativa de vida do mundo.
- Japão, lider das tecnologias amigas do meio ambiente.
- Japão, anfitrião do congresso que deu origem ao protoco de Kyoto.
- Japão, terra dos 14 patrimônios mundiais da Unesco, entre eles o famoso castelo de Himeji.
- Japão do aeroporto internacional de Kansai e da ponte de Akashi-Kaikyo, que já reverenciei neste blog, em dois posts distintos.
- Pois bem, amigos, foi a bandeira de todos esses admiráveis Japões que eu acabo de queimar solenemente em minha mente atordoada.
- Porquê?
- Porque é inconcebível pra mim, que um povo tão inteligente, tão culto, tão evoluído, tenha atulhado um arquipélago sujeito a terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas de usinas termo-nucleares.
E pior ainda, absurdo elevado ao absurdo, manter a mais antiga delas em funcionamento na beirinha de uma das MARes mais violentas do planeta.
- Foi por isso, amigas e amigos, que apesar da compaixão que sinto pelos milhares de japoneses sinistrados nesse mega-desastre, que sobre eles se abateu dia 11 do corrente, que queimei virtualmente a bandeira branca com uma circunferência vermelha no centro, simbolizando o sol nascente.
- Quer saber o que o pretenso sábio povo japonês fez, amigo leitor?
- Algo comparável a você encher sua casa de todo tipo de fogos de artifício: rojões, buscapés, girândolas, cometas-com-vara, cabeças-de-nego, morteiros de três, de seis, de doze tiros, em grandes quantidades e depois acender uma churrasqueira na sala, pra assar um pedaço de picanha.
- Isso só seria de se esperar da pessoa mais oligofrênica, da família mais idiota, do povo mais imbecil, do país mais primitivo do mundo, que nem sei qual é.
- Mas, não, foram os primeiro-mundistas japoneses que cometeram essa asneira.
- Asneira é pouco.
- Foram os avançados japoneses que cometeram a mais colossal das asneiras da História Universal.
- Vergonha eterna!
- Mico um bilhão de vezes maior que o episódio da "Jangada da Medusa" dos franceses.
- Vergonha eterna!
- Mico um bilhão de vezes maior que o episódio da "Jangada da Medusa" dos franceses.
- Basta olharmos pro mapa acima, pra termos uma idéia da ordem de grandeza da incongruência nipônica.
- Pra quem não o entendeu, explico.
- Muito simples.
- Muito simples.
- As regiões em vermelho estão sujeitas à ocorrência de terremotos.
- Notaram que o arquipélago japonês está completamente rubro no mapa?
- Pois bem, foi sobre esse território o tempo todo ameaçado por furacões, terremotos, erupções vulcânicas e maremotos, que os japoneses construíram nada menos que uma, duas, três, contem comigo, quatro, cinco, seis, pasmem, dezoito centrais nucleares!!!!!!!
- Que absurdo!
- Se fossem três, bem afastadas uma das outras daria até pra gente perdoar, mas dezoito!
- Coisa de doido!
- Vou gritar bem alto pro mundo inteiro ouvir.
- Os japoneses são dooooooidoooooos!
- Os famosos nipônicos dos 15 prêmios Nobel, que eu passei a vida toda elogiando são campeões mundiais da mais desvairada loucura!
- Sentaram em cima de um pacotão de rojões-de-cabeça-grossa e acenderam o cigarro!
- Os foguetes, é lógico, explodiram e mandaram os japoneses pra... lua.
- Ia escrevendo outra coisa, mas fica lua.
- Uma questão que me atormenta desde que Fukushima começou a defumar os sobreviventes de uma das maiores tragédias que esse planeta já viu.
- Porque o Japão, que foi a maior vítima da satânica energia nuclear, por obra perversa dos norte-americanos, veio a sofrer esse novo revés atômico?
- Detalhe, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, mais a usina de Fukushima, são irmãs.
- Todas três made in USA.
- Pois foi justamente o Japão-chamuscado, Japão-bem-passado, Japão-incinerado, Japão-torrado, Japão-calcinado-até-a-alma em Hiroshima e Nagasaki quem crivou um arquipélago vulcânico com 18 instáveis usinas nucleares.
- Posso entender isso não.
- Algum de vocês pode?
- Será que os japoneses esqueceram dos terríveis males que a energia atômica, fora de controle, pode causar aos humanos, aos animais, aos vegetais e ao meio ambiente?
- Vou refrescar-lhes a memória então:
Uma exposição à radiação atômica prolongada leva à SÍNDROME DE IRRADIAÇÃO AGUDA que provoca os seguintes sintomas a curto prazo:
- Vômitos.
