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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E agora José, José para onde? - Diário da Vendée Globe - 31º dia - 11/12/2012









Muito bom dia amigas e amigos leitores que acabaram de mergulhar neste nosso oceânico blog, após um longo período de ausência!

- Perdidos em alta MAR? 
- GPS? 
- Tenho não.
- Vai um sextante? 
- Bem, para que vocês compreendam o que vão ler ao longo dos próximos 50 e dos últimos 30 dias idem, saibam que voei do Brasil pra Inglaterra(Londres) e minuto seguinte pra França (Paris), no último dia do mês de outubro do corrente. Saibam que chegado a Paris (França) viajei de trem até La Roche-sur-Yon (“capital da Vendée”) e que de lá cheguei aqui a Les Sables d’Olonne  a bordo de um confortável taxi-Mercedes, não pago por mim, que como vocês sabem, não sou rico, mas pela SNCF. Porque? Porque um trem que estava previsto para vir até Sables d’Olonne deixou de partir. Na França é assim, na falta do trem, os passageiros são
transportados até seu destino final, por taxis fretados pela SNCF, uma das principais empresas públicas francesas. Vim fazer o que aqui?  Assistir a partida para a sétima edição da regata Vendée Globe, mas fiquei tão encantado com tudo que vi e ouvi, que acabei decidindo instalar-me na charmosa Sables d’Olonne e acompanhar dia após dia essa incrível, fantástica, extraordinária aventura humana travestida de regata à vela, que é a planetária Vendée Globe, pela qual eu trocaria três Copas do Mundo de Futebol com o Brasil campeão. 



Querem saber onde estou neste exato momento? A bordo do meu veleiro “francês” “Doliceyou”, um Daimio de 23 pés, que comprei só pra me servir de casa,  escrevendo mais uma página do meu tresloucado diário pra vocês. Ficou bem claro? Entenderam tudo? Quem sabe ler tira proveito até de quem não sabe escrever, não é verdade?
O problema... há sempre um ou vários problemas a resolver, quando a gente parte pra uma nova aventura, concordam? Problema sério agora é escolher o assunto que vou abordar em cada nova página do meu tresloucado diário da Vendée Globe. Minha lista de temas palpitantes tende para + infinito. Duvidam? Querem ver? Seja feita vossa vontade.  Vou mostrar a lista inteira não, que ela não cabe na página. Só os treze primeiros tópicos. Pode ser?

1 - Alimentação, o perigo das guloseimas a bordo
2 - A Vendée Globe, o pentatlo, o decatlo e o milatro
3 - Bernard Stamm, dente quebrado – acidentes pessoais a bordo de um barco à vela
4 - Rei Jean Le Cam e seus três fantoches – Monsieur Costaud - solitários viram comediantes
5 - A Cavalgada dos Valquírios – Quantos será que sobreviverão a esta ciranda infernal
6 - Jérémie Beyou e Samantha Davies de retorno a Sables d’Olonne – a compaixão de um povo amigo dos marujos solitários
7 - Completar o longo trajeto da Vendée Globe é circunavegar a mais difícil das ilhas
8 - Alex Thomson e a teoria do ou vai ou racha
9 - Alessandro "A vida é bela" de Benedetto, “velejando por velejar” em plena Vendée Globe
10 - Minha nova série “Coup de Coeur” – François Gabart
11 – Os arquitetos que construíram esses bólidos alados
12 – Quarto OFNI – o acidente de Alex Thomson
13 – Os dois melhores alunos de mestre Michel Desjoyeaux

"E agora José, José para onde?"
E agora, que você conhece os treze primeiros tópicos da minha infinita lista de assuntos a tratar no diário da incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe, diga-me amigo leitor, sobre qual deles devo escrever amanhã de manhã?  Esse é o meu problema de todo dia, percebe? Escolher um assunto pra pensar sobre ele durante 24 horas, pra poder escrever a respeito no dia seguinte.

