Porque hoje é dia 12 do 12 de 2012 e são 12 horas, decidi em vez de redigir como de hábito, eu mesmo, esta página do meu excêntrico, pra não dizer tresloucado diário da Vendée Globe, decidi publicar alguns extratos prediletos de tudo, que nossos queridos super-velejadores-pseudo-solitários da Vendée Globe disseram durante os últimos três dias. Atenção que minha tradução é livre, bastante livre.
"Eu dou o máximo de mim, mas jamais forço meu barco. Minha filosofia é a seguinte: devagar se vai ao longe."
Mike Golding
"Negócio tá feio por aqui. Tô navegando com 43 nós de vento com mar alta. Passei a noite toda sem
dormir. Pareço mais um zumbi."
Arnaud Boissiers
"Durante minha primeira Vendée Globe eu enfrentei uma tempestade com ventos de mais de 60 nós. O Índico é um oceano traiçoeiro. Toda atenção aqui, é pouca."
Jean-Pierre Dick
"Hoje de manhã eu notei que faltava um pedaço de 40 cm do meu leme de boreste."
Javier Sansó
"Se eu tivesse menos problemas técnicos eu poderia navegar bem mais rápido. Sinto-me frustrado."
Bernard Stamm
"Tô navegando direto pro ciclone Claudia, na esperança que ele me arremece na direção certa."
Alex Thomson
"Apesar de ter lido "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" de Jules Verne, quando pequeno, eu ainda não entendo porque verei mais pores de sol do que vocês que me lêem."
François Gabart
"Aproveitei os dias de calmaria e vento fraco pra dormir, cozinhar, ouvir música e principalmente fazer a manutenção do barco. Agora nós dois estamos felizes."
Bertrand de Broc
"Difícil manter o equilíbrio a bordo, com todas essas frequentes mudanças de fuso horário."
Tanguy de Lamotte
"Assim que vocês terminarem de me entrevistar vou abrir minha garrafa de champagne e comemorar minha segunda passagem pelo Cabo da Boa Esperança."
Alessandro de Benedetto
"Situação difícil a nossa. A gente aqui atrás se arrasta a 10 enquanto que eles lá na frente avançam a mais de 20 nós."
Jean Le Cam
"Esse oceano é selvagem. Olhem só pro meu anemômetro! Que loucura!"
Dominique Wavre
"Cheguei a ver o barco do François hoje de manhã. A gente tá navegando cabeça com cabeça."
Armel Le Cléac'h
"Eu dou o máximo de mim, mas jamais forço meu barco. Minha filosofia é a seguinte: devagar se vai ao longe."
Mike Golding
"Negócio tá feio por aqui. Tô navegando com 43 nós de vento com mar alta. Passei a noite toda sem
dormir. Pareço mais um zumbi."
Arnaud Boissiers
"Durante minha primeira Vendée Globe eu enfrentei uma tempestade com ventos de mais de 60 nós. O Índico é um oceano traiçoeiro. Toda atenção aqui, é pouca."
Jean-Pierre Dick
"Hoje de manhã eu notei que faltava um pedaço de 40 cm do meu leme de boreste."
Javier Sansó
"Se eu tivesse menos problemas técnicos eu poderia navegar bem mais rápido. Sinto-me frustrado."
Bernard Stamm
"Tô navegando direto pro ciclone Claudia, na esperança que ele me arremece na direção certa."
Alex Thomson
"Apesar de ter lido "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" de Jules Verne, quando pequeno, eu ainda não entendo porque verei mais pores de sol do que vocês que me lêem."
François Gabart
"Aproveitei os dias de calmaria e vento fraco pra dormir, cozinhar, ouvir música e principalmente fazer a manutenção do barco. Agora nós dois estamos felizes."
Bertrand de Broc
"Difícil manter o equilíbrio a bordo, com todas essas frequentes mudanças de fuso horário."
Tanguy de Lamotte
"Assim que vocês terminarem de me entrevistar vou abrir minha garrafa de champagne e comemorar minha segunda passagem pelo Cabo da Boa Esperança."
Alessandro de Benedetto
"Situação difícil a nossa. A gente aqui atrás se arrasta a 10 enquanto que eles lá na frente avançam a mais de 20 nós."
Jean Le Cam
"Esse oceano é selvagem. Olhem só pro meu anemômetro! Que loucura!"
Dominique Wavre
"Cheguei a ver o barco do François hoje de manhã. A gente tá navegando cabeça com cabeça."
Armel Le Cléac'h
CURIOSIDADE - Há quatro anos atrás...
Escrevi o seguinte no meu excêntrico diário da Vendée Globe:
Eu sei amigos e amigas
Eu sei muito bem que um veleiro é uma simples/complexa coisa destrutível, como tudo que existe sobre a superfície do planeta Terra. Somos todos e tudo perecíveis, já sei.Tudo que tem forma, volume, cor, textura, massa, peso e ocupa um espaço pequeno ou grande no mundo real é perecível, destrutível, condenado a extinguir-se sem deixar vestígios ao cabo de uma existência longa ou efêmera. Sei muito bem disso e não preciso que vocês mo digam. De nós criaturas viventes ou objetos inanimados existentes, se preserva na melhor das hipóteses um mísero fóssil.
Só que a chance de nossa transformação em fóssil é mais improvável que...
Não, não pretendo prolongar esta elucubração filosófico-existenci al, só queria dizer-lhes uma coisa que ainda não disse.
