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terça-feira, 22 de maio de 2012

(26/12/2008) - Humanamente impossível - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 47







 47° dia

Vendée Globe

Humanamente Impossível
 
Bom dia amigas e amigos velejadores
 
Selecionei algumas breves notícias sobre a Vendée Globe especialmente pra vocês. Queria que todas fossem boas mas não foi possível.

MÁ - Marc "Safran" Guillemot, o anjo da guarda do acidentado Yann " Generali" Eliès  afastou-se da regata e ruma para  a ilha Auckland, localizada a 250 milhas ao sul da Nova Zelândia, ao abrigo da qual tentará

consertar, com os recursos de bordo, o trilho avariado do mastro do seu albatroz-hightech, que não lhe permite içar a vela grande até o top do mastro.

 

BOA - As duas únicas velejadoras-mulheres da regata, ambas inglesas, já figuram no "top ten". Samantha Davies do “Roxy” em 8° e a Dee Cafari do “Aviva” em 10° lugar.

MUITO BOA - O francês Yann " Generali" Eliès foi operado e passou o Natal em companhia de amigos e familiares, em terra australiana.

MÁ - Raphaël " Fondation Océan Vital" Dinelli,  protagonista de um dos resgates mais mirabolantes da história da Vendée Globe,  à semelhança do Marc Guillemot, afastar-se-á temporariamente da regata para tentativa de conserto da adriça da vela grande. Manobra que tentou fazer, sem sucesso, ao abrigo da brasileira ilha da Trindade e que pensou fazer nas ilhas Kerguelen, mudando de idéia após o desastre sofrido pelo suiço Bernard Stamm.

BOA – A complexa "gambiarra" que o francês Jean-Pierre Dick fez nos seus lemes continua resistindo aos violentos e repetidos golpes de Netuna.

***** O atual pódio da regata é:

1° lugar – tubarão-francês Michel Desjoyeaux - Foncia ( décimo dia na liderança )
2°  lugar – cação-agressivo-francês Roland Jourdain – Veolia Environnement
3° lugar – cação-agressivo-francês Jean Le Cam - BT
 


E agora, se me permitem, falemos de mais um item da minha lista de qualidades favoritas da extraordinária Vendée Globe.
 
n° 8  - CIRCUNAVEGAÇÃO DA MAIS CASCUDA DAS ILHAS

Todos sabem que cada louco tem a sua loucura. A minha é uma só, circunavegar ilhas velejando. Não sei explicar-lhes porque, mas quando cruzo a garganta de pedra do canal de Itajuru, deixando o forte de São Mateus por boreste, a primeira coisa que me vem à mente é circunavegar uma das vinte ilhas selvagens da paradisíaca Costa do Sol. Circunavegar novamente, porque já circunaveguei todas. Absolutamente todas e sempre a bordo da minha pequenina e intrépida “Estrela d’Alva”. Testemunhas? Só duas. Éolo e Netuna. Serve? Gostaria muito de saber porque sinto tanto prazer em circunavegar uma nova ou antiga ilha. Sendo que gosto muito mais de circunavegar uma nova, do que uma velha ilha, a menos que se trate da minha atual favorita, a de Pargos.
 
Ah se a escola brasileira nos ensinasse, primeiro que tudo, a velejar. Ah se eu tivesse aprendido a velejar bem mais cedo. Quantas ilhas já não teria circunavegado até o presente?! Em vez de 20, 100, 1.000, 10.000! Dez mil é exagero. Sabem quantas ilhas o planeta Terra possui amigos? Se souberem, me digam o mais rápido possível, por favor. Acabei de ler que só a Micronésia tem mais de 2.000, espalhadas por uma área de 7 milhões de quilômetros quadrados. Confesso-lhes que meu maior e mais impossível sonho é circunavegar todas as ilhas da Polinésia, Micronésia e Melanésia a bordo da minha pequenina e intrépida “Estrela d’Alva”. Das mais famosas às mais obscuras.


Ah as ilhas Marquesas!