CURIOSIDADE 1

Perguntaram a todos os super-velejadores-pseudo-solitários que disputam a atual edição da Vendée Globe, do que eles mais sentiam falta após 30 dias de regata. A amiga leitora poderá ler algumas respostas em francês aqui. A minha resposta favorita é a do italiano Alessandro de Benedetto e a sua amiga leitora? Que foi que ele disse? Que a primeira coisa da qual ele mais sentiu falta ele não poderia dizer, mas que a segunda, foram frutas frescas. Tem razão mestre Alessandro, frutas frescas são o melhor e mais saboroso alimento deste mundo. Falar nisso mais tarde ou amanhã de manhã vou comprar mais frutas e legumes frescos pra mim, que todos os que eu tinha acabaram. Minto, sobraram duas beterrabas, beterrabas não, duas “aubergines”, incrível, esqueci como se diz aubergines em português, ahh!  berinjelas, isso, sobraram-me apenas duas beringelas que vou comer daqui a pouco, fritas em azeite de oliva com molho de cebola, alho, mostarda de Dijon e pimenta do reino pra acompanhar alguns maquereaux (carapaus)  enlatados. Servida amiga leitora? 

CURIOSIDADE 2 – Comparando...

...a história da primeira regata à vela, de volta ao mundo, em solitário , sem assistência e passando pelos três terríveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn, com a atual edição da Vendée Globe, descobri uma diferença fundamental entre elas. Descobri que enquanto da Golden Globe participaram tanto veleiros monocascos quanto multicascos, nesta sétima edição do “Everest dos Mares” (e em todas as seis anteriores idem) só foram admitidos monocascos. Mas vamos ver se vocês sabem quem foram os marujos que participaram da Golden Globe a bordo de multicascos. Foram eles:
A – John Ridgway, Bernard Moitessier e Nigel Tetley
B – Chay Blyth, Bill King e Donald Crowhurst
C – Loïck Fougeron , Alex Carozzo e Nigel Tetley
D – Sir Robin Knox-Johnston, Nigel Tetley e Donald Crowhurst
E – Donald Crowhurst  e Nigel Tetley



CURIOSIDADE 3 - Há quatro anos atrás...

Escrevi o seguinte no meu tresloucado diário da Vendée Globe:


Salve amigas e amigos apaixonados como eu pelo verbo velejar 

Que tal comentarmos em quais pontos a presente Vendée Globe mostrou-se particular, especial, fora do comum? Sim? Leiam!


# Número recorde de concorrentes. 28 homens + 2 mulheres. Trinta no total contra 20 da edição anterior da regata.


## - Disputa acirrada entre os concorrentes que conseguiram manter-se na locomotiva do trem da regata, com um número jamais visto de troca de líderes ( 23 até o momento ) característica que aproxima a regata oceânica das regatas de monotipos em volta de bóias. Esta freqüente troca de líderes, que os franceses chamaram de "efeito iôiô", verifica-se de certa forma em alguns bandos de pássaros migratórios para o relativo repouso e restauração das energias do guia. Ao que parece algo semelhante se passa na flotilha da Vendée Globe. Cada novo líder passa um ou dois dias fazendo um esforço extraordinário ( observando as mínimas variações de vento, timoneando, regulando velas com mais freqüência ), graças ao qual avança mais que os demais e logo a seguir, exausto, "tira o pé do acelerador" para se repousar e recuperar as energias investidas e fatalmente é ultrapassado por um concorrente. Exatamente o que acaba de acontecer com a troca de liderança entre Jean-Pieerre Dick e Sébastien Josse. 


### Duas corridas de recuperação de uma eficácia inacreditável realizadas por dois velejadores que foram obrigados a voltar ao porto de origem, para conserto de avarias logo no início da prova: Bernard Stamm e Michel Desjoyeaux. De último lugar esses dois supercompetentes navegantes evoluíram para 6° e 14° lugares. Sendo que a performance do peixe-grande- suiço Bernard Stamm, cognominado "a rocha", foi ainda mais espetacular que a do tubarão-ogro- martelo-esfomead o-de-vitórias- francês Michel Desjoyeaux que responde pela alcunha de "professor".







2 comentários:

  1. Fernando, eu escreveria sobre o tópico nº 3 e 12. Sobre os multi-cascos, acredito que é covardia colocá-los pra disputar uma regata com mono-cascos, pois são muito mais velozes, o ponto negativo, é provavelmente a durabilidade. Perguntinha que não quer calar: Como é que vai trazer seu barco pra cá, ou vai ficar por aí mesmo?

    Abraço grave.

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  2. Salve Rico

    Sugestão aceita, amigo Rico, abordarei mais tarde o tópico 3, na página nº 34 do meu diário da Vendée Globe. Satisfeito? Quanto ao meu Daimio 23 "Doliceyou" pretendo vendê-lo pouco antes de partir de Sables d'Olonne.

    Bons ventos

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Seus comentários, críticas ou elogios farão meu blog evoluir. Obrigado por participar.

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