Que "tristíssima tristeza me entristece" diante de um veleiro sinistrado. Eu adoraria que todos os veleiros fossem indestrutíveis. Sério. E dos acidentes que podem destruir um veleiro, encalhe em praia, incêndio em alto mar, massacre contra uma costa rochosa pelas sádicas vagas da mar, naufrágio ou perda do mastro, não sei explicar-lhes porque, o que mais de me deprime de ver é este último, a perda do mastro.
Fiquei arrasado com a perda do mastro do ágil e elegante "Gitana Eighty" do experiente veterano Loïck Peyron.
Ele vinha velejando tão confiante, tão senhor de si , tão mestre da situação e da regata, que é de se lamentar e muito sua tragédia. A perda do mastro de um veleiro em pleno vôo é sempre uma tragédia. Uma tragédia mais trágica que o incêndio de uma casa, ou do que o choque, por mais violento que seja, de um veículo automotivo contra um poste.
Não sei explicar porque penso isto, mas é isto que penso e sinto. É num momento como este que entendo porque o Marcel Bardiaux construiu o "Inox", todo em aço inox, e com 50 compartimentos estanques. Ele não admitia em hipótese alguma ver seu querido, belo e ágil veleiro perecer. E quando o "Inox" foi jogado contra uma costa rochosa por uma tempestade, Bardiaux que pretendia ser o primeiro velejador solitário centenário do mundo, morreu de desgosto. Tudo entendido.
Antes de encerrar este capítulo vou contar uma estorinha vivida pra vocês. Estava eu dormindo no fundo da minha inseparável canoa alada, quando fui acordado de madrugada por um choque num dos estais da "Estrela", que naquela época subiam até o tope do mastro, que nada mais era que uma escora fina de eucalipto. Não a original que mestre Nils implantou, mas uma outra que eu eu mesmo instalei. Ao choque seguiu-se uma fração de segundo depois o grito de dor de um pássaro. No dia seguinte encontrei uma gaivota de asa quebrada na praia. Pois bem a visão daquela bela e moribunda gaivota, um ser vivo sofrendo, não me deixou mais triste que ver um veleiro com o mastro quebrado. Alguém aí pode me explicar essa incongruência. Sofrer mais pela dor fictícia de um objeto, que pela dor real de um ser vivo tão charmoso, tão belo quanto uma gaivota?
Escrevi o seguinte no meu excêntrico diário da Vendée Globe:
Eu sei amigos e amigas
Eu sei muito bem que um veleiro é uma simples/complexa coisa destrutível, como tudo que existe sobre a superfície do planeta Terra. Somos todos e tudo perecíveis, já sei.Tudo que tem forma, volume, cor, textura, massa, peso e ocupa um espaço pequeno ou grande no mundo real é perecível, destrutível, condenado a extinguir-se sem deixar vestígios ao cabo de uma existência longa ou efêmera. Sei muito bem disso e não preciso que vocês mo digam. De nós criaturas viventes ou objetos inanimados existentes, se preserva na melhor das hipóteses um mísero fóssil.
Só que a chance de nossa transformação em fóssil é mais improvável que...
Não, não pretendo prolongar esta elucubração filosófico-existenci al, só queria dizer-lhes uma coisa que ainda não disse.
Que "tristíssima tristeza me entristece" diante de um veleiro sinistrado. Eu adoraria que todos os veleiros fossem indestrutíveis. Sério. E dos acidentes que podem destruir um veleiro, encalhe em praia, incêndio em alto mar, massacre contra uma costa rochosa pelas sádicas vagas da mar, naufrágio ou perda do mastro, não sei explicar-lhes porque, o que mais de me deprime de ver é este último, a perda do mastro.
Fiquei arrasado com a perda do mastro do ágil e elegante "Gitana Eighty" do experiente veterano Loïck Peyron.
Ele vinha velejando tão confiante, tão senhor de si , tão mestre da situação e da regata, que é de se lamentar e muito sua tragédia. A perda do mastro de um veleiro em pleno vôo é sempre uma tragédia. Uma tragédia mais trágica que o incêndio de uma casa, ou do que o choque, por mais violento que seja, de um veículo automotivo contra um poste.
Não sei explicar porque penso isto, mas é isto que penso e sinto. É num momento como este que entendo porque o Marcel Bardiaux construiu o "Inox", todo em aço inox, e com 50 compartimentos estanques. Ele não admitia em hipótese alguma ver seu querido, belo e ágil veleiro perecer. E quando o "Inox" foi jogado contra uma costa rochosa por uma tempestade, Bardiaux que pretendia ser o primeiro velejador solitário centenário do mundo, morreu de desgosto. Tudo entendido.
Antes de encerrar este capítulo vou contar uma estorinha vivida pra vocês. Estava eu dormindo no fundo da minha inseparável canoa alada, quando fui acordado de madrugada por um choque num dos estais da "Estrela", que naquela época subiam até o tope do mastro, que nada mais era que uma escora fina de eucalipto. Não a original que mestre Nils implantou, mas uma outra que eu eu mesmo instalei. Ao choque seguiu-se uma fração de segundo depois o grito de dor de um pássaro. No dia seguinte encontrei uma gaivota de asa quebrada na praia. Pois bem a visão daquela bela e moribunda gaivota, um ser vivo sofrendo, não me deixou mais triste que ver um veleiro com o mastro quebrado. Alguém aí pode me explicar essa incongruência. Sofrer mais pela dor fictícia de um objeto, que pela dor real de um ser vivo tão charmoso, tão belo quanto uma gaivota?
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