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domingo, 5 de setembro de 2010

Amélia que era a batera de verdade - newsletter nº 13/2008

foto - Henrique Souza
Se a amiga leitora me permite comparar o barco à vela com a mulher, eu digo que os veleiros de fibra de vidro seriam essas mulheres difíceis e exigentes que só querem transitar em carro do ano, jantar em restaurante caro e fazer amor em hotel de cinco estrelas. Ao contrário, uma canoa alada seria a famosa Amélia da canção.



"Amélia não tinha a maior vaidade, Amélia que era mulher de verdade."



Poucos brasileiros descobriram, até o momento, o imenso prazer de velejar e dentre esses poucos felizardos, uma minoria se deu conta do inestimável valor que uma boa batera de madeira, a remo e à vela possui.
Falemos sobre isso. Falemos do que uma boa batera a remo e à vela tem que os outros barcos à vela todos não tem.
Rusticidade!
É graças à rusticidade, por favor não confundir com rudeza, da batera a remo e à vela, que você pode entrar em profunda intimidade com o uterino ambiente marinho. Porque uterino? Porque a MAR é tão agradável para os marujos, quanto o útero materno é para o feto. A MAR amigos, é o útero da Terra.
Com uma batera a remo e à vela você pode chegar facilmente até à praia e aí deixá-la encalhada, para explorar a floresta vizinha, caminhar pela orla ou dormir.

link da imagem
Com uma batera a remo e à vela você pode pescar e usar a bolina, o leme ou um dos bancos como tábua pra cortar peixe.
A bordo de uma batera a remo e à vela você pode armar uma churrasqueira e fazer a festa como os amigos e a criançada.
Numa batera a remo e à vela você pode subir calçado e sem limpar a areia dos pés. Quer coisa pior do que você embarcar num veleiro de plástico e o dono do barco pedir pra você tirar os tênis? Andar descalço num barco de plástico é a véspera do desastre, concordam? Eu aprendi na escola de vela francesa Les Glénans ( http://www.glenans.asso.fr/ ), que você só entra num veleiro pra velejar, de tênis e colete salva-vidas vestidos. Um lhe protege os dedos dos pés contra topadas nas ferragens do convés, ao mesmo tempo que lhe impede de escorregar e quebrar a perna ou a cabeça e o outro lhe dá uma pequenina chance de sobrevivência em caso de queda na MAR.
Com uma batera a remo e à vela você pode brincar de tirar fino das pedras. Caso você erre e dê com a bico de proa numa delas, primeiro a canoa não afunda e segundo, você mesmo a conserta com um pedaço de madeira encontrado no lixo mais uma dose de araldite mais pó de serra, não é verdade?

link da imagem
Com uma batera à vela de seis metros de comprimento de boca, dois metros de largura e trinta centímetros de calado você pode transportar tranquilamente 300 quilos de carga ou cinco pessoas de 70 quilos.
E agora a qualidade que eu mais aprecio. Você pode personalizar livremente sua batera a remo e à vela de madeira. Se você quiser inventar e instalar uma alavanca pra escora na sua batera, você pode. Se você quiser inventar e instalar um trapézio ( o brinquedo elevado ao brinquedo ) na sua batera a remo e à vela, em madeira, você pode. Se você quiser inventar e instalar uma escada de corda para subir a bordo da sua batera a remo e à vela, você pode e deve. Se você quiser inventar e instalar um suporte para vara de pescar você pode. Se você quiser inventar e instalar uma barraca para se proteger do sol e eventualmente dormir a bordo, você pode e ninguém tem nada a ver com isso. Se você quiser desenhar, confeccionar e arvorar seis bandeirolas de cetim, com uma logomarca ou brasão inventado por você, para a sua nova batera a remo e à vela, você pode. Enfim você pode fazer tudo que lhe der na telha, na sua batera a remo e à vela. Os outros poderão lhe chamar de maluco, mas não poderão lhe impedir de fazer o que você quiser, a bordo da sua canoa a remo e à vela de madeira. Simplesmente porque não existe nenhuma lei que impeça um cidadão-marujo de fazer o diabo com sua batera a remo e à vela de madeira. Percebem?
E isto não é tudo, vocês encontrarão outras qualidades da batera a remo e à vela e similares no link FVA.

Extrato da Newsletter nº 13 de 27 de junho de 2008 - Projeto “Estrela d’Alva”

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