- Diarréia.
- Hemorragias.
- Infecções generalizadas.
- Queda dos pelos e cabelos.
- Sinais evidentes da destruição maciça das células do organismo, que tem como consequência a morte da vítima em poucos dias, dependendo do caso, em horas.
- Os efeitos mais tardios nos que conseguirem sobreviver incluem:
- Malformações fetais e esterilidade tanto em homens quanto em mulheres.
- Os efeitos a longo prazo são o aparecimento de diversos tipos de câncer, em especial o da tiróide.
- Leucemia.
- Doenças cardiovasculares.
- Catarata.
- Que imenso pacote de misérias os japoneses compraram, com o dinheiro ganho à custa da venenosa energia nuclear!
- No inferno todos os diabos estão rindo, salivando e esfregando suas mãos grandes e sujas.
- Shakespeare, o grande Shakespeare escreveu no "Hamlet" que é possível a um homem sorrir, sorrir, sorrir o tempo todo e ser, secretamente, o maior dos carrascos.
- Eu digo, que é possível ao mais inteligente dos homens estudar, estudar, estudar o tempo todo, tornar-se PHD em energia nuclear e cometer a maior das asneiras.
- Se assim não fosse, os japoneses jamais teriam cometido essa colossal asneira, que resultou em desastre nuclear.
- Asneira resultante essa, que na verdade constitui um longo somatório de asneiras todas grandes.
- Recapitulando:
Asneira n°1 - Apinhar um arquipélago vulcânico com 18 usinas nucleares, somando um total de 55 reatores nucleares.
Asneira nº 2 - Manter em funcionamento uma das mais antigas delas, Fukushima, que segundo algumas fontes, não fosse o acidente que sofreu, continuaria em atividade por mais dez anos.
Asneira nº 3 - Construir uma usina à beira da MAR mais sujeita a cataclismos do planeta.
Asneira nº 4 - Proteger essa usina com muralhas relativamente baixas.
Asneira nº 5 - Manter na usina uma quantidade exorbitante de combustível nuclear.
- Que imensa decepção Japão!
- Às minhas antigas decepções com Portugal, com os Estados Unidos e com o Brasil some-se mais esta, com o Japão.
- Sim, sim, concordo é decepção menor que as outras três, apesar de ser gigantesca.
- Mas porque o amigo leitor está me olhando com o sobrecenho carregado?
- Porque esse ar de reprovação?
- Acha que estou sendo injusto com os sofridos japoneses, é?
- Acha que não deveria ter escrito tudo isso, neste momento, em que os pobres-ricos nipônicos ainda estão contando e cremando seus mortos?
- Acha que não deveria ser tão severo, neste momento em que os heróicos "50 de Fukushima", ainda estão arriscando a própria pele, certamente sacrificando suas vidas, numa luta inglória.
- Coitados, tentando domar uma usina nuclear viciada ao extremo, a ponto de fumar crack pelas quatro bocas?
- Que loucura, se fumar crack por uma boca só, já faz tanto mal à saúde, imaginem pelas quatro ao mesmo tempo!
- Acha que eu deveria calar-me e pedir desculpas ao povo japonês, amigo leitor?
- Desculpe-me, mas vou fazer isso não.
- Primeiro porque o percentual de japoneses que acessam meu blog é ínfimo e depois porque este post desesperado, que venho escrevendo há mais de uma semana, destina-se a nós mesmos, brasileiros.
- No final das contas minha principal mensagem será a seguinte:
"- Abramos bem os olhos irmãos brasileiros!
- Se os infalíveis japoneses, com toda sua cultura e inteligência, foram capazes de cair na garras de uma usina nuclear, imaginem o que será de nós numa situação parecida."
- Ou seja, o amigo leitor, notará, antes do ponto final deste longo post, que minha crítica é construtiva e que "só amor me move", como escreveu o autor da Divina.
- Penso que os japoneses tornaram-se, como o perdão da expressão, "o-duplo-boi-de-piranha da energia nuclear", para que nós outros, tele-espectadores-de-camarote-da-tragédia mudemos nossa maneira de...
REDAÇÃO EM ANDAMENTO
Leia uma introdução à esta nova série de posts aqui.
- Ia escrevendo outra coisa, mas fica lua.
- Uma questão que me atormenta desde que Fukushima começou a defumar os sobreviventes de uma das maiores tragédias que esse planeta já viu.
- Detalhe, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, mais a usina de Fukushima, são irmãs.
- Todas três made in USA.
