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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

(2/3/2009) - Cambando em oito - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 112








112º dia

vendée globe

Cambando em oito

Perceberam que o porto de registro do "Great American III", do vovô-garoto Rich Wilson é o mesmo do histórico "Spray" do Joshua Slocum? Se liga galera!

Salve amigas e amigos velejadores


TRILHA SONORA DA MENSAGEM:

Boa pra ouvir velejando com tudo em cima, ao sabor de um vento forte de través e mar agitado de alheta, surfando violentas ondas e escorando ao máximo com a escota da grande na mão. Lindinha a solista Vanessa-Mae, que toca sorrindo... Vou convidá-la pra ser proeira da “Estrela d’Alva”, mesmo sabendo que ela é leve demais pro ofício, como diria o grande Machado. É só porisso que mulher é perigosa a bordo de um veleiro. Porque a gente acaba sempre
driblando a razão pra favorecê-la. E aí.... Pimba! Dá com o mastro n’água. Desde quando a Vanessinha-Mae pode ser proeira da “Estrela d’Alva” coitada. Nem carregando uma mochila cheia de pedras nas costas.

http://www.youtube. com/watch? v=Hg8Fa_EUQqY&feature=related


NOVIDADES SOBRE A VENDÉE GLOBE

 Surpresa! O canadense Derek Hatfield, que abandonou a regata no dia 29/12/2008, após ter quebrado duas cruzetas do mastro do seu “Algimouss Spirit of Canada”, acaba de partir de Hobart na Tasmania em solitário. Será que ele pretende dobrar o Cabo Horn?! Será que repetirá em mais alto grau a façanha do Nick Moloney, na edição anterior da regata? Fiquemos atentos.

 Tudo indica que o próximo campeão a desfilar ao longo da marquês de Sapucaí aquática de Sables d’Olonne será o norte-americano Rich Wilson. Quando isso? Entre 5 e 7 de março. Ou seja daqui a mais ou menos uma semana. Deverá ser recepcionado dentro d’água por ninguém menos que seu mestre Michel Desjoyeaux, que disse dele o seguinte. “- Ele é muito legal, parece um garoto.” Entre nós brasileiros, que vivemos à procura de uma razão qualquer pra discriminar o próximo, seria apelidado, na melhor das hipóteses, de vovô-garoto, pois que conta 58 anos de idade. Maravilha não? Completar uma Vendée Globe na idade da meta-razão. Mas aqui entre nós, os preconceituosos brasileiros, seria tachado de velhinho, vovô, coroa, velhote e como eu já disse, na melhor das hipóteses, de vovô-garoto. Depois os ufanistas dizem que somos o melhor povo do mundo. Ha ha ha ha! Quem dera. Ainda temos que evoluir muito pra sermos o melhor povo do mundo... Muito mesmo.

 O lanterninha Norbert Sedlacek, os franceses dizem "lanterna vermelha", venceu as calmas equatoriais e já avança a boa velocidade no través de Cabo Verde e ao sabor dos providenciais alíseos de SE, a bordo do seu combalido “Nauticsport- Kapsch”.

CURIOSIDADE SOBRE A VENDÉE GLOBE

-         Vocês sabiam que até o momento apenas um velejador subiu mais de uma vez no escarpado pódio da Vendée Globe? Vocês sabiam? Sabem de quem estamos falando? Não? Tomem nota pra não esquecer: Jean-Luc Van den Heede. E o Michel Desjoyeaux perguntariam vocês? Michel Desjoyeaux até o presente subiu uma única vez no alto do pódio da hercúlea Vendée Globe, pois que a entrega de prêmios desta 6ª edição da regata está prevista para 23 de maio de 2009. Estão Ligados?

 ESCOLA PARA VELEJADORES SOLITÁRIOS DA VENDÉE GLOBE:

NOVA LIÇÃO

  Lição nº 16 – CAMBANDO EM OITO  – Quando o vento estivesser soprando forte amigo velejador não tenha vergonha de cambar em oito não viu? Melhor cambar em oito do que cambar em roda ou jaibear e quebrar a retranca, o mastro ou o leme. Lição de vários velejadores que participaram da atual Vendée Globe. O que constitui uma grande surpresa pra mim. Sinceramente? Pensei que só eu fizesse isso. Cambar em oito. No primeiro dia da 3ª regata de Barcos Clássicos de Búzios, em vez de jaibear eu cambei em oito na primeira bóia, pra poupar a “Estrela d’Alva” do desastre e acabei abandonado a raia antes do fim do percurso, por causa do vento muito forte de NE que soprava. Qual o problema? Meus objetivos foram todos alçados. Não ser atropelado pelos veleiros maiores. Não virar. Não pagar mico e como dizem os franceses preservar o material.

LIÇÕES ANTERIORES

  Lição nº 15– SILÊNCIO A BORDO!  – Quando for atravessar a divina mar, amigo velejador, fique de olhos e ouvidos atentos aos sinais e ruídos da mar e do vento. Se tiver de falar ao telefone celular ou satélite, escolha o momento propício e seja breve. Velejador bom é velejador calado. Lição do Jean Le Cam que capotou no momento em que estava falando ao telefone satélite com o Vincent Riou. 

