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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

- Icemos as velas! - De Cabo Frio à Ilha Grande, ida + volta, a bordo do veleiro "Hatuna Matata" em plena "Estação dos Ventos Fortes" 5







Carta da paradisíaca Ilha Grande - 24/08/2012 - foto de Fernando Costa



Icemos as velas!


Muito bom dia amigas e amigos leitores

No último post desta série perguntei a vocês quais chances nós teríamos de regressar sãos e salvos a Cabo Frio, a bordo do cascudo "Hatuna Matata". Acertou quem respondeu menos de 10%.
LoL!
Sim, sim, tínhamos tudo pra naufragar no meio do caminho, como vocês já sabem:
- Estação dos ventos fortes.
- Velas usadas.
- Válvula de saída da bomba de esgoto de porão do "Hatuna Matata" erradamente instalada abaixo da
linha de flutuação a plena carga. ( Sim, sim o "Hatuna Matata" estava sobrecarregado, coitado, com as três toneladas de material inútil que eu trouxe pra bordo. Ha ha ha ha ha! Vou rir pro resto da minha vida disso. Ha ha ha ha!)
- Acrescente-se a isso que a área que atravessamos é de intenso tráfego marítimo, que a costa não possui abrigos e que os tresloucados pescadores brasileiros gostam de pescar os pouquíssimos peixes, que sobreviveram ao "Grande Holocausto", com as luzes das suas traineiras de pau todas apagadas.

- Acrescente-se a isso que Francesco Scrottino deixou "nosso" bote inflável solto na praia durante a baixamar da maré de sizígia e saiu pra beber na ilha. Ha ha ha ha... A maré lambeu o bote, é lógico, e pra substituí-lo, figuraça de Scrottino, comprou por cinquenta contos um caiaque todo fu... *&¨%$@ furado. 
- Acrescente-se a isso que dois terços da tripulação desertou.
- Isso mesmo, amigos, assim que chegamos à Ilha Grande, "Sleep Bag" meteu o pé e 48 horas depois "Neguinho" arribou de Angra dos Reis.
- Por quais razões?
- Sleep Bag tinha uma regata pra correr na poluída Lagoa de Araruama e "Neguinho" serviços mil a realizar à margem do igualmente poluído Canal da Gamboa. Aqui entre nós, na verdade voltou pra consolar sua querida esposa, que toda vez que ele sai pra MAR, chora dia e noite sem parar. LoL! 
- Mas deixemos de conversa fiada, como costuma dizer minha avó Balbina e contemos a estória, que é uma das melhores que já inventei. Leiam, se gostarem mais de me  ler, que de ver novela televisa!
Partimos da paradisíaca Ilha Grande durante a noite de 2 para 3/9/12. Não me perguntem que horas, que não sei. O afobado, o alvoroçado, o precipitado, o presepeiro "Skiper Bavaria" ligou o motor de repente, levantou âncora no minuto seguinte e mais feliz que pinto no lixo governou em 090 mentirosos... Porque 090 mentirosos? Porque a agulha magnética super-iluminada-boa-só-pra-ofuscar-timoneiros do "Hatuna Matata" apresentava desvios monstruosos em todas as proas.
Eu subi pro convés mais morto que vivo, ou seja, ainda dormindo e depois que despertei percebi que ao menos desta vez a MAR estava calma e a noite toda iluminada por uma bela lua cheia...
Voltei pro meu beliche na proa e tentei dormir. Difícil, colegas marujos, dormir com o barulhento motor do "Hatuna Matata" no ouvido.
- Às 3 h 30 "Skiper Bavaria" acordou-me com sua voz bem empostada de locutor de rádio, eu lavei meu rosto, alimentei-me, escovei os dentes, vesti meu colete salva-vidas e assumi meu posto de timoneiro.
- Linda noite aquela, amigos, lua cheia, estrelas cintilantes, como vocês jamais viram em terra, planetas multicoloridos mais a estrela d'alva enfeitando um céu sem nuvens e ligeiramente enevoado... Atmosfera de sonho. Sonho que virou pesado num piscar de olhos.
- Tum, Pam, Scrhunnckkh!
- Motor! O motor menstruou! Maldito mecânico! Paguei 700 contos e ele me sacane... *&%$#! O óleo lubrificante vazou quase todo Ismael. Ismael sou eu, o Canoeiro da Estrela! 
- Estamos sem motor?
- Sim, estamos sem motor.
- Que maravilha, odeio motor!
- Icemos as velas!
- Sim, sim, icemos as benditas velas e desliguemos o maldito motor!
Esta é a única ordem, amigos, que adoro obedecer a bordo de um veleiro. 
- Icemos as velas!
- Por coincidência o vento começou a soprar exatamente no início do meu turno. Às 4 horas em ponto. 
- O insuportável Scrottino foi enfim dormir e deixou-me em paz, em solitário, só, sozinho, do jeito que gosto de navegar com "meu" veleiro. Seguiram-se quatro horas de sonho, prazer e fantasia... Coisa linda. Coisa maravilhosa. Coisa ainda inédita pra mim. Deslizar a bordo de um veleiro durante a noite estrelada bem longe da costa... Silêncio, silêncio quase absoluto. Só se ouvia o sussurro da quilha do "Ratuna Matata" cortando suavemente a água mansa e salgada. Pssiuuuuu... Baixinho no ouvido de vocês e que os guardinhas da CP não nos leiam, mas Francesco Scrottino mandou-me governar o "Hatuna Matata" durante a noite e a mais de cinco milhas da costa, eu, que nem Arrais Amador sou... LoL! Sou apenas o simples, o humilde Canoeiro da Estrela. Conto mais pra vocês dessa, que foi a mais louca das minhas expedições marítimas no próximo post. Não percam, que vou narrar-lhes a "Noite Infernal"! 

Bons ventos e até breve.

Fernando Costa

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