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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pena! Pena imensa! Pena máxima! - Mike Horn - velejador solitário



Meus melhores e mais belos sonhos, amigos, eu os sonho sempre a bordo da "Estrela d'Alva", embalada pela divina MAR, quando calma, numa enseada amiga.

Faz mais de nove meses que não tenho esse prazer.
Mas de ontem pra hoje, dormindo numa cama dura e imóvel em terra firme, tive um sonho interessante...
Começou mal, mas o final foi feliz, leiam.
Vinha eu velejando todo alegre a bordo da minha querida "Estrela d'Alva" num dia de sol forte e céu azul.
Parti da enseada da praia de João Fernandes em Búzios e me dirigia rumo à ilha de Âncora, que pretendia circunavegar pela terceira vez...
Um vento médio de través me levou até meio caminho entre Gravatá e Âncora. De repente apareceu do nada uma ameaçadora nuvem cinza-negro no céu. O vento rondou de NE pra E, aumentou de intensidade e disparou duas rajadas à queima-vela na "Estrela d'Alva", que "virou de cumbuca pra cima", no dizer da minha avó Balbina, atirando-me à MAR. Por sorte meu celular estava onde deveria estar. Numa embalagem estanque pendurada ao meu pescoço. Liguei pra Guarda Marítima, depois pro Corpo de Bombeiros, depois pro Icab, mas todos os telefones estavam ocupados. Tentei mais uma, duas, três, dez, trinta vezes, sempre ocupados. Liguei pros meus amigos particulares, nenhum atendeu. Pensei...
- Só me resta uma coisa a fazer, deitar na prancha de surf, que meu amigo Telmo Moraes ajudou-me a comprar e nadar até a ilha de Âncora... Preciso fazer isso rápido, antes que caia a noite e apareçam os megalodontes...
Se me perguntarem, não sei dizer-lhes porque em vez de pensar em tubarões, pensei em megalodentes, que extinguiam-se há milhares de anos.
Quando já ia abandonando a "Estrela", vejo um veleiro aproximar-se de nós a alta velocidade. Reconheci o "Pangaea" do Mike Horn com tudo em cima. Num piscar de olhos alcançou nossa posição. A bordo, debruçados por cima da amurada, olhando-me atentamente, vi o Mike Horn, a Jéromine Pasteur, o Michel Desjoyeaux e a Laurinha Dekker.
Mike Horn tomou a palavra e disse.
- Fique calmo, que vamos tirá-lo daí Fernando.
- Estou calmo Mike.
- Melhor assim, quem mata é o pânico e jamais a MAR.
Logo a seguir a Jéromine e o Michel jogaram-me cada um o chicote de um cabo e o Mike falou com seu forte sotaque sul africano.
- Amarre um no bico de proa, outro na popa da Estrela.
-  Pronto Mike!
- Agora retire os bujões Fernando.
- Mas Mike, a "Estrela não tem bujões!
- Não tem, mas deveria ter, tome isto e faça dois furos no fundo da canoa.
Disse isso e me atirou um antigo arco-de-pua todo enferrujando.
Fiz dois furos no fundo da "Estrela", que minuto seguinte ganhou altura. Toda a água que lhe enchia o bojo vazou. Mike Horn atirou-me duas rolhas. Vedei com elas os orifícios recém-abertos no fundo de compensado naval da Estrela, que arriada de volta à superfície da MAR, voltou a flutuar. Amarraram-na pelo arganéu do bico de proa à popa do "Pangaea". Içaram-me pra bordo. Recebi quatro apertos-de-mão de verdade, mais dois beijos, um da Jéromine outro da Laura. Minuto seguinte o Michel Desjoyaux entregou-me roupas secas pra vestir, mais um chocolate quente pra beber. Quando eu já estava agasalhado e bem nutrido a Jéromine segurou no meu ombro com firmeza e disse olhando-me no fundo dos olhos.
- Estamos velejando por velejar, quer vir conosco?
- Cla-cla-cla-ro! Mas de onde vocês vêm?
- Da França.
- E pra onde vocês vão?
- Pras paradisíacas ilhas do Pacífico, após realizarmos uma volta e meia ao mundo, sem escalas, passando pelos cabos Boa Esperança, Leewin e Horn.
- À semelhança de mestre Moitessier em 1968/9?
- Isso mesmo.
- E o Michel não participa mais de regatas?
- Cansei do stress das regatas Fernando. Você é quem está certo. Nada melhor que velejar por velejar.
- E o Mike? Não realiza mais grandes trabalhos-de-Hércules?
- Cansei Fernando, não das minhas aventuras, mas do assédio da imprensa e das exigências dos meus ex-patrocinadores. Razão tem você. Nada melhor que velejar por velejar.
- Vem conosco?
Disseram a Jéromine Pasteur e a Laura Dekker em coro.
- Claro que sim! Respondi eu feliz da vida.
Mas nisso meu despertador tocou e acordei...
Pena! Pena imensa! Pena máxima!
- Voltando ao mundo real, querem saber o que meu herói Mike Horn anda fazendo neste exato momento?
- Vejam!


http://www.mikehorn.com/en/pangaea

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