Boa tarde amigas e amigos leitores
Aceitando a sugestão do nosso amigo Rico Floriani falarei de acidentes pessoais sofridos por velejadores que disputam regatas à vela de volta ao mundo em geral e a Vendée Globe em particular.
Se o acidente mais grave for a morte, lembro-me que apenas um velejador morreu durante o "Golden Globe Challenge" de 1968, a primeira regata de volta ao mundo, em solitário, sem escalas, sem assistência e passando pelos três terríveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn. Estamos falando da triste e estranhíssima figura de Donald Crowhurst, que eu chamo de "o Hamlet da MAR".
Na verdade, na verdade não, quem sou eu pra conhecer a verdade dos fatos, na minha modesta opinião o acidente que acometeu Crowhurst não foi a morte, mas a loucura.
- Porque Donald Crowhurst enlouqueceu e acabou suicidando-se em alta MAR?
- Longa estória, amigo leitor, que eu resumiria assim:
"- Entrou de gaiato no navio."
A MAR, colegas marujos, detesta gaiatices. Se você pretende enfrentar a MAR e seu inseparável companheiro VENTO sozinho, prepare-se. Prepare-se da melhor forma possível. E esta preparação meticulosa deveria, talvez, começar pelo
acompanhamento diário e minucioso de uma edição da Vendée Globe, a melhor escola do mundo, para velejadores solitários que eu conheço. Escola teórica, digamos. Escola teórica com recursos de ensino múltiplos, variados e cada vez mais sedutores e eficazes. Sim, sim, mas não se trata de escola prática, porque o aluno não navega no mundo real. Escola teórica portanto. Mas alguém argumentou que não existe nada mais prático que uma boa teoria.
Mas voltemos à história dos acidentes pessoais, sofridos por marujos solitários, participando de regatas de volta ao mundo sem escalas.
Durante as seis edições da planetária Vendée Globe, inventada por Philippe Jeantot em 1989, foram registrados vários acidentes pessoais. Citemos apenas aqueles que resultaram em abandono da regata.
Primeira edição - 1989-90
Guy Bernardin - infecção dentária (curiosidade - tive a oportunidade ímpar de trocar algumas palavras com Guy Bernardin, que já realizou cinco voltas ao mundo, aqui em Sables d'Olonne, a bordo da sua bela réplica do "Spray" (de Joshua Slocum) e só por esse privilégio, teria valido a pena ter viajado até aqui.)
Segunda edição - 1992-93
Nigel Burgess - morte por afogamento durante uma violenta tempestade ocorrida no famoso golfo de Gasconha, França - seu corpo foi encontrado ao lado do seu veleiro.
Alan Wynne Thomas - várias costelas quebradas e pulmão perfurado (esse comeu o pão que o diabo amassou, coitado, navegando 11 dias a bordo de um veleiro semi-destruído por uma tempestade)
Terceira edição - 1996-97
Gerry Roufs - desaparecido na MAR durante uma tempestade. Sua última mensagem foi "As ondas não são mais ondas, mas montanhas da altura dos Alpes."
Sexta edição - 2008-2009
Yann Éliès - várias costelas quebradas e pulmão perfurado, causado pelo golpe de uma onda violenta.
...............
Houve também o famoso acidente sofrido pelo Bertrand de Broc, que participa da atual edição da Vendée Globe, mas não vou comentá-lo porque não resultou em abandono da regata.
Deixa eu contar, um, dois, três, quatro, cinco. Apenas cinco acidentes graves ao longo de seis edições de uma regata tão longa e tão perigosa. Muito poucos. Sinal de que os super-marujos-solitários preparem-se bastante bem antes de fazer-se à MAR. Ou então, sinal que o instinto de sobrevivência humano é super poderoso. Ou então que o solitário torna-se um "super-ele" a partir do momento que perde a costa de vista.