- Pois foi justamente o Japão-chamuscado, Japão-bem-passado, Japão-incinerado, Japão-torrado, Japão-calcinado-até-a-alma em Hiroshima e Nagasaki quem crivou um arquipélago vulcânico com 18 instáveis usinas nucleares.
- Posso entender isso não.
- Algum de vocês pode?
- Será que os japoneses esqueceram dos terríveis males que a energia atômica, fora de controle, pode causar aos humanos, aos animais, aos vegetais e ao meio ambiente?
- Vou refrescar-lhes a memória então:
Uma exposição à radiação atômica prolongada leva à SÍNDROME DE IRRADIAÇÃO AGUDA que provoca os seguintes sintomas a curto prazo:
- Vômitos.
- Diarréia.
- Hemorragias.
- Infecções generalizadas.
- Queda dos pelos e cabelos.
- Os efeitos mais tardios nos que conseguirem sobreviver incluem:
- Malformações fetais e esterilidade tanto em homens quanto em mulheres.
- Os efeitos a longo prazo são o aparecimento de diversos tipos de câncer, em especial o da tiróide.
- Leucemia.
- Doenças cardiovasculares.
- Catarata.
- Que imenso pacote de misérias os japoneses compraram, com o dinheiro ganho à custa da venenosa energia nuclear!
- No inferno todos os diabos estão rindo, salivando e esfregando suas mãos grandes e sujas.
- Shakespeare, o grande Shakespeare escreveu no "Hamlet" que é possível a um homem sorrir, sorrir, sorrir o tempo todo e ser, secretamente, o maior dos carrascos.
- Eu digo, que é possível ao mais inteligente dos homens estudar, estudar, estudar o tempo todo, tornar-se PHD em energia nuclear e cometer a maior das asneiras.
- Se assim não fosse, os japoneses jamais teriam cometido essa colossal asneira, que resultou em desastre nuclear.
- Asneira resultante essa, que na verdade constitui um longo somatório de asneiras todas grandes.
- Recapitulando:
Asneira n°1 - Apinhar um arquipélago vulcânico com 18 usinas nucleares, somando um total de 55 reatores nucleares.
Asneira nº 2 - Manter em funcionamento uma das mais antigas delas, Fukushima, que segundo algumas fontes, não fosse o acidente que sofreu, continuaria em atividade por mais dez anos.
Asneira nº 3 - Construir uma usina à beira da MAR mais sujeita a cataclismos do planeta.
Asneira nº 4 - Proteger essa usina com muralhas relativamente baixas.
Asneira nº 5 - Manter na usina uma quantidade exorbitante de combustível nuclear.
- Que imensa decepção Japão!
- Às minhas antigas decepções com Portugal, com os Estados Unidos e com o Brasil some-se mais esta, com o Japão.
- Sim, sim, concordo é decepção menor que as outras três, apesar de ser gigantesca.
- Porque esse ar de reprovação?
- Acha que estou sendo injusto com os sofridos japoneses, é?
- Acha que não deveria ter escrito tudo isso, neste momento, em que os pobres-ricos nipônicos ainda estão contando e cremando seus mortos?
- Acha que não deveria ser tão severo, neste momento em que os heróicos "50 de Fukushima", ainda estão arriscando a própria pele, certamente sacrificando suas vidas, numa luta inglória.
- Coitados, tentando domar uma usina nuclear viciada ao extremo, a ponto de fumar crack pelas quatro bocas?
- Que loucura, se fumar crack por uma boca só, já faz tanto mal à saúde, imaginem pelas quatro ao mesmo tempo!
- Acha que eu deveria calar-me e pedir desculpas ao povo japonês, amigo leitor?
- Desculpe-me, mas vou fazer isso não.
- Primeiro porque o percentual de japoneses que acessam meu blog é ínfimo e depois porque este post desesperado, que venho escrevendo há mais de uma semana, destina-se a nós mesmos, brasileiros.
- No final das contas minha principal mensagem será a seguinte:
"- Abramos bem os olhos irmãos brasileiros!
- Se os infalíveis japoneses, com toda sua cultura e inteligência, foram capazes de cair na garras de uma usina nuclear, imaginem o que será de nós numa situação parecida."
- Ou seja, o amigo leitor, notará, antes do ponto final deste longo post, que minha crítica é construtiva e que "só amor me move", como escreveu o autor da Divina.
- Penso que os japoneses tornaram-se, como o perdão da expressão, "o-duplo-boi-de-piranha da energia nuclear", para que nós outros, tele-espectadores-de-camarote-da-tragédia mudemos nossa maneira de...
REDAÇÃO EM ANDAMENTO
Leia uma introdução à esta nova série de posts aqui.
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