Ah as ilhas da Sociedade mais Tuamotu e Tubai!
Ah a ilha de Páscoa, recentemente visitada pelo Betão Pandiani mais seu fiel e jovem escudeiro Igor Bely.
Ah o Havaí, Samoa e Midway, esta última de tão triste memória.
Ah as ilhas Salomão!
Ah as ilhas Molucas!
Ah as ilhas Vanuatu, Nova Caledônia e Fiji!
Ah as ilhas Marianas, que mais parecem uma rabiola de pipa!
 
Adoraria circunavegá-las todas, mais o atol de Ahe, terra do grande Moitessier, que se apaixonou pela nossa bela ilha da Trindade e quase abandonou por algumas horas, a primeira regata de volta ao mundo sem escalas e sem assitência, só pra circunavegá-la bem de perto, trepado no mastro de "Joshua", à la Bardiaux.

 

 Adoraria repito, circunvegar todas as milhares de ilhas da Polinésia, Melanésia e Micronésia, mais todas as outras do planeta Terra, sempre a bordo da minha querida “Estrela d’Alva”, nem que levasse dez anos, nem que levasse cem anos, nem que naufragasse mil vezes tentando.
 


 
 Mas deixemos isto de lado, que este sonho é humanamente impossível. Pois bem, quando me dei conta que a Vendée Globe pode ser definida como a circunavegação da maior e mais difícil das ilhas, apaixonei-me, no ato, por ela. Eu sei, eu sei, eu sei muito bem que a Antártica não é uma ilha e sim um continente. Eu sei que na verdade a maior das ilhas do planeta Terra é a Groenlândia. Mas saber disso só fez aumentar ainda mais minha paixão pela Vendée Globe, cuja realização muitos apostaram ser humanamente impossível. Tudo que é difícil, neste mundo de Deus e do diabo, é considerado humamente impossível, até que um macróbio humano vá lá e o faça. Colombo que o diga. Joshua Slocum que o diga. Santos Dumont que o diga.

Bons ventos amigas e amigos e se também gostarem de circunavegar ilhas me mandem um mail. Quem sabe a gente não funda uma sociedade.
A SOCIVI - SOCIEDADE DOS CIRCUNAVEGADORES DE ILHAS VIVOS.
 
Fernando “Estrela d’Alva” Costa
 
Apêndice:
 
Sete razões para gostar da Vendée Globe.
 
n° 1 – ENUNCIADO RADICAL
A Vendée Globe é uma regata de volta ao mundo em solitário, sem escalas, sem assistência e passando pelos três temíveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn.
 
n° 2 – ACLAMAÇÃO APOTEÓTICA
A retumbante aclamação digna de um herói grego, com a qual o democrático e entusiástico povo de Sables d’Olonne brinda a chegada de cada velejador que completa o longo percurso da regata VENDÉE GLOBE, ao longo do famoso canal de acesso ao porto da cidade.

n° 3 – SOLIDARIEDADE HUMANA
Os velejadores que travam entre si uma violenta batalha sem trégua, durante mais de oitenta dias pra vencer a regata Vendée Globe, transformam- se de pronto em anjos da guarda dos mais zelosos, uns dos outros, em caso de emergência. 
 
 n° 4 - MARUJOS EXCEPCIONAIS
  Toda edição da Vendée Globe revela alguns marujos de exceção, que nos servem de modelo e fonte de inspiração para continuarmos progredindo na arte zen de velejar.
 
n° 5 – ESTÓRIAS MIRABOLANTES
A Vendée Globe que já soma mais de 786 dias é rica de 1001 estórias de aventuras radicais que fariam inveja ao roteirista do mais mirabolante filme de James Bond.
 
N° 6 – O SITE DA REGATA
O excelente site da regata, onde o amigo leitor poderá encontrar fotos, vídeos, flash infos, artigos longos mais uma infinidade de informações interessantes sobre a regata.

n° 7 - OS VIDEOCLIPS DE CADA OPEN 60

Os ótimos PROMO CLIPS que mostram os Open 60 velejando a mil por hora, em todos os ventos e filmados de vários pontos de vistas diferentes. O do “Cheminées Poujoulat”, bólido alado do suiço Bernard Stamm é um dos meus favoritos.
 http://www.youtube.com/watch?v=MMRPuSil2J0

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