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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

(10/3/2009) - Café preto na Casa Branca. - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 121










 121º dia

vendée globe

Café preto na Casa Branca

Salve amigas e amigos velejadores

Acabo de reler todos os resumos das entrevistas que os 9 velejadores que já completaram o planetário percurso da Vendée Globe concederam à imprensa, após mais de oitenta dias consecutivos passados no reino encantado de Netuna. Considerei a entrevista do Rich Wilson minha favorita, da qual traduzi alguns extratos especialmente pra vocês, apaixonados como eu, pela rainha das
regatas: a mais original, a mais longa, a mais ousada, a mais moderna.  A propósito, não sei se vocês viram. mas o Rich Wilson chegou ontem a Sables d’Olonne desfraldando a bandeira dos USA e emocionado até às lágrimas. Se eu fosse Barak Obama, do qual Rich Wilson é fã inconteste, mandava chamá-lo à Casa Branca pra tomar um café preto. Nada de medalhas. Pra quem participa de uma Vendée Globe de cabo a rabo, como diria minha avó Balbina, o maior prêmio é ter participado desta hercúlea regata. Precisa de outros mais não. Dar prêmio a quem participou de uma Vendée Globe é como oferecer um jantar a quem acabou de jantar. Um cafezinho seguido de licor é a boa pedida.

EXTRATOS DA ENTREVISTA DO RICH WILSON, o professor de matemática ideal, com o qual todos nós sonhamos. Aquele que em vez de encher o %#@*& quadro negro de fórmulas abstratas, manda e-mails do meio do oceano pros seus felizes alunos, propondo-lhes os problemas reais, que precisa resolver urgentemente pra salvar a própria pele das garras de Éolo & Netuna. Ex-aluno de um professor desses em vez de ficar velejando entre Rio das Ostras e Arraial do Cabo, eu já teria dado três voltas ao planeta Terra, em solitário, a bordo da minha inseparável “Estrela d’Alva”. Frequentar professores medíocres, amigos, nos induz fatalmente à mediocridade. E a sala de aula é pior lugar de mundo pra se ensinar e aprender qualquer matéria. Soubesse disso a tempo jamais teria posto meus pés em qualquer escola tradicional. A escola ideal é o barco à vela. O professor ideal é o velejador experiente e ativo. Sabe tudo de tudo e não enche o saco de ninguém. Mas chega de conversa fiada, como diria minha avó Balbina e vamos ao que interessa, às sábias e agradáveis palavras de mestre Rich Wilson, na minha tradução nem sempre fiel ao original. Mas vocês sabem onde encontrar os originais em francês e inglês não sabem? Aqui ó:

 http://www.vendeegl obe.org/fr

“Acabo de viver uma experiência incrível amigos. Meu muito obrigado a Thierry Dubois por ter construído tão solidamente meu antigo “Great American III”. Muitos se perguntaram ao longo desta edição da Vendée Globe porque tantos barcos quebraram. Mas a boa questão não é esta e sim como foi que tantos barcos sobreviveram aos milhões de patadas de leão do oceano. Vocês não fazem idéia da violência de que uma única vaga durante uma tempestade é capaz.”

« Antes do início da Vendée Globe eu fui ao médico me vacinar contra a gripe e ele me disse o seguinte. Se você completar o percurso da regata , considere-se um campeão.”

“Minha grande motivação foi o excelente programa escolar criado em torno desta Vendée Globe.”

 “Na Vendée Globe são sempre os franceses os mais velozes. É incrível, como os caras velejam rápido. Eu me sinto orgulhoso de tê-los ombreado.

 “Atravessei muitas tempestades em companhia do Jonny Malbon. Nós nos amparávamos mutuamente. Fiquei muito desapontado quando ele abandonou.”

“Eu sofro de asma desde a infância. Durante os primeiros anos da minha vida, não existiam medicamentos eficazes contra a doença e tinha de lutar pra respirar, pra sobreviver. Esse tremendo esforço me tornou tenaz. Eu não pensei um só instante em abandonar a regata.”

Cruzar a linha de chegada, foi um grande alívio, uma felicidade indizível, porque numa aventura como essa nunca se tem certeza de chegar. O tempo todo, 24 horas por dia, você convive com a dúvida quanto ao futuro próximo. Na verdade mil perigos lhe espreitam o tempo todo. Basta uma falha, um deslize pra que seu sonho de concluir uma Vendée Globe vá literalmente por água abaixo.

 Esta regata desenvolve entre seus participantes um grande respeito e amizade. Eu gostaria de agradecer particularmente ao Michel Desjoyeaux, pela inestimável ajuda que me prestou. Fiquei muito feliz com sua vitória.

 Adorei conviver com os franceses. Povo muito especial. Tiveram o maior carinho e consideração comigo. Me incentivaram, me ajudaram de todas as formas possíveis e imagináveis. Eu, Thomas Jefferson e o povo americano tempos muito que agradecer à França.

 Falta menos de uma semana pra Vendée Globe acabar.

 Pena!

Bons ventos amigos e amigas velejadoras

 Fernando “Estrela d’Alva” Costa

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