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sábado, 3 de dezembro de 2011

O galo se transformou numa baleia - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 25



Após uma longa parada no "box" para conserto do gurupés do seu bólido alado amarelo, o suiço Bernard Stamm inciou uma alucinante cavalgada de recuperação

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A mais famosa das parábolas contadas por Jesus é a do filho pródigo, cuja moral, suponho, é "haverá mais alegria no céu pelo resgate dum ex-pecador que se redimiu, do que pela chegada de um justo que sempre foi justo. 
Com base nessa parábola, podemos dizer que mais alegria haverá no coração do velejador, que durante uma regata de volta ao mundo como a Vendée Globe, sofre uma grave avaria, logo no início da competição, regressa ao cais de origem, repara, volta à prova e numa desabalada corrida de recuperação reconquista uma
a uma todas as posições que havia perdido.

Não sei se vocês estão ligados, mas temos três velejadores vivendo esta empolgante circunstância.
Michel "Foncia" Desjoyeaux
 Logo no primeiro dia de prova, um vazamento num dos tanques de lastro do seu bólido alado provocou um curto circuito elétrico a bordo, que comprometeu o funcionamento de alguns equipamentos. Desjoyeaux voltou a Sables d'Olonne, sua equipe de terra sanou as avarias em tempo recorde e ele re-partiu incontinente. Da última posição veio galgando posições até chegar ao atual 10° lugar a apenas 150 milhas do líder...
Bernard "Cheminées Poujoulat" Stamm
Velejador suíço, de origem humilde, ralou muito, mas muito mesmo até conseguir construir um primeiro veleiro competitivo com suas próprias mãos... Infelizmente logo no primeiro dia de prova colidiu com um cargueiro de médio porte e quebrou a haste do gurupés. É lógico que sua “parada nos boxes” foi longa, muito longa e que por conseguinte ficou muito pra trás. Passado o susto, amargada a decepção, vencido o desânimo, o cascudo peixe-grande Bernard Stamm, meu ex-favorito, para vencer "O Everest dos Mares", já reconquistou nada menos que dez posições e está atualmente em 16° lugar.
Jean-Baptiste "Maisonneuve" Dejeanty
Mais novo participante da regata e condutor do primeiro Open 60 construído em solo brasileiro, o jovem Jean-Baptiste foi obrigado a reconduzir seu veleiro ao porto de origem e realizar um longo reparo estrutural. Chegou a ficar a 2000 milhas do líder e logicamente em último lugar durante muito tempo, mas à custa de muita perseverança encontra-se em 22° lugar, após ter herdado uma posição e reconquistado duas.  
Tiro meu chapelão de palha pra todos três e desejo-lhes muitas felicidades mais, em especial a de serem sagrados vencedores pelo entusiástico povo de Sables d'Olonne, que considera campeão todo aquele que completa essa prova, digna das páginas das mirabolantes MIL E UMA NOITES.
Por coincidência acabei de ler mais um conto do LIVRO DAS MIL E UMA NOITES, traduzido diretamente do árabe por Mamede Mustafá Jarouche e selecionei um extrato especialmente pra vocês. Sabem que sou apaixonado por extratos, não sabem?
"Então, cara madame, o galo ficou muito contente e fez menção de engolir o último grão de romã, mas eis que o grão deslizou na fonte e se transformou em peixe, que mergulhou na água; o galo se transformou numa baleia, e mergulhou atrás do peixe; ambos submergiram e..."
conto da 51ª noite 
      Ótimos ventos amigos da Flotilha de Bateras à vela de Búzios 

Fernando "Estrela d'Alva" Costa

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