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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

(10/1/2009) - Samantha goz... diante da web cam - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 62





Vendée Globe
62° dia

Samantha goz... diante da web cam 
   
  
"A sardinha inglesa Samantha Davies terá sua primeira vez no cabo Horn esta noite.Torçamos pra que ela goste da experiência e guarde uma boa lembrança dessa importante passagem da puberdade para a maturidade marítima."

Boa noite velejadoras e velejadores do meu Brasil

Resolvi reeditar meu antigo post "precisa que haja vento sem parar", que lhes enviei há 50 dias atrás, página n° 12 do meu tresloucado diário da Vendée Globe, pra fazer um balanço do nível de felicidade de alguns velejadores participantes da atual e 6° edição da incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe. A leitura do artigo não leva mais de 3 minutos. Divirtam-se. 

O francês Loick Peyron, velejador famoso por velejar bem qualquer tipo de barco, seja ele mono ou multicasco, de pequeno ou grande porte, low ou hightech está feliz, comemorando seu sétimo dia na liderança absoluta da prova, apesar dos
ventos fracos do "pot-au-noir". ( 1° lugar )

Loick Peyron perdeu o mastro do seu veleiro no dia 10/12/2008, foi obrigado a abandonar a regata, lógico, regressou pra terra a duras penas, velejando sob mastreação de fortuna, atracou ao porto australiano de Fremantle em 30/12/2008 e voltou pra França mais triste que nunca.

Tem razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.
    
O francês Jean-Baptiste "Maisonneuve" Dejeanty, o duplo lanterninha, descendente de pescadores do Mar do Norte e guia do primeiro e até o momento único open 60 contruído no Brasil, está feliz com sua longa velejada de 430 milhas em 24 hs, cheia de deliciosas e emocionantes surfadas. ( 26° e último lugar )

Jean-Baptiste Dejeanty afastou-se da regata dia 16/12/2008, por considerar que seu veleiro "Maisonneuve", ex-"Galileo", não tinha mais condições de navegar com segurança, em função do mal funcionamanto do piloto automático e da usura precoce das adriças de suas velas. Mas antes de chegar ao porto sul africano de Port Elizabeth, Jean-Baptiste teve de enfrentar a pior tempestade da sua vida, navegando contra ventos de até 75 nós durante 13 horas consecutivas. Sobreviveu mas... 

Tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.  

  
O francês Michel "Foncia" Desjoyeaux, vencedor da quarta edição da Vendée Globe, está feliz com sua incrível escalada, ele que foi obrigado a regressar ao porto de Sables d'Olonnes, para conserto do seu open 60 e portanto esteve em último lugar, já vem ameaçando de perto Steve "Toe in the water" White.( 18° lugar )

O genial professor Michel Desjoyeaux, assumiu a liderança absoluta da regata há 23 dias, após uma inacreditável corrida de recuperação, transformando-se na vedete da Vendée Globe e tem enormes chances de ser o primeiro bicampeão da prova, com tempo recorde. Continua mais feliz que nunca. ( 1° lugar ) 

Não tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.  
   
A inglesa Samantha "Roxy" Davies está feliz porque escalou o mastro do seu bólido alado, até o tope e além da bela paisagem, toda feita de mar e céu, que vislumbrou lá de cima, encontrou tudo ok, após minuciosa inspeção. ( 13° lugar )

A novata inglesa Samantha Daves além de torna-se a namoradinha da Vendée Globe, fruto da sua irresistível simpatia, provou que apesar de aparentemente frágil é uma marinheira das mais cascudas. Generosa na quantidade de fotos e vídeos que nos tem enviado, a antítese ambulante da Ellen McArtur, que não parava de chorar, Sam Davies não cessa de sorrir e de se exibir diante de sua web cam, gozando o inenarrável prazer de "velejar por velejar". ( 4° lugar )

Não tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim. 
  
O suiço Bernard "Cheminées Poujoulat" Stamm, antigo favorito ao lugar mais alto do pódio, mas que veleja atualmente na ante-penúltima posição, por ter feito um longo pit stop, logo no início da prova, após ter colidido com um cargueiro, está feliz porque seu belo albatroz, com o bico recauchutado está avançando às mil maravilhas, 278 milhas nas últimas 24 horas. ( 24° lugar )

O simpático e batalhador suiço Bernard Stamm, um dos grandes favoritos ao título de campeão da regata, foi vítima de um dos piores acidentes que um marujo pode sofrer, quando teve seu "Cheminées Poujoulat" jogado em cima das pedras das ilhas Kerguelen em 12/12/2008. 

