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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

(15/3/2009) - É isso aí! - na moral! - fala sério! - ninguém merece! - tá ligado? - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 125









125º dia

vendée globe

- é isso aí! na moral! fala sério! ninguém merece! tá ligado?

Salve amigas e amigos velejadores

No momento em que lhes escrevo estas aparentemente retas linhas, o velejador austríaco Norbert Sedlacek está prestes a cruzar a retilínea de chegada desta incrível, fantástica, extraordinária aventura humana travestida de regata que é a Vendée Globe, encerrando-a oficialmente, após 126 dias de toda sorte de
peripécias, que como dizem os contadores de estórias das MIL E UMA NOITES, se fossem escritas nas retinas, serviriam de matéria para os que refletem e pelas quais eu daria sem pestanejar 3. 000 edições de jornais televisivos tendenciosos, 9. 000 episódios de reality show idiotas , 27. 000 horas de filmes hollywoodianos medíocres, 81. 000 capítulos de telenovelas imbecis, bons só pra reduzir o QI da população mundial ao da ostra, o que não está longe de acontecer. Aproveito a oportunidade para apresentar-lhes alguns extratos das entrevistas que o lanterninha desta sexta edição da Vendée Globe e seu fiel companheiro de velejadas  em alta mar, Raphael Dinelli, o penúltimo colocado, concederam à imprensa logo após terem pisado em terra firme. Adoro ler e reler esses derradeiros discursos, amigos, porque os velejadores solitários são talvez as últimas pessoas que ainda tem a oportunidade de refletir neste planeta. Os demais viraram meros robôs repetidores de refrões inócuos e pré-fabricados. - É isso aí! - Na moral! - Fala sério! - Ninguém merece! - Tá ligado? Arre! Onde é que ainda há gente, no mundo? Pra quem não aprecia minhas infiéis traduções livres, sugiro consultar os originais no excelente site da regata, onde todos os documentos produzidos ao longo da aventura-mor estão arquivados. http://www.vendeegl obe.org/fr/

RAPHAËL DINELLI, o velejador ecologicamente sensato

 - Voltei com minhas baterias carregadas a 100% e não usei um pingo de energia de origem fóssil. Gasolina e óleo diesel a bordo do meu “Fondation Océan Vital” nem pensar.

- Minha parada nas Malvinas foi estressante. Joguei a âncora em cima de um banco de algas e fui obrigado a cortar a amarra asinha, antes que acontecesse comigo o mesmo desastre que arrasou com o veleiro do Bernard Stamm, nas ilhas Kerguelen.

- Eu sofri de uma tendinite crônica desde o início da aventura por ter bebido pouca água. Motivo?  Pane do meu dessalinizador. Depois consegui consertá-lo, mas o mal já estava feito. Água, amigos, o velejador precisa beber bastante água na mar. A água no organismo humano serve, entre outras coisas, pra a combater as inflamações. Sabiam?

- A pior tempestade que enfrentei na mar foi na véspera de Natal. É, o bicho pegou amigos. Meu barco deu várias vezes com o mastro n’água. Confesso que tremi nas bases.”

 - Pra mim, o maior prazer em alta mar é surfar belas e grandes ondas com vento de alheta. Bom demais! Melhor que isso só dois disso. Penso que a maioria de nós, os malucos da Vendée Globe, participamos desta falsa regata, verdadeira aventura humana, só pra surfar umas boas ondas no oceano astral.

- Adorei dar umas boas velejadas em pleno meio do Pacífico bordo a bordo com o Norbert Sedlacek que vem chegando aí. Gente boa esse cara. Acho que ninguém nunca fez isso numa Vendée Globe. Nossos barcos pareciam dois dingues disputando uma etapa da copa  “Pé de Vento”, do meu amigo César em Cabo Frio.

NORBERT SEDLACEK, “o lanterninha”, os franceses dizem “o lanterna vermelha”.


- Há oito anos que eu comecei a sonhar em completar o longo percurso da Vendée Globe. Enfim após uma longa batalha, que eu ganhei dia a dia, tudo está consumado. Amanhã começará uma nova fase em minha vida.

- Não sei se participarei da próxima edição da regata. Pelo menos se for não será mais com esse velho barco. Nós vivemos uma bela estória de amor juntos, mas como acontece com todo casal, também enfrentamos grandes problemas. Hoje após cruzar a linha de chegada eu dei um beijo de despedida nele.

-  Recebi muitos e-mails de encorajamento. Muitos mesmos. Não sabia que possuía tantos fãs. Obrigado a todos pela força.


-  A melhor lembrança? A da noite de hoje. Minha entrada triunfal no canal de Sables d’Olonne ouvindo a galera gritar meu nome em coro. Isso foi demais! Vou me lembrar desta noite até durante minha próxima encarnação.


Bons ventos amigos e amigas velejadoras


Fernando “Estrela d’Alva” Costa

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