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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A buja tesada pela escota 2 - Diário da Vendée Globe - 37º dia - 17/12/2012




Bertrand de Broc, o homem que leva o nome da minha querida "Estrela d'Alva" + o do nosso amado BRASIL, impressos sôbre o casco do seu belo bólido alado "Votre Nom Autour du Monde" l'ink de l'image






NOVIDADES 

1 – François Gabart navegou estranhamente esta noite e perdeu 10 milhas pro seu “colega de classe” Armel Le Cléac’h. A galera que só se interessa pela “comissão de frente” da regata tá louca pra saber porque.

2 – Ao final do dia de amanhã, o líder da regata, terá percorrido metade do longo percurso desta incrível MARtona que é a Vendée Globe.

3 – O Iceberg que Bertrand de Broc pensou ter visto e fotografado era uma onda estourando. Conclusão. Até o presente nenhum super-marujo-pseudo-solitário participante da atual edição da Vendée Globe avistou um único iceberg. Tanto melhor. 



Boa tarde amigas e amigos leitores

Reeditando uma antiga ideia, decidi escrever a “Buja Tesada pela Escota 2.” Ainda se lembram do prefácio da primeira edição que republiquei em CURIOSIDADE 3 no rodapé de uma das últimas páginas deste diário. Não? Vou transcrevê-la a seguir pra refrescar a memória de vocês. Leiam! Ah, mas tem pelo menos duas
novidades nesta nova versão que deixo vocês descobrirem.

“Não sei se vocês estão ligados, mas o artista plástico mais famoso do século XX escreveu uma enigmática peça de teatro chamada "O desejo pego pelo rabo". Eu a li e achei super interessante, há uns tempos atrás, e resolvi hoje, não me perguntem porque, que eu sinceramente não sei, resolvi portanto hoje, utilizando o mesmo processo criativo de que Pablo Picasso lançou mão para criar sua peça, escrever um poema intitulado "a buja tesada pela escota" em homenagem a esta incrível, fantástica, extraordinária regata que é a Vendée Globe. Espero que vocês gostem. » (publicado no meu diário da edição 2008-09 da Vendée Globe)



A BUJA TESADA PELA ESCOTA 2

É... tá dando pra avançar bem rápido!
A gente se habitua, mas com o tempo rola um stress
Claudia vem rachando na nossa esteira
Confesso que tive medo
Tô entendendo mais nada
A MAR ficou perversa
Pancadaria da grossa em cima da gente
Pior que o frio é a umidade
Nunca se sabe quando vai quebrar
Tinha medo de olhar as ondas que vinham pela popa
Minha genoa rasgou
Ela vai se tornar um morenaço
O oceano astral é mesmo radical
Eles dispararam na frente e eu caí no atoleiro
A temperatura desabou
Um nevoeiro muito espesso
Aventura, sofrimento, prazer, desafios a vencer
Deu nem tempo de rizar as velas
Nuvens negras de apavorar
Queria uma trégua, tô no bagaço
Ao menos consegui consertar meu hidrogerador
Não tive a sorte deles, perdi feio
É sempre muito arriscado
Eu prefiro assim
Terminei enfim de consertar minha grande
Já viu um 60 pés virar uma pranchinha de surf?
Só não posso perder minha fé, minha esperança
O vento endoidou
Dando pra avançar, pra mim tá bom
A catraca ainda não deu pra consertar
Tô parecendo mais um zumbi
Só espero que a roda da fortuna gire
Situação difícil
Paciência, vou ter de esperar
Se eu não batalhar a MAR toma conta de tudo
Dá nem pra dormir
Frio de rachar, burrice não ter trazido o aquecedor
Segredo? Tenho sim. Todo mundo tem segredos
Posso abusar dos medicamentos não
O barco tá doido, totalmente fora de controle
Sobra tempo pra mais nada
Rajadas de 22 a 30 nós
Brincadeira não!
Dava medo de andar no convés
Meu piloto automático já era 
Difícil é conseguir aquecer mãos e pés após as manobras
Os rolamentos estão mastigados



CURIOSIDADE 3  - Há quatro anos atrás...

Escrevi o seguinte no meu excêntrico diário da Vendée Globe:



"Esses cascudos marujos que correm a Vendée Globe, amigos, são todos apaixonados por ela. Tão apaixonados quanto Bentinho o é por Capitu, no mais importante romance escrito em brasileiro. A propósito, vi o último capitulo da mini novela televisiva do Luís Fernando Carvalho e gostei dele bem menos do que dos demais. Diria até que o diretor deixou o caldo entornar no final, sem de forma alguma corroborar a grosseira crítica do Diogo Mainardi. Se é que se pode chamar o texto que ele publicou na revista Veja de crítica. Aquilo mais parece um sapato virtual atirado contra o rosto do autor da única telenovela brasileira que mereceu ir ao ar.
Mas deixemos de lado esse assunto, que a mais interessante das novelas vale menos que a pior das regatas e que a melhor das regatas não vale o sublime prazer de "velejar por velejar". Coisa fabulosa que a maioria dos velejadores brasileiros negligencia. Aliás, diga-se de passagem, que aqui em Cabo Frio você só tem o direito de sair pro mar pra pescar ou participar de regatas. Ai de você, se alguém lhe flagrar saindo pro mar pra pensar ou ler ou escrever ou "velejar por velejar", como eu venho fazendo escondido, há mais de três anos. Pisssttttt.. . Que isto morra aqui entre nós. Se não, meu destino será mais trágico que o do infeliz Gaspar Hauser."








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