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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Tristeza não tem fim, felicidade sim... - news de agosto de 2013 - 3



"Robinson Crusoé" e o skipper do "Salvamar Dubhe" conversam amigavelmente após o acidente - La Línea de la Concepción - 18 de agosto de 2013 - 16 h 26 -  foto de Fernando Costa


Muito bom dia amigas e amigos leitores!

“Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar...”

Pois é, lá íamos nós velejando alegremente rumo à lusitana ilha da Madeira, quando de repente, o vento que havia soprado forte durante 30 horas, amainou... As velas do nosso cascudo ketch começaram a bater e “Robinson Crusoé”, decidiu, contra a minha vontade, acionar o possante motor Caterpillar do “Plaisir-du-Soleil”, recentemente adquirido, instalado, revisado, inspecionado e garantido.
Vou resumir tudo que se passou depois, porque sei que o tempo de vocês é curto e que brasileiro odeia ler.
- Resumindo portanto, em três breves palavras o ocorrido: “o motor fumou”. 
Eu estava no timão, quando senti um forte cheiro de queimado e gritei a plenos pulmões:
- "Robinson"! Socorro! Incêndio a bordo!
"Robinson" deu um salto do
beliche, desligou o motor, mergulhou na praça de máquinas e constatou que todo o óleo lubrificante havia vazado do carter. Uma fumaça escura e densa envolveu-nos a seguir, mas felizmente não havia fogo a bordo, embora minha avó Balbina afirme que “onde há fumaça há sempre fogo”.
Mas ela também diz que "toda regra tem exceção".
Resumindo, decidimos abortar a travessia e voltar pra Gibraltar à vela.
Resumindo, passamos uma noite infernal bordejando entre a Europa e a África, tendo contra nós os navios mercantes do mundo inteiro, que circulam às dezenas, “pra baixo e pra cima”, entre Tarifa, Algeciras, Tânger,  e Ceuta. Isso sem falar das invisíveis boias de pesca que pontilham este agitado pedaço de MAR, próximo à costa. No través de Tarifa o vento ultrapassou a perigosa casa dos 30 nós e fez nosso veleiro de 15 toneladas parecer um Laser mal escorado, se é que entendem o que digo.
Resumindo, ao raiar do dia, entramos na baía de Gibraltar e fundeamos em La Línea de la Concepción, Espanha.
Um pouco mais tarde, o vento de leste refrescou e começou a empurrar-nos pra cima das pedras do molhe e por princípio de precaução pedimos socorro ao Serviço de Salvamento Marítimo de Cádiz. Durante o reboque, o bisonho skipper espanhol esqueceu por um instante, que a inércia existe e nosso veleiro cravou seu grosso gurupés metálico no través do pequeno rebocador. Resultado: estrago em ambos os barcos. Quando aconteceu isso? Ante ontem, dia 18/08/2013, às 15 h 42.
Eis como, amigas e amigos, aquela que seria a mais agradável das minhas travessias, degringolou feio. Mais tarde, assim que puder respirar, pretendo reescrever esse post, acrescentando alguns detalhes importantes que ficaram faltando.
Um deles foi o grave acidente que sofri no segundo dia de viagem, durante um traiçoeiro “jibe chinês”, que poderia ter-me custado a vida ou me tornado paraplégico pro resto dos meus dias.
- Macacos me mordam! Acreditem se quiserem, mas no momento em que lhes escrevo estas mal digitadas linhas,  está rolando uma guerra entre Espanha e Inglaterra. E agora José? José para onde?
Abraços e até breve, se uma bomba não cair bem em cima do “Plaisir-du-Soleil”, onde estou morando gratuita e confortavelmente, a convite do gentil “Robinson Crusoé”, que me trata como amigo de fé, irmão, camarada, desde que nos conhecemos, sexta-feira passada. Vontade, sabem de quê? Intimar “Viking Hamlet”, “Skipper Bavaria”, “Grosse Gamelle” mais “Monsieur Jacarê » a vir aprender com  «Robinson Crusoé » ou se preferirem "Próspero" ou se preferirem "l'Évêque Myriel" como é que se trata um ser humano.

Fernando Costa, no meio do fogo cruzado

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