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sábado, 2 de outubro de 2010

"O longo caminho" de Bernard Moitessier - livro sobre a MAR

foto - Henrique Souza
O meu amigo Telmo Moraes, (que muito tem ajudado o projeto “Estrela d’Alva”, e ultimamente ao MOLOTEVE/CF – idem, cedendo as instalações do simpático Museu do Surf para a nossas reuniões mensais) gosta de colecionar pranchas de surf. Tem mais de quatrocentas, quase quinhentas, quatrocentas e setenta e uma pra ser exato. Quanto a mim, possuo uma única prancha de surf, que ele, o próprio Telmo me ajudou a adquirir e recuperar. Se eu sei surfar? Nada! Reboco a prancha de surf amarrada à popa da minha canoa alada, a título de tábua de salvação. Se a “Estrela d’Alva” naufragar, para o gáudio dos meus detratores, terei uma chance a mais de voltar pra terra “remando”. Mas como eu ia dizendo, o meu amigo Telmo Moraes, gosta de colecionar pranchas de surf, dentre outros objetos e eu que só tenho uma prancha de surf, sem saber surfar, gosto de colecionar extratos de livros lidos... Curiosos pra ler a última coleção que acrescentei ao meu vasto acervo? Comentei alguns poucos e deixei a maioria pra vocês mesmos comentarem. Ler, amigos, é divertido, mas bom mesmo é comentar extratos favoritos. Divirtam-se.



"O" LONGO CAMINHO de Bernard Moitessier - Extratos favoritos



“Fico contente de ver meu barco andar tão bem, com tão pouco pano.”

“Detesto as tempestades, mas as calmarias me afetam o moral.”

“A esteira de “Joshua” se alonga branca e cheia de vida durante o dia, luminosa à noite como uma longa cabeleira feita de sonhos e estrelas.”

Olhar pra esteira de um barco à vela sempre me encanta... Tanto que cada vez mais velejo de costas pra proa... Não quero dizer com isso que não gosto de olhar pra vante, na direção da proa, gosto e muito. Só que gostaria de olhar pra esteira, ou pra vante, boreste e bombordo, do alto do mastro de um veleiro. Coisa que nunca fiz, mas que pretendo fazer em breve. Devia ter pedido isso ao George, da bela escuna “Dalia”. Agora é tarde. Mas não vou morrer amanhã, espero, haverá outra oportunidade. A propósito fiquei curioso pra conhecer o sistema que o Bardiaux utilizava, pra bordejar em estreitos canais cercados de recifes, teleguiando o seu veleiro do alto do mastro. Quem me falou dessa possibilidade, pela primeira vez, foi justamente mestre Moitessier em “O Longo Caminho” que acabei de ler. Alguém aí já realizou essa façanha? Teleguiar um veleiro do tope do mastro? Adianta nada fazer perguntas nas minhas newsletters. Ninguém responde mesmo. Ou já me estigmatizaram com o rótulo de “o estranho no ninho”. Ou não tem paciência pra ler meus longos posts até o fim. Ou então julgam pouco importantes as perguntas que faço. Seja como for, prefiro fazer perguntas a dar respostas. Talvez os outros participantes desse importante forum também pensem assim. Se assim for tudo bem. Se assim não for tudo bem idem. Desde que não me impeçam de velejar na paradisíaca Região dos Lagos/Costa do Sol, a bordo da minha inseparável “Estrela d’Alva”, tudo estará sempre bem pra mim.




 “Viva a vida com este vento bom nas minhas velas e longe, bem longe de terra.”

“Só quero saber quanto tempo vai durar, esta paz sem fim que encontrei na MAR.”

“Uma boa atiradeira, vale mais que todos os radiotransmissores do mundo.”

E o mais humilde barco à vela, é mais inteligente que a mais possante lancha do mundo. A propósito mais um lancheiro bêbado atropelou um veleiro, a confirmar, leiam:

“Neste final de semana em Ilha Bela ocorreu um grave acidente envolvendo uma lancha e um veleiro. Não sei detalhes das embarcações, soube que a lancha atropelou o veleiro deixando vitimas graves e muito graves, um absurdo !!! talvez por conta do álcool, ou imperícia, imprudência...”

mensagem 58 653 de José Pugliese do grupo Altomar

“Capear é realmente a melhor solução, quando não sabemos mais o que fazer.”

“As alegrias do navegador são tão simples...”



As minhas são: - velejar com um vento bom, nem forte nem fraco, numa das minha raias de vento prediletas, da paradisíaca Costa do Sol,
- comer, quando tenho fome, azeitonas verdes, jogando os caroços na MAR e vê-los deslizar lentamente pro fundo, beber água quando tenho sede, de preferência de coco,
- dormir ao relento sob um céu pulverizado de estrelas
- remar a favor da maré pra variar
- ver outros veleiros velejarem
- tomar um banho de MAR quando o calor do sol torna-se insuportável
- ler quando não há vento pra velejar
- e acima de tudo pensar na vida e na morte sem silêncio
E as de vocês, quais são?