Esse assunto é palpitante. Requer um livro e não um post de blog. Eu diria apenas o seguinte a título de encerramento. Não quer sofrer acidentes a bordo do seu veleiro navegando em solitário na MAR? Muito simples. Aplique o Controle de Qualidade ao seu projeto de viagem. O que é Controle de Qualidade? Uma síntese do que de melhor os sistemas administrativos mais eficientes do mundo inventaram. O Controle de Qualidade nos ensina uma coisa impossível. Fazer certo da primeira vez. Aposto meu veleiro "Doliceyou" com vocês como o jovem François Gabart, o debutante-líder-recordista mergulhou até à zona abissal do Controle de Qualidade, pra conseguir realizar as façanhas com que vem encantando o mundo, ao longo da presente edição da Vendée Globe. Tenho dito!
Aceitando a sugestão do nosso amigo Rico Floriani falarei de acidentes pessoais sofridos por velejadores que disputam regatas à vela de volta ao mundo em geral e a Vendée Globe em particular.
Se o acidente mais grave for a morte, lembro-me que apenas um velejador morreu durante o "Golden Globe Challenge" de 1968, a primeira regata de volta ao mundo, em solitário, sem escalas, sem assistência e passando pelos três terríveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn. Estamos falando da triste e estranhíssima figura de Donald Crowhurst, que eu chamo de "o Hamlet da MAR".
Na verdade, na verdade não, quem sou eu pra conhecer a verdade dos fatos, na minha modesta opinião o acidente que acometeu Crowhurst não foi a morte, mas a loucura.
- Porque Donald Crowhurst enlouqueceu e acabou suicidando-se em alta MAR?
- Longa estória, amigo leitor, que eu resumiria assim:
"- Entrou de gaiato no navio."
A MAR, colegas marujos, detesta gaiatices. Se você pretende enfrentar a MAR e seu inseparável companheiro VENTO sozinho, prepare-se. Prepare-se da melhor forma possível. E esta preparação meticulosa deveria, talvez, começar pelo
acompanhamento diário e minucioso de uma edição da Vendée Globe, a melhor escola do mundo, para velejadores solitários que eu conheço. Escola teórica, digamos. Escola teórica com recursos de ensino múltiplos, variados e cada vez mais sedutores e eficazes. Sim, sim, mas não se trata de escola prática, porque o aluno não navega no mundo real. Escola teórica portanto. Mas alguém argumentou que não existe nada mais prático que uma boa teoria.
Mas voltemos à história dos acidentes pessoais, sofridos por marujos solitários, participando de regatas de volta ao mundo sem escalas.
Durante as seis edições da planetária Vendée Globe, inventada por Philippe Jeantot em 1989, foram registrados vários acidentes pessoais. Citemos apenas aqueles que resultaram em abandono da regata.
Primeira edição - 1989-90
Guy Bernardin - infecção dentária (curiosidade - tive a oportunidade ímpar de trocar algumas palavras com Guy Bernardin, que já realizou cinco voltas ao mundo, aqui em Sables d'Olonne, a bordo da sua bela réplica do "Spray" (de Joshua Slocum) e só por esse privilégio, teria valido a pena ter viajado até aqui.)
Segunda edição - 1992-93
Nigel Burgess - morte por afogamento durante uma violenta tempestade ocorrida no famoso golfo de Gasconha, França - seu corpo foi encontrado ao lado do seu veleiro.
Alan Wynne Thomas - várias costelas quebradas e pulmão perfurado (esse comeu o pão que o diabo amassou, coitado, navegando 11 dias a bordo de um veleiro semi-destruído por uma tempestade)
Terceira edição - 1996-97
Gerry Roufs - desaparecido na MAR durante uma tempestade. Sua última mensagem foi "As ondas não são mais ondas, mas montanhas da altura dos Alpes."
Sexta edição - 2008-2009
Yann Éliès - várias costelas quebradas e pulmão perfurado, causado pelo golpe de uma onda violenta.
...............
Houve também o famoso acidente sofrido pelo Bertrand de Broc, que participa da atual edição da Vendée Globe, mas não vou comentá-lo porque não resultou em abandono da regata.
