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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Albatroz de Baudelaire - Poesia - newsletter 4/2008


Às vezes, por prazer, os homens da tripulação
Pegam um albatoz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.
Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse imperador do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa penosamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.
Que ridículo torna-se o viajante alado sem sua liberdade!
Ave tão bela, tornou-se cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico um cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impedem-no de andar.

Charles Baudelaire

tradução de Guilherme de Almeida

http://www.beatrix.pro.br/literatura/baudelaire.htm

Pesquisei, pesquisei, pesquisei e encontrei nada menos que seis traduções diferentes na internet, para o belo poema ALBATROZ de Charles Baudelaire. Acabei optando pela de Guilherme de Almeida, que vocês acabaram de ler, com algumas modificações feitas por mim. Vide palavras sublinhadas. Toda vez que releio esse poema, amigos, penso num velejador solitário encalhando nas imediações de um clube só de lancheiros. Não, não e não, longe de mim a intenção de provocar uma guerra mundial entre velejadores e lancheiros. Só acho que os lancheiros deveriam fazer um cursinho de vela por ano, para aprender um pouco de sutileza com os velejadores. Só isso. O outro dia eu vinha entrando no canal de Itajurú, orçando a duras penas contra o vento forte de NE e a corrente vazante de maré de sizígia, quando um certo lancheiro me cortou a proa, a curta distância e a mil por hora. Falta de sutileza imperdoável! Escrevi falta de sutileza, mas poderia muito bem ter escrito covardia ou perversidade, não?


Gente, cortar a proa de um velejador batalhando contra o vento e a corrente, na entrada de um estreito canal, é mais deselegante que disputar o último taxi da fila, em dia chuvoso e na hora do rush, com uma mulher grávida de oito meses e meio. Tenham paciência! Pior que isso? Pior que isso só cortar a preciosa perna direita de um dos maiores velejadores brasileiros, com a maldita hélice de uma lancha.

Mudando de assunto. Ou melhor voltando ao nosso assunto. Algum de vocês já viu um albatroz voando em alto-mar. Eu nunca. Deve ser emocionante... Dizem que o albatroz passa só cinco por cento do seu tempo de vida em terra. E o resto, ou seja, noventa e cinco por cento do seu tempo de vida, que pode chegar a cinquenta anos, voando. Será verdade? Será verdade que o albatroz dorme durante o vôo? E a captura incidental dos albatrozes? Que coisa terrível, não? A propósito não deixe de visitar o site do projeto Albatroz.


“Albatrozes e outras aves marinhas frequentemente se alimentam de restos de peixes que são jogados na água pelas embarcações pesqueiras. Quando a linha do espinhel é lançada na água com milhares de anzóis iscados para capturar peixes, as aves que estão próximas ao barco, tentam comer as iscas, chegando muitas vezes a mergulhar para se alimentar. No entanto, ao alcançar as isca, as aves ficam presas nos anzóis e acabam morrendo afogadas. Estima-se que 300.000 aves marinhas são mortas todos os anos, devido à captura incidental por espinheis.”


Extrato da newsletter n° 04 de 20 de fevereiro de 2008 - projeto "Estrela d'Alva"

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