- Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
CANTO QUARTO - ESTROFE 95
"OS LUSÍADAS"
de Luís de Camões
Aqui começa o famoso discurso do Velho do Restelo, uma das minhas ilhas favoritas do oceânico "Os Lusíadas". Depois de lê-lo a gente sente um enorme medo de enfrentar a MAR. "Que mortes, que perigos, que tormentas,
que crueldades neles experimentas!". Mas, meu prezadíssimo Camões, diga-me, o que você prefere, morrer com charme no
meio do oceano ou da forma mais abjeta possível, numa esquina qualquer de uma dessas absurdas aglomerações humanas a que chamamos cidade? Humanas ? Mais, mais muito mais humanidade, beleza e prazer encontro eu em plena MAR do que em Terra.
Fernando Costa
Boa noite Fernando, admirável é Camões por enaltecer e ser um dos homens do mar, “intrépidos marujos”, mas também faço menção aos admiráveis pescadores artesanais do litoral de Santa Catarina que empreendiam suas fainas marítimas a remos e velas, em baleeiras ou canoas de garapuvu em busca de seus sustentos em mar aberto, sem qualquer condições de salvatagem, à mercê da própria sorte...
ResponderExcluirSim, sim você tem toda razão no que diz Sandra.
ResponderExcluirNão por acaso, eu estive recentemente em Itajaí e sei muito bem que pescar ao longo da costa de Santa Catarina é tarefa das mais perigosas.
A propósito, em seu livro "Sozinho", Joshua Slocum, o primeiro velejador a realizar uma volta ao mundo em solitário, de passagem pelo sul do Brasil, onde ele acabou naufragando, faz um enorme elogio aos velejadores brasileiros da região.
Isso por volta de 1885.
Mas creio que se compararmos a meteorologia* da costa de Santa Catarina, com a meteorologia* enfrentada por Vasco da Gama e seus comandados ao longo da rota para as Índias, partindo de Lisboa, em pleno século XV, os fenômenos que eles enfrentaram em alta* MAR (tempestades, pés-de-vento e trombas d'água, por exemplo) foram mais radicais. Fato esse que de forma alguma diminui as façanhas dos pescadores catarinenses.