viagem anterior – arraial do cabo

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Durante minha última expedição de sete dias para Arraial do Cabo, os ventos sopraram fracos com exceção do primeiro e segundo dias. Portanto velejei pouco, o que não me impediu de ver, assistir, ouvir e fazer coisas muito interessantes. Leiam:

- Ouvi a surpreendente proposta que o proprietário do belo e grande veleiro “Capitu III” me fez quando cruzei com ele na enseada da praia do Forno.

- Quer trocar o seu pelo meu?

Na hora, pego de surpresa, topei. Depois passei a noite toda com insônia me recriminando:

- Meu deus como pude ser ingrato a ponto de concordar em trocar a minha intrépida “Estrela d’Alva”, companheira fiel de tantas aventuras inesquecíveis, por um outro veleiro, por maior e mais belo que seja? Se o arrependimento matasse eu estaria morto agora.

- Circunaveguei pela terceira vez a ilha dos Porcos.

- Vi, acreditem se quiserem, uma replica quase idêntica do lendário “Joshua” de Bernard Moitessier ancorado na enseada da praia do Forno em Arrail do Cabo e posteriormente com duas velas em cima navegando rumo a Cabo Frio.

- Assisti a três belíssimos nascimentos da lua absolutamente cheia, à luz da qual velejei à noite na enseada da praia dos Anjos. Vocês precisavam ver. A “Estrela d’Alva” com sua nova vela branca-brilhante, full-batten, tri-radial e sem número da Cognac Arnaldo Velas, mais parecia um balão de São João em forma de barco à vela.

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- Participei de um agradável luau na praia do forno, a convite e em companhia de seis marujos cascudos. Todos “tour-de-mondistes”, como dizem os franceses. Estavam presentes o alemão Jens e a peruana Blanca do “Abema”, a tal réplica do “Joshua”. Os franceses Daniel, Patrice e a Feliciane do “Tempus” e um marujo austríaco, cujo nome não me lembro, do sofisticado trimaran “Pollen”, com forma semelhante ao famoso “Fleury Michon VI” e mastro autoportante igual ao do "Paratii", de mestre Amyr Klink.

- Ouvi o canto dos pássaros ( meu despertador predileto ) da floresta do morro do Forno, que há um milhão de anos atrás foi uma ilha.

- Jantei em companhia dos simpáticos e gentis Jens e Blanca, quando eles vieram para Cabo Frio, a bordo do rubro “Abema”, réplica do histórico “Joshua” de Bernard Moitessier. Casco idêntico, mastros, convés e cockpit modificados. O Jens, amigos, navega há mais de 30 anos ( dez dos quais em solitário ) a bordo do simples e eficiente “Abema”, que ele construiu pouco depois de ter lido “Le Vagabond des mers du Sud” de Bernard Moitessier. Durante o jantar, cujo prato principal foi uma deliciosa macarronada ao molho de espinafre e queijo que a Blanca nos preparou, o Jens me contou algumas estórias incríveis, respondeu a todas as minhas perguntas e me ensinou duas ou três coisas sobre a MAR, que jamais esquecerei.

- Vi, assisti, ouvi e fiz outras coisas interessantes, que não conto aqui pra não alongar muito esta newsletter. Pra que contar tudo, se vocês não terão tempo, nem disposição pra ler, ao fim de um cansativo dia de trabalho em terra? Não é verdade? Maldita sociedade de consumo que impede vocês de serem tão felizes, quanto eu tenho sido nos últimos cinco anos. Escravos... Pobres escravos ricos. Tempus fugit, vita brevis. O tempo passa e a vida é breve. Não se esqueçam.

Bons ventos a todos

Fernando Costa

Extrato da Newsletter n° 11 de 1° de junho de 2008 - Projeto "Estrela d'Alva"