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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Há objetos demais flutuando no Atlântico - Diário da Vendée Globe - 10º dia - 20/11/2012




"Maître Coq", de Jérémie Beyou, ex-"Foncia" de Michel Desjoyeaux, quinto open 60 a abandonar a atual edição da Vendée Globe, em apenas 10 dias de regata, sem tempestade.

Há suspeitas, amigos, de que a quilha basculante do open 60 de Jérémie Beyou, que acaba de abandonar a Vendée Globe (quinto abandono em apenas dez dias de regata, sem tempestade), tenha quebrado em função de um choque contra um objeto não identificado. Se este fato se confirmar após a minuciosa inspeção que o veleiro sofrerá em breve, este será o segundo caso de acidente causado por "OSNIS" na atual edição da Vendée Globe. Mas Vincent Riou também atropelou um
objeto flutuante há três ou quatro dias atrás, que ele supõe ter sido uma árvore. Lembram-se do que ele disse logo após este acidente que poderia ter sido fatal? "Há objetos demais flutuando no Atlântico." Só pra vocês terem uma idéia, três veleiros franceses naufragaram na costa norte do Brasil, por terem atropelado "OSNIS" nos últimos três anos. Estatística alarmante, não? Não, não, amigo leitor, não estou me referindo aos OSNIS, equivalente submarino dos OVNIS, que poderiam ser definidos como...



extrato de artigo da Wikipedia 

"qualquer objeto ou fenômeno de percepção óptica ou mecânica de origem desconhecida observado dentro da água e que permanece não identificado até mesmo depois da investigação completa. As principais características destes misteriosos objetos, são que suportam pressões que um submarino moderno não poderia suportar, são capazes de alcançar uma grande velocidade e manter uma manobrabilidade até agora impensável para um objeto submarino num meio fluido. A maioria são anfíbios, tratando-se de objetos submergíveis e voadores. 



Os "OSNIS", a que me refiro e que tive o cuidado de escrever entre parêntesis são, na verdade, OFNIS, ou seja objetos flutuantes não identificados, tipo container caído ao mar de bordo de navios mercantes durante tempestades. Eis aí o grande vilão de um imenso número de acidentes com veleiros, contra os quais pouco ou nada podemos fazer para nos defender a não ser rezar. Concordam? Discordam? Será que você que me lê, neste momento, colega navegante já foi, como Marc Guillemot e Jérémie Beyou, vítima de um OFNI? Sim? Então, por favor, conte-nos seu caso. Espaço não falta, para comentários, no rodapé deste post. Saiba mais. Saiba tudo sobre a incrível, fantástica, extraordinária Vendée Globe em


http://www.vendeeglobe.org





CURIOSIDADE 1 – Gilliatt e os super-marujos da Vendée Globe

Tenho perguntado a todos que cruzam meu caminho, qual é o super-marujo que participa da atual edição da regata Vendée Globe, que mais se parece com o Gilliatt de OS TRABALHADORES DO MAR, de Victor Hugo. Se o amigo leitor desejar enriquecer minha pesquisa, envie-me um mail com a resposta para fernandocosta2002@yahoo.fr  ou deixe um comentário a respeito em qualquer post deste blog. O retrato literário que o grande Victor Hugo pintou de Gilliatt  começa assim: “Tel était Gilliatt. Les filles le trouvaient laid. Il n’était pas laid. Il était beau peut-être. Il avait dans le profil quelque chose d’un barbare antique."




CURIOSIDADE 2 – Comparando...

Enquanto que a edição anterior da Vendée Globe contou 4 abandonos em 10  dias de regata, a atual e sétima edição já totaliza 6 abandonos em 10 dias de regata. Sendo que na versão anterior haviam 30 e na atual apenas 20 concorrentes. Ou seja em 10 dias de regata, mais de um quarto dos participantes abandonou. Muito, não? Detalhe. Até o presente a Meteorologia foi clemente com nossos queridos marujos. Será que a atual versão da Vendée Globe será marcada por um percentual recorde de abandonos? Espero sinceramente que não.



CURIOSIDADE 3 - Há quatro anos atrás...

Não sei se vocês ainda se lembram, mas há quatro anos atrás eu escrevi no meu diário da Vendée Globe o seguinte:


"O grande velejador Aleixo Belov, que após três voltas ao mundo em solitário, partirá em breve para uma nova aventura marítima, dessa vez em equipe, a bordo de um belo Ketch, batizado com uma das palavras mais lindas de todos os dicionários, "Fraternidade" , escreveu que gosta de estar no mar após o décimo dia... Pra mim que não velejei nem um milésimo do que ele já velejou, tudo vira chocolate na mar a partir do sétimo dia...

E é porisso que costumo dizer que todo marujo só deveria partir pra mar após sete dias de mar.

- Como assim?

- Explico.

Após sete dias de mar, não deixo mais objetos cairem na mar.

Após uma semana na mar, as ondas, em vez de me estressar, me divertem.

Após sete dias de mar, não costumo me machucar mais a bordo.

Após sete dias de mar, o frio e a umidade, param de me agulhar.  

A bordo da minha pequenina, mas intrépida "Estrela d'Alva", a partir do sétimo dia eu não faço mais nada, observo-me a mim mesmo, fazer o que deve ser feito, sem esforço algum, na ordem lógica e no mais oportuno dos momentos.

Após uma semana na mar em vez de pesadelos passo a ter sonhos... belos sonhos que em terra jamais sonho.

Após passar sete dias consecutivos na mar, deixo de ser terrestre para tornar-me anfíbio e um pouco mais tarde marítimo. 

Após uma semana na mar minha concubina "Estrela d'Alva", não me recusa nenhuma fantasia.

- Quero velejar com você adernada, no ângulo máximo, vizinho do emborcamento, "Estrela".

 - Também gosto disso.

Quero brincar de jogar e recolher a bóia "Estrela".

- Eu idem.

Enfim após uma semana inteira, passada na divina mar, meus braços tornam-se velas... minhas pernas bolina, minhas mãos leme, meu...  

Esse assunto me encanta... poderia passar uma boa meia hora a falar sôbre ele. Farei isso futuramente. No momento prefiro voltar à incrível Vendée Globe, a primeira e única regata em solitário, sem escalas, sem assistência e passando pelos três famosos e temíveis cabos Boa Esperança, Leewin e Horn.

Duas vezes mais moderna que a Velux 5 Oceans e três vezes mais moderna que a VOR."









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