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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ney Shindo, o filósofo da reciclagem

Amigo leitor, se você deixar um monte de sucata dando sopa na porta da sua casa, Ney Shindo passa e o transforma imediatamente em barco à vela. Ligado?
- Precisamos aprender com a mãe natureza, que transforma, por exemplo, os despojos de um ser humano falecido em dois coelhos + um cão + uma gaivota + uma goiabeira. Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, professou o grande Antoine Laurent Lavoisier.
- Mas Ney Shindo, que já pescou e não pesca mais, por amor dos animais, me disse isto aqui ó:
“- Fernando, se os peixes gritassem de dor, quando fisgados, ninguém teria coragem de pescar.”
- Tem razão mestre Lavoisier e tem razão mestre Shindo, enquanto que tudo é conversível e se metamorfoseia o tempo todo no fantástico paraíso natural, que foi o planeta Terra, os meta-orangotangos-vagabundos, que somos todos nós, acumulam refugos nos seus infernos-artificiais-chamados-cidade.
Ney Shindo mostrou-nos várias fotos do seu processo re-criativo ou re-creativo se preferirem, através do qual já produziu o “Moana”, o “Tahitiana” e vem reinventando um antigo Lightining, que recebeu de presente, utilizando-se de ferramentas básica, numa oficina caseira.
- Falando baixo, expressando-se com clareza e sempre de bom humor, Ney Shindo, que é descendente de italianos e japoneses, mais de japoneses, que de italianos, suponho, nos ensinou os princípios básicos da sua filosofia: cooperação e simplicidade. Justamente o contrário do que prega a sociedade de consumo através da publicidade, dos filmes hollywoodianos e da maldita novela televisiva, transbordantes de personagens presunçosos e egoístas.
E é com base na simplicidade e na cooperação que Ney Shindo pretende fundar uma ONG, dedicada ao ensino da construção de veleiros, com material reciclado, lógico, para crianças de 14 a 17 anos.
Se eu tivesse recursos suficientes, amigos, financiaria uma viagem do Ney Shindo, ao longo da continental costa brasileira e a bordo do seu veleiro preferido, um “Seeadler 57”, desenhado por René Durand.
Durante essa longa e agradável viagem, Ney Shindo ancoraria ao largo de todas as cidades litorâneas brasileiras e faria o mesmo discurso, com o qual nos encantou no sábado passado. Aposto que isso mudaria o destino da vela no Brasil para muito melhor.
Enquanto a maioria absoluta dos velejadores brasileiros só pensa em regata, competição, torneio e copas, Ney Shindo prega o ato de velejar gratuito, independente e contemplativo.
Enquanto que a maioria dos velejadores brasileiros só pensa em comprar, comprar, comprar casco, mastro, retranca, velas, ferragens, tudo novo, bem caro e de preferência importado, Ney Shindo ensina a reciclar, reaproveitar, reinventar, reconstruir com as próprias mãos.
Enquanto que as ONGs brasileiras, voltadas para o ensino, só se interessam por crianças que freqüentem a escola, Ney Shindo pretende acolher meninos e meninas de rua, porque suponho, acredita como eu, que o barco à vela é a escola ideal.
Até agora só fiz elogios ao meu novo amigo Ney Shindo. Chegou a hora de fazer-lhe uma crítica. Uma não, três críticas! Porque? Porque todo elogio, por mais bem intencionado que seja, é uma casca da banana e toda crítica um degrau de escada. Só espero que ele aceite estas três pequenas críticas a título de contribuição:
Crítica n° 1 – Apesar de tecnólogo de gestão ambiental, Ney Shindo fuma.
Crítica n° 2 – Por falta de atenção, Ney Shindo, não viu numa revista “Chasse Marée” que lhe mostrei, os planos do famoso “Vaurien”, irmão francês da “Estrela d’Alva”, sobre o qual conversamos. Não sei se vocês sabem mas o “Vaurien” é o fundamento do atual sucesso da França, no fantástico mundo da vela oceânica. A propósito, alguém aí possui ou conhece alguém que possui um exemplar do "Vaurien"?
Crítica n° 3 – Ney Shindo tinha engavetado um precioso projeto de sua autoria, que eu batizei de “Moana ao alcance de todos”, cujo principal objetivo é “Apresentar a MAR a uma população que só o conhece de vista.” Projeto urgente e importante! Válido do Oiapoque ao Chuí. Pensando bem, mais que urgente, super urgente e mais que importante, super importante.
Prazer em conhecê-lo amigo Ney Shindo e muito obrigado pela visita e pelos preciosos ensinamentos.

Extrato da newsletter nº 19 de 2 de novembro de 2008 - projeto "Estrela d'Alva"

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