“ Esta ilha é linda, é lindíssima.”

Que eu me lembre o único superlativo ( ao contrário dos brasileiros, os franceses raramente usam superlativos ) que mestre Moitessier empregou em seu “ O longo caminho” foi dirigido à brasileira ilha da Trindade. Em princípio ele se decepcionou com a reação dos habitantes de ilha, para logo a seguir emocionar-se até às lágrimas, quando entendeu o que se passava. Tendo resistido por pouco, à tentação de abandonar seu longo caminho, para circunavegar a ilha de bem perto, como eu gosto de fazer... Bom saber que a gente tem alguma coisa em comum com o grande guru dos cruzeiristas, não?

“É aqui, no imenso oceano pacífico, das altas latitudes, que percebo claramente que o homem é ao mesmo tempo átomo e deus.”

A MAR, será sempre a MAR, cheia de enigmas e de lições novas.”

“Não quero que pensem que sou diferente das outras pessoas, que tenho uma força de vontade descomunal, que nunca falhei. Sou um homem como os outros.”




“Eu sabia desde o princípio que seria possível, simplesmente porque tudo é possível.”

Meu otimismo não vai tão longe quanto o de mestre Moitessier. Penso que nem tudo é possível. Eu, por exemplo, o que eu mais desejaria agora, seria voltar no tempo e reviver de novo a minha vida, a partir dos oito anos de idade, sem jamais pisar noutra escola que não fosse um barco à vela. Sonho impossível de realizar, não é verdade? A menos que penetremos no fantástico universo do livro “O presidente negro”* de Monteiro Lobato, que previu há 82 anos atrás, exatamente o que pode acontecer dentro em breve nos EEUU. Eleição do primeiro presidente negro. Voltando ao extrato, creio que nem tudo é possível, mas que muito do que julgamos impossível é perfeitamente possível. Eu, por exemplo, que um dia julguei impossível circunavegar a mais próxima de Cabo Frio, das vinte ilhas selvagens da paradisíaca Região dos Lagos/Costa do Sol, acabei circunavegando todas as vinte que existem, inclusive a da Âncora, que fica a cinco milhas da costa. Inclusive a ilha de Cabo Frio, em volta da qual existem muitos mais naufrágios, que dedos nas duas mãos de um meta-orangotango vagabundo vezes dois. Isto sem falar de um certo ilhote de Rio das Ostras.



*O Choque das Raças ou O Presidente Negro de Monteiro Lobato
O Choque das Raças ou O Presidente Negro foi publicado em 1926 em folhetins no

A história é narrada por Ayrton, funcionário da firma paulista Sá, Pato & Cia., que depois de um acidente de carro, é iniciado na revelação do futuro por Jane, filha do professor Benson, cuja invenção - o porviroscópio - lhe permite devassar o futuro. Jane, numa série de sessões domingueiras, revela ao espantado mas entusiasta Ayrton os episódios que envolvem a eleição do 88.° presidente norte-americano. Três candidatos disputam os votos: o negro Jim Roy, a feminista Evelyn Astor e o presidente Kerlog, candidato à reeleição. A cisão da sociedade branca em partido masculino e feminino possibilita a eleição do candidato negro. Perante o fato consumado, a raça branca engendra uma típica “solução final”: a esterilização dos indivíduos de raça negra, camuflada num processo de alisamento de cabelos.
Paralelamente a esta narração, o romance focaliza o amor de Ayrton por Jane, e a missão literária do moço: escrever um romance daquilo que lhe narrava.



Extrato da newsletter nº 18 de 3/10/2008 – projeto “Estrela d’Alva”

3 comentários:

  1. "Teleguiar" um veleiro a partir do mastro é algo que nunca imaginaria, mas se tudo correr bem, o meu veleiro até têm degraus no mastro para ir ao topo.

    Assim que arranjar tempo, vou ler o livro do Moitissier.

    Bons ventos e melhores velejadas Fernando

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  2. Dizem que "Vagabundo dos Mares do Sul" é ainda melhor que "O Longo Caminho". Eu só li o segundo, até o presente e estou lendo "Tamata e a Aliança", todos três de mestre Moitessier, que foi, segundo dizem, o mais humilde dos mestres. Tratava seus alunos como iguais e em vez de dar ordens, fazia perguntas. Escrevi um longo "poema" em homenagem a ele, intitulado, "Moitessier dobrando o Cabo Horn". Se estiver interessado... Eis aqui o link :

    http://estreladalvacabofrio.blogspot.com/2010/10/moitessier-dobrando-o-cabo-horn.html

    Bons ventos

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  3. Olá! Gostaria de alguma indicação de alguem que tenha o livro: O Longo Caminho e ou Vagabundo dos Mares do Sul para vender. Se souberem de alguem , peço por favor para fazer contato. Deixo meu email: fredoliveira_rib@hotmail.com Obrigado e bons ventos!

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