92º dia
vendée globe
terceiro a perder o bulbo da quilha
Salve amigas e amigos velejadores
A última notícia da fantástica Vendée
Globe é a seguinte:
Marc Guillemot, atual terceiro colocado
da regata, perdeu o bulbo da quilha do seu open 60 “Safran” a 1000 milhas de
Sables d’Olonne. Só espero que ele não emborque, nem perca o veleiro, nem a
vida, nem o terceiro lugar na regata. Nada além do que já perdeu, as três
toneladas e meia do bulbo da quilha do seu sofrido “Safran”. Se conseguir
chegar de volta a Sables d’Olonne ultrapassará o feito histórico do
Roland
Jourdain e será recebido como herói. Se não chegar, entrará para a legenda da
Vendée Globe como aquele que melhor prestou o mais sutil e necessário socorro
que um ser humano em perigo necessita. Socorro psicológico.
Trilha sonora desta mensagem:
http://www.youtube. com/watch?
v=T9B0vBcLF9M
Trilha
sonora correta da mensagem anterior:
http://www.youtube. com/watch?
v=n-m3LQCTxo0
Ontem pesquisei, pesquisei e acabei
enviando o link errado. Me desculpem.
Não
sei se vocês se lembram, mas na página n° 54 deste meu excêntrico diário,
comentei de forma resumida as razões que me fazem adorar a Vendée Globe.
Trata-se de um lista de dez tópicos cujo último é este aqui:
10 - ESCOLA DE VELA PARA SOLITÁRIOS DA VENDÉE
GLOBE.
Graças ao maravilhoso site da regata, que
ilustra de todas as formas possíveis seus visitantes e também ao fato, de que
os participantes desta fantástica prova, denominada "O Everest dos
Mares", sejam alguns dos melhores velejadores do mundo, você aprende como agir em todas as situações
que um velejador solitário pode enfrentar na mar.
............ ......... .......
Pois bem pretendo partilhar com vocês de
hoje em diante e até que o último velejador regresse ao porto de Sables
d’Olonne, as mais importantes lições que recebi na fabulosa
ESCOLA DE VELA PARA SOLITÁRIOS DA VENDÉE
GLOBE, que só não é perfeita porque é teórica. Mas alguém disse que nada é mais
prático que uma boa teoria. Assertiva da qual discordo. Pra mim a melhor das
teorias não substitui a pior prática e toda escola deveria ser exclusivamente
prática. O principal problema das escolas teóricas é que a gente esquece tudo
que aprendeu nelas, pois que só a escola prática é eficaz. Seja como for essa
escola multimídia da Vendée Globe é ótima e se não é eficaz pelo menos é
divertida e quando a gente se diverte sempre acaba aprendendo alguma coisa. Mas
deixemos essa discussão de lado e passemos às
lições e notas de aula.
MICHEL
DESJOYEAUX - Lição n° 2 – Todas as peças de um barco à vela deveriam ter no
mínimo duas funções.
Todas é exagero mas creio que o
marinheiro de barco à vela, deveria providenciar peças, utensílios e
ferramentas multifuncionais ou adaptar as já existentes para se tornarem
conversíveis. As vantagens são óbvias: economia de espaço, de peso, de dinheiro
e de tempo.
Lição do professor Desjoyeaux, que eu não
ignorava. Só não me lembro quando, como, nem com quem havia aprendido este
importante princípio. Só sei que a bordo da minha humilde “Estrela d’Alva” a
bolina em madeira, por exemplo, é a campeã no quesito adaptabilidade e possuiu
seis funções além da principal, de bolina: mesa de refeição, tábua pra cortar
peixe, tabuleiro pra transporte de materiais dentro ou fora d’água, maca para
rápidas sonecas, prancha pra ginástica, “esteira” pra deitar em cima e raspar o
fundo da canoa. Querem mais um exemplo. Dou-lhes outro exemplo. O croque
flutuante em PVC ( vedado em ambas as extremidades pra não cair n’água e
afundar ), que serve como vara de pescar, enrolador da barraca e cumeeira da
própria barraca quando armada.
YANN ELIÈS - Lição nº 1- Quando você sofrer um
revés na mar, jamais se lamente da sorte.
Porque? Simplesmente porque poderia ter
sido bem pior. ( comentada anteriormente na mensagem “56° dia -Vendée Globe -
perdeu o veleiro, a vida e o corpo” )
Bons ventos e até amanhã se Netuna quiser
Minha
querida “Estrela d’Alva” continua amarrada ao cais do terminal de
transatlânticos e eu fortemente gripado. Ela seca por uma boa velejada e eu
idem. Mas a gripe amigos, é uma doença terrível. Ontem meu cérebro era incapaz
de uma simples sinapse. E porque eu contraí essa maldita gripe? Porque passei tempo
demais em terra.
Fernando “Estrela d’Alva” Costa
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