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sábado, 29 de setembro de 2012

(11/02/2009) - A fome multiplica o medo - Diário da Vendée Globe 2008/09 - post 94







94º dia

vendée globe

a fome multiplica o medo

 Vejam o drama do Armel Le Cléac'h que ficou sem ter o que comer nas últimas 48 horas da sua longa viagem de circunavegação.

Salve amigas e amigos velejadores!

  Pra amenizar este nosso insuportável verão brasileiro selecionei esta maravilha aqui:

http://www.youtube. com/watch? v=yY2Ugpst9VY&feature=related

Notícias quentinhas da Vendée Globe:

- Um imenso centro de alta-pressão posicionado no meio do golfo de Gasconha tornará a proeza de velejar sem bulbo de quilha do Marc Guillemot menos arriscada, mas atrasará ainda mais sua chegada a Sables d'Olonne, na esteira da inglesa Samantha Davies, que talvez lhe "roube" a
terceira posição.

- Arnaud Boissières enfrenta problemas elétricos a bordo, escassez de combustível e comida mais jogo nos lemes do seu antigo "Akéna Véranda".


A vela mestra do "Aviva" de Dee Cafari continua a se esfarelar.

´´´´´´´´´´´´´´


E agora o que mais me interessa uma nova lição aprendida na


ESCOLA DE VELA PARA SOLITÁRIOS DA VENDÉE GLOBE

ARMEL LE CLÉAC'H - Lição nº 4 - Quando partir pra navegar na divina mar melhor pecar por excesso, do que por falta, no quesito alimentação.

Por quê? Porque o verdadeiro combustível do barco à vela não é o vento, mas os gêneros alimentícios da dispensa do velejador. Vejam o drama do Armel Le Cléac'h que ficou sem ter o que comer nas últimas 48 horas da sua longa viagem de circunavegação. Deve ter sofrido o diabo por conta desta carência, principalmente porque enfrentou condições de tempo, segundo ele mesmo, dantescas no Golfo de Gasconha. Se encarar uma tempestade na mar já constitui enorme provação, imaginem fazê-lo com fome. A tempestade aumenta a queima de calorias pelo esforço extra que exige do navegante.  A fome multiplica o medo. O medo aumenta a fome. Coitado do Armel Le Cléac'h prisioneiro desse círculo virtuoso dos mais perversos! A bordo da minha humilde "Estrela d'Alva", percebi que o simples fato de observar minha caixa de mantimentos se esvaziar, me deixava deprimido. Portanto amigos, quando partirem pra mar jamais economizem nos mantimentos. Comida a bordo nunca é demais. Cabos também não. Facas também não. Concordam? Qual de vocês, amigos marujos, que navegam com frequência na mar, já não sofreram por falta de um pedaço de cabo ou de pão ou de uma boa faca à mão? Vamos! Atire-me a primeira pedra o marujo que nunca sofreu por falta de cabo, faca ou rango a bordo!

MARC GUILLEMOT – Lição nº 3 – Quando você não puder ajudar efetivamente um companheiro em perigo na mar, faça-lhe companhia virtual. Converse com ele através do VHF ou telefone satélite ou celular ou sinais de fumaça, de espelho, de bandeirolas, do que for possível, mas preste-lhe apoio psicológico, que pode ser tão ou mais importante que o socorro efetivo de corpo presente.


MICHEL DESJOYEAUX - Lição n° 2 – Todas as peças de um barco à vela deveriam ter no mínimo duas funções. O grande modelo de sabedoria do arquiteto construtor é o corpo humano. Imaginem que monstros nós seríamos se precisássemos de um membro pra escrever, outro pra acenar, outro pra jogar vôlei, outro pra cumprimentar, outro pra pentear o cabelo, outro pra dirigir, outro pra timonear, outro pra caçar a escota da vela, outro pra arriar a bolina, outro pra pescar lulas, outro pra comer lulas fritas. Já perceberam quantas funções possue a mão, prolongamento do braço humano? No barco a vela ideal, a ser inventado, cada apêndice deverá possuir tantas funções quanto a mão humana, a ferramenta-mor.

YANN ELIÈS - Lição nº 1 - Quando você sofrer um revés na mar e sobreviver, jamais se lamente da sorte.

Consegui me curar do terrível resfriado que me nocauteou durante as últimas 48 horas, sem tomar remédios e penso que dormirei esta noite ao lado da ilha do Japonês, sem ser atormentado pelo calor, nem pelos ruídos mil da cidade moderna. Com direito a lua cheia. Feliz de mim. Ih lembrei dos mosquitos. Nada pode ser perfeito neste mundo de deus e do diabo. Metade pra cada um.

Bons ventos a todos e até amanhã

  Fernando “Estrela d’Alva” Costa

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