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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Perdidos em alto-mar - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 27



Yann "Generali" Eliès conduz seu bólido alado a alta velocidade, pouco depois de dobrar o temível Cabo Boa Esperança em segundo lugar. 

http://www.vendeeglobe.org/fr/


Muito bom dia amigas e amigos velejadores
Já disse a vocês que detesto a escola e adoro o barco à vela, que considero a escola ideal, não disse?
Também já disse que aprendi mais coisas importantes sobre a vida, com minha humilde e pequenina "Estrela d'Alva", do que com todos meus ex-profs, chatos, todas e todos muito chatos, com raras exceções, não?
Agora mesmo, digo-lhes, que se vocês se encontram impedidos de velejar, porque a famigerada sociedade de consumo ou o maldito
casório lhes amarrou pelo pé em algum poste em terra, leiam as matérias publicadas no ótimo site da incrível Vendée Globe e aprendam mil e uma coisas importantes sobre a arte-zen de velejar.  
 Na minha opinião, a mais zen das artes.
Curiosos pra ler minhas dez últimas notas de aula? Ei-las!
1 - O excesso de velocidade na mar tem um preço, que pode ser muito alto.
2 - Se você folga a escota lhe chamam de covarde. Se você quebra o mastro lhe chamam de idiota.
3 - Tá ansioso a bordo? Experimente dar uma geral no seu veleiro pra verificar se tudo vai bem. Amarre todos os itens que possam voar pela borda em caso de uma adernada violenta. Dada a geral e peado o material, durma um pouco para recuperar as energias, que lhe serão necessárias quando o vento aumentar de força.
4 - O pior do mau tempo é a angustiante espera pela chegada do mau tempo.
5 - Em caso de avaria a bordo, fuja dos ventos fortes, busque um lugar abrigado ou onde Éolo sopre com menos ímpeto, para poder avaliar a extensão dos estragos e  consertar o que for possível.
6 – Existe uma velocidade ideal pra se realizar cada manobra a bordo. Essa velocidade varia com a força do vento. Quanto mais forte o vento mais rápida deve ser a manobra. Mas não se precipite. Afobado nunca foi sinônimo de apressado.
7 - A noite na MAR sempre aconselhou a prudência.
8 - A velocidade de um veleiro reflete o estado de saúde mental e física do velejador.
9 - Velejar é basicamente observar o vento, escolher a área vélica ideal, manter o equilíbrio do barco e regular as velas.
10 - Velejar é preciso, viver é impreciso.
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flash infos
·        O “tubarão esfomeado” Michel “Foncia” Desjoyeaux + o “cação agressivo” Bernard “Cheminées Poujoulat” Stamm continuam a roubar a cena na atual edição da Vendée Globe, com suas desvairadas corridas de recuperação, dignas de um hipotético Ayrton Senna, que em vez de um Formula 1 em terra, tivesse pilotado um Open 60 na mar. Curioso é que nenhum dos dois velejadores ( acabei de ouvi-los de viva voz durante a "vacation radio" do dia ) admite ter feito algo de extraordinário e confessam não saber porque seus barcos foram capazes de tão surpreendente performance.
·        O “cação agressivo” Vincent “PRB” Riou, vencedor da última edição da regata, machucou o pé numa atravessada do seu bólido alado e anda capengando, com o tendão de aquiles e a planta do pé, na área do calcanhar, inchados. Lamentável.
·        O “peixinho” Unaï “Pakea Bizkaia” Bazurko tenta consertar seu leme avariado, refugiado no ventre do anticiclone de Santa Helena.
·        O “peixe grande” Sébastien “BT” Josse reassume a ponta. 21ª troca de lider em 27 dias de regata. Fato inédito na Vendée Globe. Essa grande concentração de barcos ( uma dezena ) numa área de 100 milhas de raio, após 1/3 de prova percorrida, também nunca houve.

http://www.vendeeglobe.org/fr/

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Selecionei mais um extrato favorito, do inconcebível LIVRO DAS MIL E UMA NOITES, traduzido diretamente do árabe para o português, por Mamede Mustafa Jarouche, a quem eu gostaria de dar um grande abraço e parabenizar pelo excelente trabalho. Vai? Vai mais um extrato das MIL E UMA amiga leitora?

“Zarpamos com bons ventos e navegamos por dias, quando subitamente nos vimos perdidos em alto-mar, assim permanecendo por vinte dias, ao cabo dos quais o gajeiro* subiu ao mastro para observar e exclamou...”

63ª noite

gajeiro* -  Nos navios à vela, marinheiro que tem a seu cargo um dos mastros, zela por ele e dirige os trabalhos que nele se executam, e a quem outrora competia, ainda, subir ao cesto de gávea, nas proximidades de terra, a fim de procurar avistá-la antes dos demais elementos da tripulação. ( Dicionário Aurélio )
Errata:

Anunciei no meu post "ciranda infernal" que o tubarão esfomeado Michel "Foncia" Desjoyeaux havia batido um recorde de velocidade, mas esqueci de especificar que tratava-se do recorde do seu próprio bólido alado e não de um recorde mundial. 

Bons ventos amigos do MOLOTEVE/CF! 

Fernando "Estrela d'Alva" Costa

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