Tem razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.



O francês Marc "Safran" Guillemot e o britânico Brian "Bahrain Team Pindar" Thompson, estão felizes por terem assistido um espetacular show, realizado por uma dúzia de baleias circenses em pleno oceano.  

Marc Guillemot sensibilizou o mundo ao transformar-se em anjo da guarda do acidentado Yann Eliès entre 18 e 20/12/2008, enquanto Brian Thomson enfrentou sérios problemas de fissuras nas paredes do seus tanques de lastro de proa. Ambos seguem em frente felizes, apesar de preocupados, por continuarem a disputar esta hercúlea prova, da qual 18 concorrentes já foram defenetrados e que os jornalistas não chamam mais de regata e sim de "aventura humana". 

Não tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.  
  
Meu novo favorito, o francês Roland "Veolia Environnement" Jourdain, Bilou, para os camaradas, está feliz por ter começado a colher os doces frutos, duas ultrapassagens, da sua opção de rumo mais a oeste. ( 8° lugar )

O grande Roland Jourdain, único velejador que conseguiu acompanhar o ritmo infernal, que mestre Desjoyeaux imprimiu à regata, vinha velejando alegremente ontem à tarde em segundo lugar, quando deu o imenso azar de atropelar uma baleia masoquista, talvez a mesma que se jogou na frente do "Brasil 1" há uns tempos atrás. O acidente provocou múltiplas fissuras, em diferentes pontos do seu open 60, que ele tenta desesperadamente recuperar com os parcos recursos de bordo.( 2° lugar )

Tem razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.

  
O frances Vincent "PRB" Riou, vencedor da edição anterior da prova, está feliz porque, apesar de avançar pouco ao sabor dos ventos fracos das "calmas equatoriais", tem conseguido se manter junto da comissão de frente da regata, desdo o início. ( 4° lugar )

Vincent Riou foi o grande injustiçado do destino, ao longo desta acidentada Vendée Globe. Salvou o Jean Le Cam da morte há dois dias atrás e como prêmio perdeu o mastro do seu "PRB", ao dobrar o cabo Búzios. Lamentável.

Tem razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.  



Na VOR, o imbatível Torben Grael está feliz por ter cruzado o waypoint da segunda travessia da regata, antes dos seus concorrentes, confirmando seu anunciado favoristismo.
( 1° lugar ) 

O insigne Torben Grael, nosso maior medalista olímpico, convertido em regatista de alta mar, enfrentou uma semana tensa em Cingapura, ao final da qual, reconquistou sua antiga alegria, com uma brilhante vitória na in port race de Cingapura e a ratificação da sua liderança isolada na VOR. Prova de que ele nasceu pra vencer. Oxalá sua merecida felicidade, ó grande Torben, seja eterna. ( primeiríssimo lugar )

Não tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.    


E por fim, eu, o maluco da canoa alada, estou feliz porque voltarei ainda hoje pra divina mar, a bordo da minha humilde e inseparável "Estrela d'Alva", na paradisíca Costa do Sol/Região dos Lagos ( canal de Itajurú, pra começar, que anda bem pouco paradisíaco no momento, mas bem melhor do que já foi no passado... dizem... )

Vários problemas enfrentados em terra, me impediram de voltar a velejar na mar, mas continuo a me sentir feliz, por ter estudado alegremente e com afinco, durante esse período de 50 dias, na ótima e anti-didática escola da incrível, fantástica, extraordinária VENDÉE GLOBE.

Não tem portanto razão a canção do Vinicius/Jobim quando diz que tristeza não tem fim, felicidade sim.  

Mas e o futuro? O que nos reservará o futuro? Novas e maiores felicidades ou sombrias infelicidades? Não sei. Não sabemos. Ninguém sabe. E as cartomantes que fingem sabê-lo, nos mentem descaradamente.
A Felicidade


Tristeza não tem fim
Felicidade sim


A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor


A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira


Tristeza não tem fim
Felicidade sim


A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar


A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor


Tristeza não tem fim
Felicidade sim  


Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes

Que a felicidade de todos nós, não tenha jamais fim. Bati três vezes na madeira, embora não acredite em mandingas. 
  
Bons ventos amigos do Altomar, Avecsol, Copa Pé de Vento e Moloteve/CF. 

Fernando "Estrela d'Alva" Costa
  
http://www.vendeegl obe.org/fr/

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