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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Moitessier dobrando o cabo Horn - segunda estrofe - poema


foto - Fernando Costa

MOITESSIER DOBRANDO O CABO HORN
 
estrofe 2

- mas o que que é isso meu pai do céu?!
a lua continua tirando fogo de dentro de sua nuvem-cartola!!!
- não, não, de jeito nenhum, isso não pode ser!
passei tempo demais sozinho na MAR
contraí a doença das profundezas
só pode ser...
estou delirando, variando, tresvariando
vendo coisas que não existem
a três dedos da insanidade
tudo erro, encanto, engano, miragem!
antônimo de realidade...
invenções da minha tresloucada mente...
crestada de tanto sol
curtida de tanto sal
- santo Deus, captei!
só pode ser isso!
trata-se da famosa auréola esbranquiçada do Horn.
esse fenômeno terrível de que nos fala mestre Slocum,
prenúncio sempre de fortíssimos pés de ventos!
agora que desvendei o mistério, sinto mais medo ainda
aterrorado, estou aterrorizado, confesso!
Édipo diante da esfinge
após ter decifrado a esfinge
não tremeu mais do que eu tremo agora
adivinhando sua futura tragédia
de repente a MAR, de calma torna-se ameaçadora
as estrelas brilham agora com um clarão muito duro
a lua fez-se glacial
no zênite um segundo facho de luz eleva-se ao lado do primeiro!
e um terceiro ao lado do segundo!

 Poema em versos livres, re-criado por mim, utilizando metade das palavras do próprio Moitessier, em O LONGO CAMINHO (La longue Route), traduzido pela Carmen Ballot e publicado pelas Edições Marítimas em 1984.

Extrato da newsletter nº 18 de 3/10/2008 – projeto “Estrela d’Alva”



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