Deixa eu contar, um, dois, três, quatro, cinco. Apenas cinco acidentes graves ao longo de seis edições de uma regata tão longa e tão perigosa. Muito poucos. Sinal de que os super-marujos-solitários preparem-se bastante bem antes de fazer-se à MAR. Ou então, sinal que o instinto de sobrevivência humano é super poderoso. Ou então que o solitário torna-se um "super-ele" a partir do momento que perde a costa de vista.
Esse assunto é palpitante. Requer um livro e não um post de blog. Eu diria apenas o seguinte a título de encerramento. Não quer sofrer acidentes a bordo do seu veleiro navegando em solitário na MAR? Muito simples. Aplique o Controle de Qualidade ao seu projeto de viagem. O que é Controle de Qualidade? Uma síntese do que de melhor os sistemas administrativos mais eficientes do mundo inventaram. O Controle de Qualidade nos ensina uma coisa impossível. Fazer certo da primeira vez. Aposto meu veleiro "Doliceyou" com vocês como o jovem François Gabart, o debutante-líder-recordista mergulhou até à zona abissal do Controle de Qualidade, pra conseguir realizar as façanhas com que vem encantando o mundo, ao longo da presente edição da Vendée Globe. Tenho dito!
CURIOSIDADE - Há quatro anos atrás...
Escrevi o seguinte no meu excêntrico diário da Vendée Globe:
Salve amigas e amigos velejadores!
Não sei se vocês se lembram, mas enviei-lhes um post no segundo dia desta incrível, fantástica, extraordinária regata que é a Vendée Globe, cujo título era "azar dos dois suíços" e que começava nestes termos:
"É por isso que eu não acredito em cartomantes, amigos. Nenhuma delas previu que os dois únicos suíços a participarem desta sexta edição da Vendée Globe, teriam sérios problemas antes do fim do primeiro dia de prova e regressariam ao cais de partida. O primeiro por ter abalroado um cargueiro, o segundo após detectar um indecifrável apagão no sistema de recarga de baterias..."
Pois bem, a estória se repete 30 dias depois, sem que nenhuma cartomante do Brasil nos tivesse prevenido com antecedência. Bernard Stamm autor de uma bela corrida de recuperação, ruma atualmente para as ilhas Kerguelen, ou se preferirem "arquipélago da desolação", onde encontrar-se-á pela segunda vez na regata, com seu compatriota Dominique Wabre. Ambos com seus bólidos alados capengantes. O primeiro sofreu uma séria avaria na quilha basculante e o segundo, em ambos os lemes. Lamentável. Duplamente lamentável. Ambos tão simpáticos, tão experientes velejadores...
Escrevi o seguinte no meu excêntrico diário da Vendée Globe:
Salve amigas e amigos velejadores!
Não sei se vocês se lembram, mas enviei-lhes um post no segundo dia desta incrível, fantástica, extraordinária regata que é a Vendée Globe, cujo título era "azar dos dois suíços" e que começava nestes termos:
"É por isso que eu não acredito em cartomantes, amigos. Nenhuma delas previu que os dois únicos suíços a participarem desta sexta edição da Vendée Globe, teriam sérios problemas antes do fim do primeiro dia de prova e regressariam ao cais de partida. O primeiro por ter abalroado um cargueiro, o segundo após detectar um indecifrável apagão no sistema de recarga de baterias..."
Pois bem, a estória se repete 30 dias depois, sem que nenhuma cartomante do Brasil nos tivesse prevenido com antecedência. Bernard Stamm autor de uma bela corrida de recuperação, ruma atualmente para as ilhas Kerguelen, ou se preferirem "arquipélago da desolação", onde encontrar-se-á pela segunda vez na regata, com seu compatriota Dominique Wabre. Ambos com seus bólidos alados capengantes. O primeiro sofreu uma séria avaria na quilha basculante e o segundo, em ambos os lemes. Lamentável. Duplamente lamentável. Ambos tão simpáticos, tão experientes velejadores...
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