Lição nº 14 – RESISTÊNCIA x SOFISTICAÇÃO – Se você pretende, amigo velejador, completar uma volta inteira ao planeta Terra, em solitário, sem escalas e sem assistência, durante a próxima Vendée Globe, um veleiro simples e resistente ser-lhe-á de muito mais valia que um veleiro sofisticado, mas frágil. Lição do Steve White que entrou triunfalmente em Sables d’Olonne ante-ontem a bordo do seu velho e bom “Com o Pé N’água.”

Lição nº 13 – NÓ EM PINGO D’ÁGUA – O velejador solitário precisa, além de saber fazer de tudo, saber consertar tudo, a bordo do seu veleiro. Caso contrário, como diria minha avó Balbina estará num mato sem cachorro. Lição do Brian Thomson, que regressou a Sables d’Olonne com seu open 60 remendado da quilha ao tope do mastro e que está pensando seriamente em abrir uma oficina mecânica-eletro- eletrônica chamada de “O Quebra-Galho” na ilha de Wight, onde mora em companhia da esposa Nathalie e dos filhos Geneviève e Tristan.     

FANTASIA SOBRE A VENDÉE GLOBE:

Fantasia nº 6 – Queria ser um milionário pra mandar construir três open 60 da mais alta qualidade destinados a participar da próxima Vendée Globe em 2012. Eles seriam batizados de “Morning Star”, “Étoile du Berger” e “Estrela d’Alva”. Pois bem o “Morning Star” eu ofereceria ao Steve White. O “Étoile de Berger” ao Amyr Klink. E a “Estrela d’Alva” ao Lars Grael. Porque? Por 3 razões bem claras na minha mente.

Escolhi o Steve White por ele ter feito, como diria minha avó Balbina, das tripas coração, pra concluir a atual edição da Vendée Globe com um veleiro antiquíssimo e todo improvisado.

Escolhi o Amyr Klink por ele ter-me ensinado a amar as canoas brasileiras, além de ter-me dado de presente através do seu livro “Cem dias entre céu e mar”  a brilhante idéia de realizar expedições que duram vários dias a bordo da minha querida “Estrela d’Alva”, na paradisíaca Costa do Sol

Escolhi o Lars Grael por ele ter-me ensinado o significado da expressão FORÇA DE VONTADE através do seu excelente tratado de auto-superação intitulado “Saga de um Campeão”, que eu daria de presente a todos os jovens brasileiros, se fosse ministro da cultura ou dos esportes. Por culpa do preconceito de alguns idiotas que cruzaram meu caminho eu estava me achando velho demais pra aprender a velejar. Li o livro do Lars Grael e meu complexo de viralata, como diria Nelson Rodrigues, virou gás. Se você estiver se sentindo deprimido, desanimado, desmotivado por uma razão qualquer, amiga leitora, releia “Saga de um Campeão” de Lars Grael e minuto seguinte realize os DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES. O amigo velejador conhece os doze trabalhos de Hércules? Não? Nem eu. Minutinho só que vou apelar pra janelinha mágica do Google e já lhe digo:

1.    No Peloponeso, estrangulou o Leão de Neméia - filho dos monstros Ortro e Equidna - que devastava a região.

2.    Matou a Hidra de Lerna, filha monstruosa de duas criaturas grotescas, a Equidna e Tifão.

3.    Alcançou correndo a Corça de Cerínia, um animal lendário, com chifres de ouro e pés de bronze.

4.    Capturou vivo o Javali de Eurimanto.

5.    Matou no lago Estínfalo, com suas flechas envenenadas, monstros cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios do Sol.

6.    Venceu as amanzonas, tirou-lhes a rainha Hipólita, apossando-se do cinturão mágico que ela vestia.


Pra não alongar muito esta página do meu tresloucado diário da Vendée Globe peço que o amigo consulte os outros seis  trabalhos de Hércules na prodigiosa Wikipedia.

http://pt.wikipedia .org/wiki/ Os_doze_trabalho s_de_H%C3% A9rcules

 NOTÍCIAS DA ESTRELA D’ALVA


Na bóia cheia de limo e cracas no costado esperando pacientemente por mim. Só mais um pouquinho de paciência minha amiga, que a Vendée Globe infelizmente está acabando.




 EXTRATO DE “AS MIL E UMA NOITES”



 na tradução de Mamede Mustafa Jarouche. Estória: “A primeira jovem, a dona da casa.”



 “Minhas irmãs esperaram que eu adormecesse e ressonasse e me carregaram no colchão, atirando-me à mar. Fizeram o mesmo com o rapaz que se afogou. Quanto a mim, quem me dera que eu...



Bons ventos amigos e amigas velejadoras

    Fernando “Estrela d’Alva” Costa

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