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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Conquista* da primeira ilha de nossa pretensiosa lista de 100 – ILHA RASA – Rio de Janeiro, Brasil. – PARTE 2/3




O ATAQUE SURPRESA DA PERVERSA NUVEM NEGRA

– Vinhamos navegando alegremente, com tudo em cima, cantando, sorrindo, dançando, felizes da vida, quando de repente o vento começou a fraquejar… fraquejar… fraquejar.. até parar de vez.

–  Amargamos mais alguns minutos de calmaria no auge do cansaço.

– Razão tem os marujos do mundo inteiro, ao desejar trocar calmarias por

tempestades.

– De repente apareceu uma enorme nuvem negra pela proa, ocupando todo o horizonte e eu disse pra ela em tom amistoso.

– Venha, venha nuvem amiga e solidária, venha ajudar-nos a voltar pra Urca.

–  Foi graças às suas gentis irmãs que nós conseguimos conquistar a ilha Rasa e será graças a você que nós voltaremos para casa.

– Então a perversa nuvem negra franziu o sobrecenho, olhou-nos com olho mau, encheu as enormes bochechas de ar e cuspiu-nos um horrível bafo quente na cara.



 

– Minuto seguinte fechou o volumoso punho e deu um violento murro na barriga do YANKEE BRAVO, coitado, que adernou até seu rubro mastro quase tocar a água.
Veja acima o ponto em que a Nuvem Negra nos atacou

– As velas buja e mestra enfunadas ao máximo, começaram a panejar histericamente, sacudidas por um vento de mais de 30 nós, que parecia soprar de todas as direções, fazendo escotas e adriças chicotearem o convés do meu barquinho sem dó nem piedade.

– Fiquei atônito, paralisado, sem saber o que fazer e pensando desesperado…



– Danou-se!!!!

– Vamos naufragar!

–  Vamos naufragar!

– Se o enorme CONCORDIA, dez vezes maior que o YANKEE BRAVO naufragou quando atingido por um microburst…

– O que será de nós meu Deus?

– Nós, que tivemos a pretensão de conquistar cem ilhas, iremos pro fundo logo após termos conquistado nossa primeira e única ilha.

– Felizmente despertei a tempo do meu pesadelo e comecei a agir.

– Viver é agir e não simplesmente respirar, amigos.

– Larguei todas as escotas das velas.

–  Corri pra proa.

–  Arriei a vela buja.

– Depois arriei a vela mestra.

–  Depois troquei a buja por uma buja de tempestade.

–  Depois rizei a vela mestra.

– Pensei em buscar refúgio no centro do arquipélago das Cagarras…

– Péssima ideia logo abandonada.

–  Decidi “correr com o tempo” rumo às ilhas Maricás e mais tarde em direção à* alta* MAR,  que é e será sempre nossa esperança de salvação durante qualquer porranca.

  – Fugir para alta* MAR e jamais em direção de terra, ouviram bem?

– Tem muito marujo cascudo por aí que já se ferr…$#&@-?! por ter feito o contrário do que reza este sábio princípio.


– Bem… toda tempestade passa e depois que a tempestade passou içamos as velas e continuamos navegando rumo ao Norte.


– O sol já havia mergulhado na piscina do horizonte e nós na escuridão da noite verdadeira.

– O interior do barco, como vocês já imaginaram, virou um caos de objetos misturados e empilhados.


– Mas eu estava feliz.


–  Muito feliz!


– Por quê?


– Porque o meu veleiro, mais o antigo mastro, mais os estais novos haviam resistido a esse primeiro e violento ataque surpresa dos elementos.


– Comecei a ganhar confiança no meu Atollzinho naquele exato momento, eis o principal motivo da minha alegria.


– O vento voltou a soprar com tranquilidade.


–  Talvez com tranquilidade excessiva, o que nos obrigou a orçar toda a noite.


–  Avançando sempre em direção à boca suja, da imunda Baía de Guanabara.


– Avançando sempre, é verdade, mas sempre muito devagar.

– O sol nasceu belo e amarelo.


– Tirei duas fotos do nascimento dele pra mostrar pra vocês.


– Não tirei mais porque a bateria do meu smartphone estava no limite.


– Minhas forças idem, por falta de sono e nutrientes.


– O dia rompeu, o sol subiu e o vento continuou a soprar fraquinho de norte, obrigando-nos a continuar orçando… cabeceando* lentamente em direção a ilha da Laje, que me parecia inalcançável.


– Acreditem se quiserem, mas levamos 18 horas pra navegar do través das ilhas Cagarras até o través da ilha de Cotunduba, onde o vento morreu de vez.

– Qual a causa dessa lentidão?

– Várias, além dos ventos fracos é claro.

– Uma delas era o reboque do caiacão GILLIATT, que enchera o tanque de flutuação de ré de água salgada, praticamente impossível de esgotar em plena* MAR.

– Tivemos sorte, muita sorte mesmo de não sermos esmagados durante a noite por nenhum dos monstruosos navios que cruzaram nosso rumo entrando ou saindo do Porto do Rio de Janeiro, em especial um deles que apelidei de FOGUETÃO.

– Acreditem se quiserem, mas FOGUETÃO penetrou na baía de Guanabara a mil por hora, produzindo um tsunami tão violento que eu quase fui arremessado por cima da balaustrada quando o YANKEE BRAVO foi atingido pela primeira onda que ele produziu.

– Continua e termina no próximo post.

– Grande abraço e bons ventos a você que leu-me até aqui!

– Coisa rara hein?

– Parabéns!

– Que eu saiba brasileiros adoram assistir novela, com a cara safada bem colada na tela da maldita TV, mas odeiam ler, coitados.

Fernando Costa, do projeto UMA CENTENA DE ILHAS ANTES DE MORRER

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