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sábado, 8 de dezembro de 2012

Impossível, porque impossível? - Diário da Vendée Globe - 28º dia - 08/12/2012





Os vinte super-marujos-solitários que partiram  em 10/11/2012 para disputar a atual edição da regata Vendée Globe -  Les Sables d'Olonne - França - foto de Fernando Costa





Mais uma coisa incrível (quase impossível de se acreditar) acaba de acontecer nesta regata toda incrível, toda impossível, amigos leitores. Tomem nota pra não esquecer: rolaram nada menos que cinco trocas de líderes nas últimas 24 horas. “Du jamais vu”, como dizem meus sábios anfitriões gauleses. E o atual líder é o debutante-recordista François Gabart. Ô garoto bom-de-vela! Escrevi isso hoje de manhã e agora à tarde verifico que
Armel Le Cléac'h retomou a ponta. 


- Não sei se o amigo leitor estava presente à coletiva de imprensa realizada dia 8/11/2012 no Village Vendée Globe, quando todos, eu disse todos sem exceção, os super-velejadores-solitários que participam, ou já participaram da presente edição da Vendée Globe se reuniram pela primeira vez diante do público, a maioria composta de jornalistas e fotógrafos. Estava amigo leitor? Não? Eu sim, com indizível prazer e logo após o curto discurso que cada um dos 20 super-velejadores-solitários fez, eu, prestem atenção, eu, o humilde-canoeiro-solitário da Costa do Sol fiz uma pergunta “farfelue” no dizer dos gauleses. Minha pergunta foi precedida por um prólogo que fez todos rirem e alguns aplaudirem.  Eu disse mais ou menos assim, prestem atenção:

“- Bom dia senhoras e senhores, meu nome é Fernando Costa e eu sou brasileiro. Como os senhores sabem os brasileiros são loucos por futebol. Mas eu não. Eu sou uma exceção, eu trocaria três copas do mundo com o Brasil campeão por uma única Vendée Globe (com um único brasileiro participando da regata).” Na hora, o nervosismo impediu-me de dizer o trecho entre parêntesis. LoL!
Este foi o prólogo e a pergunta foi a seguinte.

“- Eu gostaria que o super-velejador-solitário Bertrand de Broc, (aquele que levará os nomes da minha querida canoa alada “Estrela d’Alva”,  mais o do meu amado Brasil, impressos sobre o casco do seu belo-bólido-alado “Votre Nom Autour du Monde et EDM Projets”) me respondesse porque esta incrível, fantástica e extraordinária regata não faz mais sucesso junto ao público mundial, que uma Copa do Mundo de Futebol?”
- Bertrand de Broc não respondeu à minha questão, por estar, segundo ele mesmo declarou no princípio da coletiva, esgotado física e mentalmente.  Então Jean Le Cam, o grande Jean Le Cam tomou a palavra e disse:
“Simplesmente porque uma bola de futebol é um milhão de vezes mais barata que um open 60”.


Sinceramente, a resposta do cascudíssimo e irreverente “Roi Jean” não me convenceu.
Eu acho essa regata tão original, tão moderna, tão ousada, tão perigosa, tão longa, tão mirabolante, tão romântica, tão emocionante, tão bela que não admito que ela que é planetária no seu percurso ainda não seja planetária na sua participação e audiência. 
Da Vendée Globe dos meus sonhos, amigos, participam 100 super-velejadores-solitários, cada qual egresso de um país diferente.
- Impossível?
Porque impossível se as Olimpíadas são possíveis?
Mas com certeza quando o preclaro Barão de Coubertin sonhou  com as Olimpíadas tal qual elas são atualmente, muita gente disse que seria IMPOSSÍVEL.
Tem sempre alguém pra dizer que um sonho é impossível.
Quanta gente não disse ao Philippe Jeantôt que a regata “Vendée Globe” seria impossível?
Porque “A Vendée Globe dos meus sonhos” é impossível se o simples enunciado dessa regata sui-generis faz o coração de qualquer macróbio humano pular de emoção. Quer fazer um teste amigo leitor? Sim? Pronto?
Então leia isto em voz alta:
“Vendée Globe -  Regata à vela, em solitário, de volta ao mundo, sem escalas, sem assistência e passando pelos três terríveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn.”
Então diga-me a verdade, quantos batimentos  por minuto seu coração apaixonado acaba de registrar?



