Muito bom dia amigas e amigos desde oceânico blog.
Após muito haver procrastinado, iniciei em fim a minha tão sonhada expedição UMA CENTENA DE ILHAS ANTES DE MORRER.
Maldita seja esta terrível doença que assola, que faz sofrer, que debilita e mata 90 por cento dos brasileiros.
Estamos falando da famigerada PROCRASTINAÇÃO.
Desde quando venho procrastinando a execução do meu projeto UMA CENTENA de ILHAS antes de MORRER?
Pasmem, desde 2010!!!
Prova de que nós humanos morremos de medo da
Gosto nem de pensar nisso.
Mas como costuma dizer minha querida avó Balbina, “antes tarde do que nunca”.
Que horas iniciamos a caça da ilha RASA, Rio de janeiro, Brasil?
As 8:31 h do dia 2 de janeiro de 2020.
Que horas essa mirabolante primeira aventura acabou?
Acreditem se quiserem, às 14:50 h do dia seguinte.
Ou seja, 30 horas e 19 minutos após tê-la começado.
Acreditem se quiserem, mas durante todo esse tempo não parei de navegar a vela, sem ter dormido nem comido.
Lembro- me de ter parado apenas para trocar velas e beber três goles d’água.
As 8:31 h exatamente enviei a seguinte mensagem ao nosso amigo e colaborador escocês Jamie Patterson:
“I go, I go; look how I go, swifter than arrow from the Tartar’s bow.” / William Shakespeare.
Minuto seguinte larguei da providencial poita do nosso amigo e colaborador Paulo Harkot e saí rebocando meu Atoll 23 YANKEE BRAVO na esteira do meu cascudo caiacão GILLIATT, em direção ao meio da enseada de Botafogo.
Já tinham visto alguém rebocar um veleiro de cruzeiro com um caiaque?
Não?
Perderam o raro espetáculo.
Um vento de sudoeste, fraquíssimo, quase nulo, começou a soprar e nós deslisamos suavemente em direção a barra da Baía de Guanabara.
Eu, que desde que havia adquirido o YANKEE BRAVO, há dois anos atrás, só tinha navegado em águas interiores, adentrei, em fim, profundo reino mágico de Netuno.
Ahhhh…
Eu adoraria contar esta aventura para vocês no detalhe, mas por absoluta falta de tempo contarei apenas os três melhores momentos.
Primeiro – a circum-navegação da ilha Rasa.
Segundo – o ataque surpresa da perversa Nuvem Negra.
Terceiro – a violenta porranca da ilha de Cotunduba.
A CIRCUM-NAVEGACAO DA ILHA RASA
Após termos navegado com vento consistente de sudoeste, do través da ilha da Laje até o través da Ilha de Cotunduba, o vento amainou… enfraqueceu… definhou… e foi a duras penas que orçando devagarinho, conseguimos chegar até as imediações da Ilha do Pai, onde o vento por fim faleceu…
E aí ficamos, eu o YANKEE BRAVO, mais o caiacão GILLIATT sofrendo entre as mãos sadicas de EOLO e NETUNO, o que de pior a gente pode sofrer em plena* MAR.
Refiro-me aos males da insuportável calmaria.
Quem mais sofreu?
Quem sofreu mais foi o YANKEE BRAVO que ficou balançando doidamente, coitado, ao sabor de um swell colossal.
Dava pena de ver o infeliz esfolando suas velas contra os estais e macacos esticadores de bronze e aço inox.
Mas o que é que eu podia fazer, meu Deus?
Nada, não é verdade?
De repente apareceu uma nuvem negra, prenhe de chuva, trazendo algum vento e nós pudemos então rumar direto para a ilha Rasa, naquele momento distante de nós umas quatro milhas.
Direto sim, mas orçando sempre, entendam-me bem.
Isso parece estranho, mas tenho a sensação de que todos os ventos sopraram sempre pela proa do pobre YANKEE BRAVO, durante essa curta-longa viagem, obrigando-nos a orçar indefinidamente.
Depois a nuvem de chuva se foi e a calmaria reinstalou-se.
Depois outra nuvem de chuva apareceu e nós avançamos mais um pouco em direção ao nosso objetivo.
Depois um bom vento de sudoeste chegou pra ficar e nós orçamos cada vez mais rápido, em direção à ilha número 1 de nossa lista de 100 unidades, nas imediações da qual chegamos por volta das 15 horas.
Que maravilha, que delícia, depois de tanto esperar… depois de tanto sonhar… lá estávamos nós, em três dimensões, em carne e osso, pertinho da ilha RASA.
Tudo parecia ao mesmo tempo real e surreal.
Iniciamos a circum-navegação da ilha por Leste e barlavento.
Guardando uma distância cautelosa, pois como vocês bem sabem, é a barlavento de uma ilha que moram todos os demônios.
Mas…
Tem sempre um MAS.
Navegavamos, navegamos, MAS não chegamos a completar a circum-navegação da ilha.
Porque?
Porque deram 17 horas!
Avaliem acima o caminho que percorremos em linha reta. Para completarmos a circum-navegação da ilha Rasa ficou faltando no máximo 5 % do percurso que fizemos, eis porque considero a Ilha Rasa conquistada. Percebem?
Hora limite prevista para começarmos a voltar para o interior da Baía de Guanabara, sob pena de termos de navegar mergulhados no breu num dos lugares mais perigosos do mundo.
Por que tão perigoso assim?
Por causa do intenso tráfego marítimo que rola no pedaço.
Como já havíamos realizado bem mais da metade da circum-navegação, eu considerei a ilha Rasa conquistada* e decidi arrumar para o Sul.
Continua amanhã ou mais tarde.
Bons ventos mais um grande abraço.
Fernando Costa do projeto UMA CENTENA DE ILHAS ANTES DE MORRER
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