O primeiro Open 60 brasileiro vai sair já já da lanterninha da Vendée Globe
http://www.vendeeglobe.org/fr/
Salve amigas e amigos da arte-zen de velejar,
que os japoneses esqueceram, porque não sei, de catalogar, se velejar é a mais zen das artes.
Mais, muito mais que o shodo ( caligrafia ), que o sumi-ê ( pintura ), que a hai kai ( poesia ), que o ikebana ( arranjos florais ), que o chadô ( cerimônia do chá ). Concordam? Quem cala aquiesce. Adelante!
Quem tiver dúvidas a respeito que observe, com os olhos bem abertos, o belo e rubro veleiro "Saga" deslizando suavemente sobre as águas, governado pelas sábias mãos do Lars Grael, cuja mão direita, tive a honra de apertar, pela primeira vez, ontem de manhã, por ocasião da terceira edição, da charmosa Regata de Veleiros Clássicos de Búzios. Grande surpresa! Ele já ouvira falar da minha querida e humilde
"Estrela d'Alva".Pena que o aperto de mão não transmite toda a sabedoria que a mão detém, se sim a "Estrela d'Alva", mais eu, mais o meu fiel proeiro e colaborador Evandro "Aguavel" Lopes teríamos vencido a regata de ontem. Não vencemos, mas também não fomos atropelados pelos barcos maiores, não viramos, não pagamos mico (creio que não) e conseguimos completar o percurso. Também não chegamos em último. Ultrapassamos, por sorte, algumas das simpáticas bateras buzianas, irmãs maiores e mais cascudas que a "Estrela d'Alva, cada qual mais bonita e bem cuidada que as outras. Estão todos, seus timoneiros e respectivas tripulações, de parabéns. E saibam que se uma delas sumir, o primeiro suspeito do latrocínio serei eu.
Um minutinho só, impaciente leitor, apaixonado pela incrível Vendée Globe, que já falaremos sobre ela.
Antes queria dizer-lhe que desde que li uma certa frase, numa das mil trezentos e duas páginas da bíblia da vela francesa só penso dia e noite numa única coisa. Aprender a velejar com elegância, segurança e precisão. Porque? Porque qualquer barco à vela, por mais humilde que seja, conduzido com elegância, segurança e precisão vira a coisa mais linda do mundo.
Sobre a incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe tenho a dizer-lhes o seguinte:
O "peixe-grande" Sébastien "BT" Josse prossegue firme na ponta e já mergulhou de cabeça nos terríveis "quaranta bramadores", de mestre Vito Dumas. Atenção, muita atenção, senhoras e senhores, que é a partir de agora que as grandes emoções vão começar. Só espero que todos os 25 heróicos marujos e marujas, que se aventurarem nesta gigantesca montanha russa, feita de água salgada, sobrevivam, por mais doce que seja morrer em plena MAR.
( 1º lugar )
Bem mais a ré o "peixinho" Norbert "Nauticsport- Kapsch" Sedlacek assistiu a um belo nascer do sol.
( sem posição no momento )
Bernard "Cheminées Poujoulat" Stamm tenta avançar rápido sem quebrar. Este, que bom, não pertence à turma do "ou vai ou racha", do temerário Alex "Hugo Boss" Thomson, limado da prova, logo nos primeiros dias, por excesso ousadia.
( 19º lugar )
O "cação agressivo", apesar de simpático, muito simpático, Roland "Veolia Environnement" Jourdain, sentiu de repente algo estranho agarrar-se ao leme do seu bólido alado. Uma lula gigante? Não, uma grande barraca de plástico, fabricada pelo abominável bicho que está ameaçando a vida no planeta Terra. Já não bastasse as duas colossais e absurdas sopas de plástico do Pacífico, agora...
( 4º lugar - olha só meu novo favorito partindo pras cabeças! )
O "peixe-grande" Raphaël "Fondation Océan Vital" Dinelli, que quando em terra, passou a morar em Sables d'Olonne, não conseguiu ancorar a sotavento da nossa Trindade ( ventos fortes, ondas grandes e profundidades consideráveis) e continua com a adriça da grande "em frangalhos", como dizia minha avó Balbina. Quando a ouvi dizer pela primeira vez essa engraçada palavra, lembro-me bem, morri de rir. Depois ressuscitei e continuei a brincar no enorme quintal da casa dela. Pena, que minha querida avó Balbina, que me amava tanto, não teve a idéia de dar-me uma "Estrela d'Alva", no meu aniversário de 8 anos. Teria sido um milhão de vezes mais feliz nessa vida, que de pirraça ( outra palavra que minha avó gostava de usar ) passa bem mais rápido, quando a gente conquista um novo amor ou realiza um grande sonho.
Vai uma sugestão amigo Hombisveb*? Passe a enviar sua clássica, erudita, popular, suculenta e entusiástica coluna para todas as avós brasileiras. As avós, mais que os pais, compreendem o que é bom para os seus netos. Se elas não dão barcos à vela de presente pra eles, é porque não foram iniciadas ou não estão bem informadas sôbre a importância da divina vela. Só porisso. Salve, por favor, as crianças brasileiras, do marasmo de uma infância, à míngua do rei dos brinquedos. Por favor, não deixe que meu drama se repita.
( 22º lugar - vai ser passado já já pelo primeiro Open 60 brasileiro da história da Vendée Globe )
Sei que ele não gosta, mas vou tentar dobrar mais uma vez o temperamental cabo Búzios, a bordo da minha casquinha de noz. Alguém vai torcer pra ela não virar de novo? Vai Paulão? Vai Israel? Vai Maria? Vai Bambino? Vai Joãozinho? Vai Robson? Vai Tadeu? Vai Simone? Vai Melina? Prazer vê-los todos em Búzios amigos cabofrienses.
Bons ventos e obrigado pela atenção amigas e amigos
Fernando "Estrela d'Alva" Costa
Atenção, atenção!!! Notícia de última hora! Que eu saiba, fato inédito na planetária Vendée Globe. Dois concorrentes entraram em rumo de colisão e quase bateram um no outro, em pleno oceano. Estamos falando do "cação agressivo" Vincent "PRB" Riou e do "peixe-grande" Jean-Pierre "Paprec-Virbac 2" Dick. Gente, será que eles armaram essa pra roubar a cena? Não, não creio. Vejam o vídeo no site oficial da regata e tirem suas conclusões. Eu achei que houve um certo... Não, não direi nada. Não quero pensar com o cérebro torto dos meus detratores...
http://www.vendeegl obe.org/fr/
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