CURIOSIDADE 1 – Salão Náutico de Paris mais a festa anual "chez"  Les Glenans

Se o amigo leitor gosta de visitar Salões Náuticos, o de Paris acabou de abrir suas portas e só deverá fecha-las em 16/12/2012. Outro evento importante, do qual eu adoraria participar , eu que sou, com muita honra “membre adhérent” da "Les Glenans" (maior e talvez melhor escola de vela européia) desde 2005, é a festa anual Syzygie que acontece esta noite em Paris de 22 horas ao nascer do sol a bordo de um barco navegando no Rio Sena em Paris. 

http://www.salonnautiqueparis.com/

http://www.glenans.asso.fr/fr/

CURIOSIDADE 2 – Ingleses x Franceses a eterna disputa

Andei pesquisando de novo a história das regatas de volta ao mundo à vela, em solitário, sem escalas e sem assistência e verifiquei que, enquanto que seis ingleses e apenas dois franceses participaram da regata “The "Golden Globe Challenge" que foi a primeira de todas no gênero, na atual edição da “Vendée Globe”  12 (doze)  franceses partiram de Sables d’Olonne em 10 de novembro do corrente, com a intenção de dar uma volta completa em torno do planeta Terra (que deveria chamar-se ÁGUA), contra apenas um, dois, três ingleses. Pra ser exato, dois ingleses e uma inglesa, campeã mundial de simpatia, que abandonou prematuramente a regata e deverá estar de volta amanhã a Sables d’Olonne para alegria de todos que a adoram, eu logo no começo da longa fila dos seus infinitos fãs, com minha câmara fotográfica insaciável na mão... :)



CURIOSIDADE 3 - Há quatro anos atrás...

Não sei se vocês ainda se lembram, mas, há quatro anos atrás, eu escrevi o seguinte na 26ª página do meu diário do "Everest dos Mares":




"Especialmente pra você, prezado leitor, que já ouviu falar, mas ainda não se ligou no caráter extraordinário da planetária Vendée Globe, acabo de reler a rubrica "Histórico", do excelente site da regata e selecionei alguns dados interessantes para ilustra-lo. Três minutinhos de leitura e você compreenderá o porque do retumbante  e crescente sucesso desta hercúlea maratona marítima, chamada de "O Everest dos Mares". 

enunciado

Única competição esportiva à vela, de circunavegação do planeta Terra, sem escalas e sem assistência e reservada aos mais cascudos velejadores do mundo.  

idade

19 anos

nacionalidade

francesa

paternidade

Idéia excêntrica de Philippe Jeantot, bi-campeão da Boc Challenge, com a intenção de potencializar o conceito de aventura e ao mesmo tempo promover uma profunda e perfeita simbiose entre o marujo e seu barco, o que só é possível através do aumento do tempo de convivência entre ambos. Infelizmente o pai de tão ousada e brilhante idéia foi recentemente banido do lar e afastado definitivamente de sua, cada vez mais famosa, prestigiada e disputada filha.
Apesar de condenado pela justiça francesa, Jeantot continua a afirmar com toda convicção:
- Surrupiaram a minha regata!
Eu voto pelo seu indulto e você amigo leitor? 

ex-campeões

Titouan Lamazou (1989-1990)
 Alain Gautier (1992-1993)
Christophe Auguin (1996-1997)
Michel Desjoyeaux (2000-2001)
Vincent Riou ( 2004-2005)

Não sei se a amiga leitora já percebeu, mas três ex-campeões estão participando da atual edição da Vendée Globe: Alain Gautier na organização da prova, mais Vincent Riou e Michel Desjoyeaux, dando show de competência na mais longa e intempestiva das raias de vento. Sendo que este último, se conseguir manter o alucinado ritmo que vem imprimindo ao seu bólido alado, desde a sua re-partida em último lugar de Port Olona, deverá ser, dentro de menos de dois meses, o primeiro bi-campeão da prova. 

Os temíveis três cabos

O imenso percurso ( mais de 24 000 milhas náuticas ) da regata passa pelos três temíveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn, o que a torna ainda mais perigosa, exigente e excitante."






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